Ondas de outono
Com a chegada da cor dourada do ambiente que nos rodeia, e no meu caso diga-se que é mutante e oscilante conforme os caprichos do clima ilhéu, irá concerteza apetecer prosa ou rima. Confesso que a rima, após a vinda da Serreta, ficou como que colada às origens. Talvez a minha falecida mãe ficou satisfeita pela minha prestação na Festa da Mãe padroeira. Se der para a prosa vigorar pois que assim seja e me faça debruçar nas delícias literárias perante os olhares de um punhado de seres que comungam do mesmo gosto que eu: a escrita de retalhos quotidianos.
Enquanto o amigo José Fonseca de Sousa estiver presente nas minhas divagações escritas com os acordes de um teclado que já conhece a ternura dos meus dedos, eu estarei também presente para ofertar a inspiração que me surgir.
Eis uma bonita mensagem da autoria deste amigo dos Açores:
Cara amiga Rosa Silva,
Já quando li o seu livro “ Serreta na intimidade” e depois do relato feito acerca das Festas de Nossa Senhora dos Milagres / 2012, e agora com o texto “Silêncio Audível” fiquei com a certeza absoluta (se é que ainda tivesse dúvidas), que ainda não lhe tinha manifestado, do facto de a cara amiga através dos seus poemas conseguir de uma forma brilhante e descritiva, enviar as suas mensagens, mas também e nada menos brilhante o consegue na sua prosa, que também contém alguma poesia.
Nos textos de há umas semanas atrás em que revelava algum desconforto e desilusão perante as dificuldades surgidas, via-se, também aí, que consegue “agarrar” as pessoas às suas preocupações de uma forma muito interiorizante que nos contagia e nos alerta para uma análise mais profunda dos factos.
Entendo e compreendo perfeitamente o seu alerta e a sua preocupação acerca do futuro dos nossos filhos, mas se é verdade que eles terão grande dificuldade em suportar as restrições que lhes irão ser impostas, pela deficiente e incompetente governação dos últimos anos, também não é menos verdade que lhes teremos de transmitir ânimo e solariedade para que eles em conjunto com a geração mais antiga, procurem “dar a volta por cima”, sendo necessário para isso muita coragem, determinação, sentido de responsabilidade na exigência que terão forçosamente que fazer a quem lhes está a hipotecar o futuro.
O meu lema sempre foi e será: lutar, lutar, lutar até vencer, no sentido mais puro das palavras, ou seja: esforçar-se, esforçar-se, esforçar-se até atingir os objectivos traçados.
Um grande abraço
José Fonseca de Sousa
Lisboa
24-09-2012
Hoje, 25 de setembro, o meu primogénito está de aniversário. Completa-se mais um ano da existência dele que está em crescendo.
Ai tanto que já vivi
Nos retalhos desta vida
Ai tanto que já senti
E sinto quando querida.
A vida é um alçapão
Com a frincha pouco aberta
Por vezes cabe uma mão
Outras também a aperta.
No aperto da doçura
É que eu quero viver
Ondulada de ternura
Por quem me está a ler.
Para ler rima ou prosa
Bordada de sentimento
Pode procurar-se a Rosa
Que ama a 100 por cento.
Rosa Silva (“Azoriana”)