Notícia (4) - Improvisadores da Ilha Terceira
Os improvisadores da Terceira
Pela Rua da Sé desfilaram
A sua actuação foi certeira
Em frente ao Lusitânia pararam.
Eram oito os cantadores
Cantaram ao antigo Convento
Todos deram seus louvores
À frente de cada monumento.
Eu não consegui rascunhar
A cantoria por inteiro
Apenas aqui vou destacar
As que o ouvido foi certeiro:
Era um convento exemplar
Onde se usava a verdade
Nele deixaram de orar
Foi para comércio da cidade.
Mas o Convento já acabou
Ele ainda era maior
O banco já encerrou
E a TAP esteve melhor.
Neste Convento havia Fé
P'ra quem queria receber
Hoje transformou-se nisso que é
Sem sabermos o que vai ser.
Antigamente se rezou
Quem tivesse devoção
O banco já encerrou
A TAP atrasa o avião.
Seguiu-se a marcha lenta
Rumo à Sé Catedral
Toda a gente fica atenta
Para a quadra triunfal:
És a Mãe de todas as Igrejas
Com riqueza e com valores
E nós lutamos p'ra que sejas
A mais bela dos Açores.
Nesta Igreja se reunem
Os cristãos e irmãos seus
E depois suas mãos unem
Pedindo perdão a Deus.
Olhamos e vemos um Templo
Com duas torres e uma cruz
E lá dentro há o exemplo
E a doutrina de Jesus.
Em setenta e quatro a revolução
Deu ao País a liberdade
Vemos a Fé e a devoção
Reduzida para metade.
João Paulo deixou de ser
Quem pregava docemente
Mas hoje continua a viver
No coração da nossa gente.
Temos a Igreja que tapa
As casas que estão atrás
À frente o busto do Papa
Que foi o Apóstolo da Paz.
Já não anda e já não corre
Já não está à nossa frente
Mas um homem assim nunca morre
Na alma da nossa gente.
Foi o Papa da juventude
E conseguiu mais fiéis
E que Deus dê vida e saúde
Agora ao Bento XVI.
O cortejo prosseguiu
P'ra rua de São João
O Pezinho sempre se ouviu
Esta é nossa tradição.
Os bezerros enfeitados
Deram folia ao caminhar
Os seis bem aparelhados
Os pastores sabem alinhar:
Do Angrense vou falar
Que foi ele casa primeira
Que foi campeão insular
Que deu nome à Terceira.
Eu te canto com ansiedade
Porque tu mostras um bom porte
Já foste orgulho da cidade
Hoje tu procuras a sorte.
Meu coração aqui não sangra
Esta cor não me pertence
Mas como sou natural d'Angra
Sou obrigado a ser Angrense.
Eu não quero ser impertinente
Mas peço a estas almas
Que p'ro senhor presidente
Lhe dêem uma salva de palmas.
Aqui passa-se um bom serão
Mas quem estiver já cansado
E quiser outra diversão
É bater à porta do lado.
Ó João te cumprimento
Por te ter muita amizade
Mas por essa porta dentro
Já não é para a minha idade.
Uma parada se deu
Para molhar a palavra
O Angrense ofereceu
Ânimo p'ra outra quadra.
António Mota o primeiro
José Pereira ao lado ía
Agostinho Simões o terceiro
Helder Pereira logo seguia.
José Eliseu jovem cantor
Marcelo Dias outro elemento
João Leonel é mais um cantor
João Angelo finda o segmento.
Ao cabo de cima da rua
Está a imagem de São João
Cada qual improvisa a sua
Conforme o que dita a razão:
São João teve carinho
Teve poder que se encerra
Foi quem preparou o caminho
P'ro Rei dos Céus e da terra.
São João alivia a cruz
De quem te canta docemente
Se Tu baptizaste Jesus
Abençoa esta gente.
Esta esquina é diferente
De todas as outras esquinas
Porque aqui esteve a semente
Das festas Sanjoaninas.
Que São João neste dia
No seu palanque se segure
Também no seu tempo não havia
Nem pedicure nem manicure.
Mas o que aqui mais se expande
Nem só tua Graça Divina
Na tua alma foste Homem grande
Numa imagem tão pequenina.
São João foi p'ro deserto
Para a alma defender
Pois se ele andasse mais perto
Tinha tanto que fazer.
Praça Velha espera a final
Do cortejo triunfante
Aclama-se este pessoal
Para nós tão dignificante.
Fizeram uma saudação
À Comissão das nossas festas
Tiveram um grande trabalhão
As provas são manifestas:
O Paulo trabalhou bem
E vai ser, diz este povo
Homenageado de quem
Mora no Caminho Novo.
Paulo, eu sei que és capaz
De levar isto até ao fim
Mas há uma semana atrás
Tu não sorrias assim.
À porta da Câmara Municipal
Culminou a cantoria
Os elogios o mote principal
Que cada qual proferia.
O senhor Presidente
A todos cumprimentou
O sorriso era evidente
Sinal de que lhe agradou.
Estas festas são assim
Cheias de encanto e beleza
Agora tem de ser o fim
Gostei muito concerteza.
Tal pena eu não participar
Nesta feliz desgarrada
Será que sabia improvisar
Ao pé desta gente afamada!?
Resta-me agora despedir
A vós deixo uma saudação
Desculpas eu quero pedir
Pelas falhas da publicação.
Aqui deixo um memorial
Do improviso na Terceira
Um louvor muito especial
Nesta quadra derradeira.
Rosa Silva ("Azoriana")