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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem

Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(940...pausa... 961)

Motivo para escrever:

Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.

Rosa Silva ("Azoriana")

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Com os melhores agradecimentos pelas:

1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"



2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"



3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"


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Sincera homenagem a Luís Mendes Brum, de Biscoitos - Terceira - Açores

18.03.11 | Rosa Silva ("Azoriana")
Serreta em dia de tourada - séc XX

Foto: José da Silva Maya

Arquivo: Luís Mendes Brum

 

É uma oferta valiosa esta que Luís Brum me enviou (entre outras). Fico-lhe, mesmo muito obrigada e dedico-lhe as seguintes palavras:

 

O Luís merece ser devidamente homenageado, em vida, porque após aquela viagem única não tem a mesma valia. Recentemente (desde 2004) é que sinto um apelo a gostar do que merece ser olhado com os olhos da maturidade. É grandioso o seu trabalho em preservar o que é muito bom.

 

Agora, posso afirmar com provas, que há uma idade leve, uma madura e uma manifestamente cultural. Há que apreciar cada bocadinho que nos é dado e idolatrar o que nos é legado das gerações que nos fizeram ser e ter respeito ao que fica para memória futura.

 

São esses tesouros que marcam uma vida e ficam muito além dela. Bravo, caro amigo, que só após as caminhadas blogueiras, tive oportunidade de conhecer e apreciar com verdadeiro sentimento de ilhoa. Tudo o que se preserva é a nossa identidade de ilhéus que cantam e saboreiam o paladar do fruto da videira e dedicam uma vida inteira ao coração da Terra.

 

Luís Mendes Brum é, segura e afirmativamente, um NOME a manter, a elogiar e a homenagear com tudo o que de melhor tem: a alma terceirense e, designadamente, a biscoitense. É também um amigo da Serreta, minha terra natal.

 

Biscoitos, do concelho da Praia da Vitória, é um centro de visita obrigatória, onde o Museu do Vinho é a paragem certa, amistosa e cordial.

 

Um cumprimento pleno de reconhecimento e um Bem-Haja pela sua infinita dedicação aos tesouros que dignificam a ilha e a nossa Região!

 

"Bagos d'Uva" é o seu distinto blog que já me habituei a visitar e "degustar".

 

Rosa Maria Correia da Silva

Artigo de Liduino Borba sobre o Livro de Mário Pereira da Costa

18.03.11 | Rosa Silva ("Azoriana")

Leitura tardia de um livro

 

AURORA E SOL NASCENTE – Turlu e Charrua, Confidências”, de Mário Pereira da Costa.

 

Liduino Borba

 

Em Abril de 2008, quando foi lançado o livro “João Ângelo – O Mestre das Cantorias”, fiz algumas referências ao livro do meu amigo Mário Pereira da Costa, “Aurora e Sol Nascente – Turlu e Charrua, Confidências”, que viria a ser lançado no Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra, a 13 de Junho, numa digna e sentida cerimónia.

 

Tinha tido o privilégio de ver o “livro em bruto” aquando das correções e provas, efectuadas na ilha Terceira. Mas não o li.

 

Há alguns anos que tenho pensado iniciar uma coleção de livros – Improvisadores – e faria todo o sentido que o primeiro fosse com a “biografia” do Mestre Charrua. Daqui a razão de ter adiado a leitura, para o não fazer por duas vezes. O que perdi…

 

Já agora, o livro está adiantado, trata na sua maioria o centenário do nascimento e tem o título “CHARRUA 1910 – 2010”. O número 2 da coleção, intitulado “Adelino Toledo – Uma Voz na Diáspora”, será lançado em Junho nas Fontinhas e em Agosto em Turlock, Califórnia.

 

Gostaria de dar os meus sinceros parabéns ao Mário Costa pela excelente obra que escreveu, numa linguagem muito clara e precisa, descrevendo os acontecimentos de tal forma que nos sentimos dentro deles.

 

Gostava ainda de salientar três pontos deste livro:

 

1 – O amor e paixão entre Turlu e Charrua.

Não é nada fácil viver, cerca de 50 anos, com uma paixão tão ardente e reprimida por tantos anos. Só os grandes intelectos sabem suportar essa dor. Este amor correspondido só teve o selo legal a 8 de Dezembro de 1973, na minha paroquial de São Mateus da Calheta. Os dois souberam respeitar os compromissos perante os seus pares e a sociedade que os rodeava. A Turlu certo dia disse “No amor da alma não há traição”.

 

2 – A primeira viagem de Turlu à América.

Entre os nossos emigrantes, que tanto bem nos sabem receber, a Turlu foi cair nas mãos de quatro “empresários” vigaristas que envergonharam toda a nossa comunidade de então. Lamentáveis cenas do “Far West” envolveram os primeiros tempos da presença dela na diáspora. Felizmente, alguém de bom censo ajudou a Turlu a seguir o caminho que tinha direito, e a grande improvisadora e poetisa percorreu e saiu da América como uma rainha.

 

3 – Grandes poetas populares.

Toda a recolha e publicação de versos de Turlu e Charrua só vêm confirmar tudo quando se disse, e escreveu, sobre eles. Foram os dois maiores improvisadores dos Açores. Mário Costa publica muitos e bons versos, mas os da página 101 e 102, cantados em 1931, em São João de Deus, sobre a defesa e distinção dos sexos, são dignos de registo:

 

Charrua

O Rei é mais do que a Rainha;

O pálio mais do que a umbela,

O sino mais que a campainha;

O círio mais do que a vela.

 

Turlu

A hóstia é mais do que o sacrário;

A pomba mais que o estorninho;

A cruz mais que o calvário;

A água mais que o vinho.

 

Charrua

O perdão mais do que maldade;

O dia mais do que a hora;

O amor mais que a amizade;

Deus mais que Nossa Senhora.

 

Turlu

A seda é mais do que o linho.

A sorte mais que o dinheiro.

A praça mais que o caminho,

A casa mais que o palheiro.

 

Charrua

O cheque é mais do que a nota;

O garfo mais que a colher;

O sapato mais que a bota;

O homem mais que a mulher.

 

Turlu

A lã é mais que o algodão;

A mala mais que o baú

A alma mais que o coração

E eu mais do que tu.

 

Só os grandes mestres do improviso cantam assim. Feliz ilha que tem filhos destes. Felizes freguesias – São Mateus e Cinco Ribeiras – que viram nascer gente assim.

 

Só faltam duas coisas para completar este ciclo: trazer os restos mortais da Turlu de Toronto, Canadá, para São Mateus; e, a Junta de Freguesia das Cinco Ribeiras identificar, assinalar e dignificar a sepultura onde foi enterrado o Charrua.

 

Casa da Terra Alta, 17 de Março de 2011.