Gosto d'amar
"Gosto do fio que trazes no teu pescoço!"
faz-me lembrar, aquela tarde do sol posto
no dia que estavas à beira-mar,
e, do teu rosto,
sempre bem disposto.
Uma caneca de chá,
pode muito bem ser o convite,
nas escadas, onde rola um céu brilhante,
uma magia, a vontade contagiante,
de no ombro por um instante,
repousar o canto da poesia
com cheirinho à maresia...
Mais um gole do chá
e no ombro permanecer
até ao escurecer...
Momentos de paz na brisa tranquila,
sorrisos trocados, em rostos de luz,
um toque da sensualidade,
palavras soltas, parecem loucas,
sentimentos de bem querer,
ficam até ao amanhecer.
Aquele cheirinho a mar
chega quase sem avisar
não fosse tão breve este sonhar:
De ti...
no meu ombro...
pousava o luar,
desse teu olhar,
que gosto d'amar.
Rosa Silva ("Azoriana")