Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana).
Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1
Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos
Motivo para escrever: Rimas são o meu solar Com a bela estrela guia, Minha onda a navegar E parar eu não queria O dia que as deixar (Ninguém foge a esse dia) Farão pois o meu lugar Minha paz, minha alegria. Rosa Silva ("Azoriana") ********** Com os melhores agradecimentos pelas: 1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3" 2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze" 3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor" 4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado **********
2ª Colectânea de artigos publicados no Blog intitulado: Azoriana / Açoriana, com início a 9 de Abril de 2004. Número de Páginas: 93 Data: 6 de Dezembro de 2005
(c) Rosa Silva, 2005. Todos os direitos reservados
Quantas e quantas vezes nas nossas vidas já tivemos momentos de aflicção? Quantas vezes fomos ao serviço de urgência e fomos mal atendidos? Quantas vezes já recorremos do serviço de urgência do Hospital de Angra do Heroísmo sem ser realmente uma URGÊNCIA? Quantas vezes o desespero por ver algum familiar às portas da morte nos fez tomar atitudes menos correctas? Quantas vezes já elogiámos o trabalho de seres humanos que diariamente estão presentes atrás de uma secretária para nos dar alento para a vida? Quantas vezes já páramos para pensar que em vez de recorrermos à urgência de um hospital devíamos prevenir certas doenças? Isto tudo a propósito de uma notícia que li pela primeira vez no jornal "Correio dos Açores", estava eu no aeroporto de Ponta Delgada, à espera da saída do voo 406 - PDL/TER. A notícia sobre a jovem que morreu faz hoje oito dias, no Hospital de Angra do Heroísmo. Este é, sem dúvida, um assunto muito delicado e da forma que está escrito no jornal ainda se torna mais delicado. Há títulos que chamam a atenção e neste caso "Jovem morta na Terceira esteve em países com gripe das aves" para depois, na página interior ser apaziguado com "Jovem que morreu no Hospital de Angra esteve na Roménia e Alemanha" e em letras "gordas" vinha logo abaixo: "Gripe das aves é hipótese". Na altura que li pensei: Que grande dor para os pais desta jovem, a quem envio os meus sentidos pêsames; Que notícia para deixar no ar o "alvoroço"; De certeza que este jornal andará por muitas mãos nem que seja pelo título.
No fim da notícia vinha um sub-título: "Marcha contra o Hospital".
Estimados leitores, não tenho nada contra o Hospital de Angra do Heroísmo na situação de cidadã comum e utente daquele serviço. Por várias vezes já passei naquele corredor e naqueles quartos do serviço de urgência, quer por situações pessoais quer para acompanhamento de familiares. Não tenho razões de queixa. Compreendo que os médicos são seres humanos sujeitos a ficarem cansados, são humanos, também precisam que sejam compreendidos. Há coisas que os ultrapassam. Eles não são Deus. Deus é que pode tudo. Nós não somos nada. Recorremos aos médicos porque eles estudaram mais que nós e tem vocação (DEVEM TER) para exercer aquele tipo de serviço. Eles são responsáveis pelos seus actos. Certo? Eu vi minha avó acabar os seus dias no Hospital, o meu pai idem, a minha mãe ibidem, meu primogénito também usufruiu várias vezes deste serviço e minha filha, quando foi atropelada, recebeu os melhores cuidados que podia receber neste hospital. Eu já perdi a conta das vezes que já passei por lá. Umas vezes sou melhor atendida que outras mas nunca fui maltratada. Eu não faria uma marcha contra o Hospital. Eu faria uma marcha ao cemitério das Quatro Ribeiras e levaria uma flor para que esta jovem fosse para o céu com muitas flores. Neste momento, choro... porque sou sensível e vocês que me lêem já o devem ter percebido há muito... e digo-vos mais... num funeral costumo chorar muito, mesmo que a pessoa que vai no caixão não seja minha parente... sei que neste funeral eu teria chorado imenso... mas não faria uma marcha contra o Hospital... "Lembra-te homem que és pó" - Estamos a entrar na Semana Santa e fazer uma marcha contra o Hospital não me parece ser um acto CRISTÃO. Digam-me, estou enganada? Se estiver que me atirem a primeira pedra. Se alguém que ler este texto me puder dar boleia até às Quatro Ribeiras... aí sim, eu levo uma flor para colocar na campa da jovem, que eu não conhecia, mas de certeza já está à beira do Pai do Céu. Eu penso que quando morre uma criança ou um jovem é Deus que acolhe directamente no seu Jardim. Por isso vamos dar SIM uma FLOR ao "Jardim das Quatro Ribeiras". Deixem as manifestações para os textos dos jornais. Eu não faria uma manifestação se a minha filha tivesse morrido no dia que entrou no serviço de urgência e me deram 30 minutos para saber o seu futuro... Jamais! (Eu vi no olhar dos médicos que se abeiraram de mim... um olhar de consternação... Bem hajam os médicos do Hospital de Angra do Heroísmo porque são seres humanos que passam horas e horas para cuidar de nós... mas nem sempre são milagrosos). Digam-me, estou enganada?! Desculpem se feri alguém, se mostrei um outro lado de mim, mas uma marcha contra o Hospital... Não! Que Deus tenha a jovem de 17 anos à sua beira e que peça por todos nós. Todos temos o nosso dia... ele deve estar próximo... nem vai adiantar qualquer marcha... Haverá alguma marcha que evite que o nosso Deus seja novamente pregado na Cruz?!