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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1006)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"

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Matilde (amiguinha de 5 meses)

02.04.06 | Rosa Silva ("Azoriana")

Matilde

És a menina de olhar gracioso
Uma flor em botão que nos sorri,
Nesse tom, um perfil tão amoroso,
Matilde, a amiga que bem se ri.

Um dia hás-de erguer teu cantar
A quem p'ra ti já muito bem cantou,
Sei que a teus pais vais então encantar
E a quem por ti também se encantou.

Menina, olha que estás tão bonita
Nessa cor janota da tua fita,
A festa hoje é feita à janela.

Matilde, um sonho risonho e feliz,
Este mimo foi eu que assim quis:
Amizade assim fica mais bela!

Rosa Silva ("Azoriana")

Em http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=7451

Índice temático: Desenho sonetos

P.S. Pede a teus pais para vires às Sanjoaninas, na ilha Terceira. Beijinhos pelos 5 mesinhos feitos no dia 1 de Abril 2006
Vejam o video da Matilde, aqui.

Praia da Vitória - 1 de Abril 2006

02.04.06 | Rosa Silva ("Azoriana")



Nas ruas vagueei sem qualquer pressa,
A cidade saudou-me na chegada;
Vi tudo ou quase; Só de ti... vi nada.
O Sol acarinhou-me qual condessa!

A Praia que d'areia faz promessa
E com sorrisos de ondas abraçada
Assim ficarás por mim recordada
No dia que passei nessa travessa.

Fui ver o casario a estibordo;
Esse cheiro a mar, que de ti recordo,
Sonhei-o, de novo, no que percorri.

Na volta trago saudade por rimar
N'areia escondi a sina de amar
E nesta Vitória sei quanto sorri!

Rosa Silva ("Azoriana")

Em http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=7452

Índice temático: Desenho sonetos

P.S. Homenagem à cidade da Praia da Vitória, da ilha Terceira e a recordação antiga.

Pensamentos ao desbarato

02.04.06 | Rosa Silva ("Azoriana")
«Mês de Abril de águas mil»
Chove na rua e vê-se a limpeza das impurezas
Chove cá dentro e vê-se chegar a alegria renovada
É para quem nasce em Abril e se é o mês das águas mil
Então é por isso que de vez em quando elas desabam lá fora e cá dentro
Águas mil de mil águas
Águas de Abril.

Papa João Paulo II - Um ano após a sua partida para o Pai

02.04.06 | Rosa Silva ("Azoriana")

(imagem daqui)

Quero fazer um soneto
Ao Pai mais terno do Mundo,
Foi João Paulo II,
Um Homem cheio de afecto.

Que foi deveras correcto
Espalhou um Amor profundo;
Visitou os países do Mundo.
Nos Açores, vi em directo.

Faz um ano que partiu,
Deus O recebeu à sua beira
E eu o Louvo na Terceira.

Que hoje seja proclamado,
Para sempre bem lembrado:
João Paulo já a Deus viu!

Rosa Silva ("Azoriana")

Em http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=7453

Índice temático: Um olhar Terceirense

Encontro com a Terra (V)

02.04.06 | Rosa Silva ("Azoriana")

Monólogo: As dívidas de uma vida.

Hoje voltei ao meu passado. Vi livros, vi rancores, vi montanhas de raiva e dissabores.

Que pena eu não lembrar tudo aquilo que estudei, massacrando a minha memória...

Que pena eu não ter dado uma palavra de gratidão aos motoristas dos autocarros, digo, das antigas camionetas da carreira que me transportavam rumo à cidade que se proclama - Pratrimónio Mundial.

Não sei se vou chocar os olhares dos meus leitores mas eu não soube tirar partido da minha vida. Confesso que foi com alegria que ontem, no Teatro Angrense, pisei o palco de chão negro e olhei a plateia.

Pela primeira vez, ao entrar nos meus quarenta e dois anos, tive a oportunidade de dizer o meu monólogo, sem plateia e perante o rubro das cadeiras a aplaudir-me, silenciosamente. É que no meu céu não haverá aplausos. Daí que, a minha sempre vontade de ser actriz teve o momento de glória, na noite do primeiro dia do mês de Abril do ano de dois mil e seis.

Talvez quem se apercebeu disto não notou o que me ía por dentro.

Fui aos camarins e tive o prazer de cumprimentar os Homens do Teatro - Ruy de Carvalho e João de Carvalho,
pai e filho.

Foi como se eu tivesse levado comigo a minha  mãe e ela tivesse representado comigo naquele palco do nosso Teatro Angrense.

Podem-me dizer que é loucura, mas não é... Não é! É o meu sonho mais profundo a vir à tona. Eu nunca fiz teatro mas vejo-me como se estivesse lá e encarno cada papel.

Noutros tempos, eu dizia à minha mãe que gostava de ser actriz e não tive quem me desse esse empurrão, pois nem ela acreditou que eu falasse de dentro. Minha vida foi seguindo e nunca consegui fingir que não era uma actriz. As cenas foram sucedendo umas às outras num palco sem aplausos. Comédias, dramas de muitos medos. Afinal eu não era actriz e uma actriz que se preze adorna-se de aplausos na terra. E no céu haverá aplausos?!

De repente, numa tarde primeira de Abril, resolvi dar a volta à minha ilha, de autocarro. Foram três os autocarros que me fizeram as delícias de uma viagem circular.

De Angra do Heroísmo fui para a Praia da Vitória.

Na Praia passei pelo cartaz a anunciar a peça de teatro - "Palhaço de mim mesmo" - e reconheci imediatamente os actores. Então pensei: - Como deve ser linda esta actuação!

Segui viagem para a freguesia dos Biscoitos, outro ponto de paragem, e daqui andei até à freguesia dos Altares para depois seguir no último autocarro do dia rumo a Angra do Heroísmo.

Antes mirei a freguesia da Serreta e acenei, calada, ao lugar onde repousam os restos dos meus pais. Talvez foi aqui que senti a dor de não mais os ver para lhes dar o abraço que tanto faltou. (...) Nem interessa se neste momento estou em lágrimas... A ninguém interessa... só a mim.

Ao chegar a casa estava estafada mas feliz. Foi um dos melhores dias de aniversário porque meus filhos acompanharam-me (mesmo o que cá não está porque o pensamento também é boa companhia) e notei que estavam contentes porque viram os seus avós paternos.

Já em casa, eu estava a ler as mensagens de tantos visitantes ao meu blog, de amigos e não só, que me alegraram com a sua companhia e fiquei radiante. Quando o Luís e a Elisabete me bateram à porta não sabiam este meu pensar, mas sabiam que eu tinha vontade de uma surpresa. Sem dúvida, que esta foi a maior surpresa porque através deles minha mãe enviou um bilhete para eu assistir à peça de Teatro. Através deles eu pisei o palco, nem que fosse só para olhar o efeito da plateia, mesmo que sem ninguém àquela hora.

Foi assim que eu representei a minha cena e no fim, antes do pano cair, eu balbuciei:

- No meu céu não há aplausos!

Este o título que imaginei para a peça que eu queria representar. Talvez nesse dia os aplausos se fizessem ouvir e a minha mãe ficaria em paz.

Tudo por uma mãe que eu não soube mostrar o amor que lhe tinha. Afinal ela sempre quis o melhor para mim e eu deitei tudo a perder.

Por entre as minhas lágrimas de agora eu vejo um sorriso quando nesta tarde, de 2 de Abril, eu ouço o meu grito... fora do palco:

- Eu te amo, minha mãe!

(...) Agora sei que no céu há aplausos!

Fim