Lágrimas do Céu
29 de agosto de 2012. Acorda-se com a maquiavelice de um gato novinho que pula e mordisca pernas e braços que estejam expostos às suas “carícias” madrugadoras. Depois abre-se a cortina para um céu de lágrimas frias que, quando nos toca os braços, parecem mais cortantes que os dentes finos do gato novinho. Aconchega-se a roupa à pele e entra-se no modo condutor. Ponho-me, então, a pensar durante os parcos minutos que intervalam uma moradia permanente e um local de produção numérica: Hoje até o céu devolve as lágrimas tristes (de quem está triste) para se construir, na terra, as Lágrimas do Céu…
Lágrimas do Céu
Anda um pobre encharcado
Daquilo que já nem tem;
Anda o sonho derrubado
Pela falta do vintém.
Anda o clero e a nobreza,
Anda o povo lado-a-lado,
Todos abraçam a tristeza
De um céu acinzentado.
Há o adeus do Povo ilhéu
A um Bispo que foi emérito
De um sorriso circunscrito.
E as «Lágrimas do Céu»
Fustigam odes de preito
Com sinos tocando a eito.
Rosa Silva (“Azoriana”)