Emigrante amigo (para a Rádio Portugal USA)
Regressam aos lares antigos
Tantos que outrora os deixaram
Pra rever família e amigos
E alguns não encontraram.
Regressam à luz da lembrança
E ao abraço saudoso
Que nos tempos de criança
Não via olhar lacrimoso.
As aldeias (e a cidade),
Comum dizer-se freguesias,
Vão mingando na saudade
Na passagem por estes dias.
E nas malas da abundância
Vem um cheiro estrangeiro
Que se dá mais importância
E perdura o dia inteiro.
Pena que na atualidade
O peso tenha descido
Já não se cheira à vontade
Porque o cheiro é reduzido.
Enfim é o que nós temos
Nesta vida de andanças
'Inda bem que nós os vemos
De volta às ilhas mansas.
As lindas festas de verão
Enfeitadas de mil cores
Fazem bem aos que cá estão
E aos que voltam aos Açores.
Foto de José Henrique Sousa - S. Bento
Há um brilho estonteante
Uma brisa acetinada
Que abraça o emigrante
No largo da festa amada.
Veem a linda bandeira
Ao centro do seu Império
E por toda a ilha Terceira
Há o sagrado mistério.
Foto de José Henrique Sousa - S. Bento
Em ramos levam as flores
Do jardim que é seu lar
Pra louvarem seus amores
No centro de cada altar.
Foto de José Henrique Sousa - S. Bento
Emigrante, nosso amigo,
Nosso pai, mãe ou irmão,
Deus esteja sempre contigo
No "adeus" à Região.
Que leves a bela aurora
E a doce esperança
Mais o que disse a Senhora
À saudade que já avança.
Rosa Silva ("Azoriana")