"No embalo das marés"
Sigo o caminho dum traçado de parágrafos que me dão imenso prazer de afagar. Fico com lágrimas nos olhos quando leio: "Mas não tem mar. Esse mar que nos afaga e agita, que nos ata e nos liberta, que nos acolhe em sorrisos e nos devolve em lágrimas."
Eu também sentiria falta do azul cristalino que dá a tonalidade às nossas águas que circundam este punhado de terra vestida de verde esperança e de sonhos, mil sonhos, uns que se realizam e outros que se perdem por outros mares!
Até há bem pouco tempo, eu confiava em tudo e todos; acho-me agora perdida numa desconfiança atroz, que me rasga a capacidade de me soltar nos escritos que tantas horas dedico, depois que me sinto amarrada a uma ideia permanente... eu sou tão diferente, sou apenas uma ilha!
Hoje, eu escrevo ouvindo Carlos Paredes, vindo de "Doces Aromas"... Minha alma chorou, encantada...
Há ainda quem espelhe nas suas letras, escritas num Domingo, a cura para muitos males, a cura para um pensar por vezes triste... é bom saber que existes, que me leste e gostaste do meu jeito, algo simplista, algo ingénuo, algo falhado de métricas, algo doce, algo amargo...
Vou parar porque se calhar já ninguém me lê mais... num Domingo de tarde, coroado de um sol que beija a Ilha, que se diz de Nosso Senhor Jesus Cristo: o Domingo da Trindade!
Abro a janela de par em par e penso no resto da ilha e nos meus tempos de estudante... tão longe que já estão, tão distantes... recordar é o que nos resta: a ti e a mim
- para ti que me lês -
Azoriana