História do Pinguinhas! (conto infantil)

Era uma vez um gatinho
que andava pelo caminho,
era bonito e corajoso
mas também muito guloso.
II
Um dia resolveu virar latas
em todas batia com as patas
não tardou todo enferrujado
e não encontrava um gelado.
III
As unhas ficaram a descoberto
o raio do bicho era bem esperto;
ele até nem era mau lutador
mas de repente sentiu uma dor.
IV
Saiu de dentro da lata a correr
um ratinho, furioso, queria-o comer.
Ele então saiu tanto arrepiado
e ficou o tal sarilho armado.
V
O dono quando o viu a sair
desatou então a bom rir
porque a cabeça "desconhecida"
parecia uma arma destemida.
VI
As orelhas estavam nem flechas
o nariz e mais as bochechas
nem de gato havia semelhança
era o horror para uma criança.
VII
Então este nosso gatinho
fugiu como cão no caminho
aterrou numa poça de lama
parecia que tinha um pijama.
VIII
Sabem o que aconteceu depois?!
O gatinho ficou em maus lençóis
nunca mais quis saber do dono
e ficou na valeta cheio de sono.
IX
Passou então uma menina loira
que trazia uma pá e uma vassoira
mas não fez mal ao bichinho
levou-o e tratou-o com carinho.
X
Arranjou-lhe um lindo casaquinho
um laço e também um colarinho,
foi com ele para o quintal
e este não lhe fez nenhum mal.
XI
Eis que o dono aparece, disfarçado,
e leva o gato preso p'lo rabo.
Este que já gostava da pequena
tratou de resolver esta cena.
XII
Levantou outra vez as orelhas
o pêlo quase a chegar às telhas
deu um berro tão dilatado
que o dono ficou assustado.
XIII
O gatinho dizia lá consigo:
Anda dono, tu és um atrevido!
Quero ficar com esta princesa
não quero mais a cabeleira tesa.
XIV
A menina foi um dia p'ra cidade
e cheia de muita habilidade
num cestinho levava o bigodes:
- Com esse gato será que podes?!
XV
Chegou perto do supermercado
o gato outra vez endiabrado
era só com o nariz bem no ar
e tudo lhe apetecia cheirar.
XVI
A menina, coitada, não o segurou
ele de repente do cesto voou
e foi cair junto do peixeiro
e lá estava com olho matreiro.
XVII
A cavala com o rabo de fora
o gato pegou nela e foi embora.
Nunca mais ninguém soube dele
a pequena nem teve mão nele.
XVIII
Por isso fica aqui o alerta
se fizerem alguma descoberta
já sabem de quem é o gatinho
não o deixem ficar sozinho.
XIX
Dizem que foi p'ra Serreta
ou então continua na valeta,
mas a menina que chora, ainda,
deseja de novo a sua vinda.
XX
Cá p'ra mim é gato manhoso
que gosta de andar furioso
e com os pelos nas alturas
sempre a aprontar diabruras.
XXI
Eu já estou a ficar cansada
de gatos e da bicharada
pois agora até as galinhas
tem febre, as pobrezinhas.
XXII
Isto onde é que vai parar
se um gato não pode miar
se a galinha nem vai por ovo
tem de começar tudo de novo.
XXIII
O gato ainda é tal sortudo
que pode comer de tudo
agente qualquer dia o come
não vamos ficar cheios de fome.
XXIV
Olha que gato assim arrepiado
cheio de pelo e tão zangado
não deve ter muito alimento
e não tem forma de sustento.
XXV
Eu é que já estou a gatinhar
para esta história alinhavar
vou ter de colocar uns pontos:
Não nasci p'ra contar contos!
XXVI
Será que alguém vai ler
tudo o que estive a escrever?!
Talvez o gato até apareça
e fique com dor de cabeça.
XXVII
Só falta dar nome ao bichano
dizer-lhe "adeus" até p'ro ano,
dar-lhe umas sopas morninhas
e não vale rir do "Pinguinhas"!
FIM
Rosa Silva ("Azoriana")