Nem sombra do que era
Antes de postar este artigo, deparei com o "Procura-se um Amigo", publicado no Ailaife Blog, que faz parte dos meus favoritos (e é de um amigo "blogueiro").
Vale a pena ler porque transmite uma mensagem muito válida e importante.
Cativei meu olhar e pensamento nesta frase, em que um Amigo: "Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer".
A propósito de "crianças" meu cérebro entristeceu
porque o ser criança, hoje, empalideceu.
Neste mundo onde imperam regras,
horas marcadas, tabeladas,
automatização,
confusão,
pandemónio de solicitações
e tantos outros trambolhões,
que matam, aos poucos, estes "pequenos" corações...
A brincadeira da criança, hoje, é:
- ... a natação,
- ... a equitação,
- ... o ténis,
- ... a playstation,
- ... a consola,
- ... o xbox,
- ... os "games" de computadores,
- ... os "downloads" na internet,
- ... os DVD's,
- ... a aparelhagem, a televisão,
- ... mais outros tantos "enlouquecidos" sons,
- ... o conservatório,
- ... o instituto de línguas,
- ... os exames e testes motores.
- ... bem animada com telha raspada para ser a "canela da refeição" da pequenada;
- ... a boneca de trapos feita com pedaços de alguns "panos americanos" vindos na saca repleta da encomenda perfumada,
- ... o soco ("sabugo" ou a parte da soca de milho, debulhada) que representava os bois aparelhados ou então em manada, por entre mãos da rapaziada na terra que lhes dava vida folgada,
- ... a lata de sardinha, vazia, representando os carros de bois (ou os "taxis") que transportavam os "pedregulhos" das emoções,
- ... os bordados e outros lavores aprendidos das mãos de senhoras habilidosas, que cantarolando belas cantigas animavam os serões,
- ... a busca das latas da coca-cola deixadas na "Mata da Serreta" para na reciclagem caseira serem as canecas da água pura, vinda da fartura das nascentes da mãe natureza;
- ... os jogos de arco, do pião, das saquinhas, das pedrinhas, dos berlindes,
- ... a barulheira dos carros de ladeira,
- ... um herói da brincadeira de "cowboy",
- ... as "touradas à corda", com uma "mão cheia de nada", e uma bela "cornada" nas costas, naquela íngreme canada.
Não me lembro de tantas depressões,
tantas insatisfações,
nem o pandemónio de solicitações...
Haviam outras razões
e mais alegria nos pequenos de grandes corações.
Não concordas?
Azoriana