Açoriana
Não fui escolhida
Apenas fui colhida
Das entranhas da terra
Para ser serra de mim
No púlpito do juízo
Enxovalhado do rigor
Um juízo de amor
Por ti
Palavra que me solta
Das amarras da solidão
Numa caixa de cartão
Verde, muito verde,
Porque de verde ninguém perde
Nem o campo
Nem a cidade
Nem a bondade.
Vejo-me entre valados de ti
Na pálpebra da manhã
Onde o orvalho respira
Sofregamente
Indolente
Não fui escolhida na certa
Mas a palavra me desperta
A tua carícia de versos
Entre um sorriso escarlate
No mar da pele
Na mira do teu olhar
Acetinado!!!
Rosa Silva ("Azoriana")