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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1006)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"

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Equilibrar fará ganhar

22.10.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Já lá vão os tempos em que o dia da “mesada” era um dia de festa, por assim dizer. Esta “mesada” a que me refiro é o salário mensal. Todos deviam tê-lo mesmo aqueles que andam de roda do tacho, da máquina de lavar roupa doméstica ou da pia com lavatório plástico ou cimentado (de pedra, nos tempos atuais é um artigo de ornamentação de jardins ou arredores de mansões).

O objetivo do primeiro parágrafo é o segundo, que já vem a transbordar da mente: A festa que se fazia com o salário de outras eras em que a receita dava e sobejava para a despesa tinha mais ou menos a ver com o equilíbrio das somas: da receita que recebes pagas aquilo que deves. Infelizmente, hoje não é bem assim. A receita já começa a dar dores de cabeça mal entra na soma da despesa. Antes mesmo da mudança do mês tal, para o mês coisa e tal, já se apertam os cintos até ao último furo (ou até ao ponto de se ter de fazer furo novo). Mas isto tudo porquê? Porque a dita evolução que se foi adquirindo, visionada muitas das vezes por amostra do exterior, foi tomando conta do dia-a-dia. Casa que não tenha casa de banho apetrechada com tudo do bom e do melhor, que não tenha esquentador inteligente, máquina de lavar, secar e até passar, que não tenha som, música e cor num ecrã com formato avultado, que não tenha frigorífico, fogão com bocas e forno suficientes para dar conta dos ingredientes faustosos, que não tenha arca congeladora com produtos à escolha, que não tenha micro-ondas, para-raios, locomotiva (lembrei-me da “Pedra Filosofal” e da metáfora do sonho), enfim, que não tenha luxos e asseio q.b. não faz parte da dita evolução que nos transformou ao ponto de não querermos voltar aos dias de fazer tudo à mão. Há máquinas para tudo e mais alguma coisa. É uma questão de termos no bolso o que é preciso para as mandar levar a casa.

E já me alonguei muito no parágrafo anterior que ainda peca por incompleto. Há tanta, mas tanta coisa a que nos habituámos (e nem tenho metade do que vejo por esse mundo açórico e não só) que deixar de ter é outra dor de cabeça sujeita à toma de analgésicos e antipiréticos e outras pílulas que nos façam a vida parecer bela.

Não se deve reclamar quando a saúde estiver de bem com a vida. Isso é que é importante porque o resto é uma questão de habituação. Quando não há, não há e está decidido.

É pena que os nossos governantes não experimentem o seguinte: aumentar a “mesada” mensal e não apenas cortar, tirar e aplicar impostos a tudo e mais alguma coisa. Lembrem-se que o EQUILÍBRIO é o segredo do bem-estar. Se a balança pender só para um lado não se lhe pode chamar fiel.

Se aumentassem os salários a jeito de cobrir a despesa (que muitas vezes nos é impingida pelo invólucro da publicidade enganosa), à laia de experiência a ver se há tafulho, então acredito que o buraco não seria tão custoso de tapar.

Com tanto parágrafo já perdi os olhares de quem devia pensar no nosso grave problema.

 

Se quiser bom conselheiro
Para um problema comum
Aumente o nosso dinheiro
E vai ver que sobra algum.

A ver pela atualidade
Muita gente a reclamar
É prova que a sociedade
Está toda a afundar.

O buraco é tão fundo
Que nada o vai tapar
Pode até correr mundo
Mas ele vai acompanhar.

Haja equilíbrio na receita
E na despesa correntes,
Fica a gente satisfeita
Com o melhor dos presentes.

Seja em prosa ou em rima
Peço que haja prudência;
E tudo o que está acima
Foi escrito sem violência.

A violência nos lesa
Quando a fome vem à tona
E também muito nos pesa
Quando alguém nos abandona.

Rosa Silva (“Azoriana”)