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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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"Rabo Torto" - Terceira

26.04.04 | Rosa Silva ("Azoriana")

No documento do Dr. Luiz Fagundes Duarte, "De carne e pedra", in Biblioteca Nacional, Vitorino Nemésio (1901-1978) lê-se:
"... o cão rabo-torto, trazendo na boca uma cestinha com as compras da venda ou com o jantar do dono;"
Pronto, encontrei a explicação para a alcunha porque são conhecidos os terceirenses: "Os rabos-tortos", devido àquele cão, que, segundo me disseram, já extinguiu. Encontrei uma foto do dito animal canino que, na verdade, tem o rabinho torto.

Rabo Torto

Peço-vos, encarecidamente, que leiam todo o texto do documento do Deputado da Serreta, porque está magnífico e não resisto a intercalar mais um excerto do mesmo:
"... as vacas transitando na estrada ou remoendo a erva nas pastagens do interior da Terceira, e as águas do mar rebentando, ariscas, nas costas da ilha; o pequeno, dócil e valente garrano da Terceira, captado ora na cerca do gado, ora a puxar carroças como a do ti' Alvarino da Serreta; os tanoeiros, os pastores de gado bravo, os carroceiros, os vendedores de peixe, os oleiros, os pescadores ou os ferreiros; as brianças das funções do Espírito Santo com o bezerro enfeitado, seguido pelos músicos e cantadores do Pezinho e pelo povo em folia;"
e, ainda:
"Deixo-me levar por aquelas fotografias que, num estranho efeito de sinestesia, me trazem as vozes dos homens incitando as vacas vermelhas e malhadas, que em novas eram de leite e de trabalho e que depois de velhas passavam a ser de carne - "Ah Formosa! Eh Galanta! Ah Piquïarda!"; os gritos das mulheres advertindo a canalha que brinca na estrada - "Ah corsüairo! Eh 'pariga! Anda chega-te p'ra ca!, olh'ò àtemóvle!... Hom'essa, tu nã m'oives?"; o cantar dos tentilhões, pintassilgos e canarinhos, que entretanto desapareceram estripados pelos pardais introduzidos na ilha com os aviões;..."
Estes excertos são só um "cheirinho" do que muito bem escreveu, num contexto:
"Vitorino Nemésio - poeta de Festa Redonda, livro de décimas e cantigas de terreiro por ele oferecidas ao povo da ilha Terceira, de onde era natural - foi um deles, mercê que a si chamou por mor de três viagens que fez às ilhas atlânticas (Açores, 1946; Canárias, 1954; e de novo Açores, 1955) e da fortuna que delas houve (e sobretudo houvemos nós) por meio de um livro que por memória destas viagens escreveu e a que ele próprio chamou Corsário das Ilhas.
São dezenas de fotografias a preto e branco, todas no mesmo formato e brotadas do mesmo olhar, que retratam a ilha Terceira dos anos cinquenta do século XX. Foram feitas por Rudolfo Brun, sob as vistas de Vitorino Nemésio, e fazem parte do escaninho de memórias de vivências e de trabalhos que é o seu espólio. Não são fotografias de acaso, nem de recordação, nem sequer de pitoresco. São uma reportagem sobre a carne e a pedra da ilha e da gente que nela vive com os ossos mergulhados no mar, recolhida por Nemésio por ocasião da sua viagem de 1955 à ilha Terceira de Jesus Cristo".
Azoriana