"Lagoas da minha Terra", de Coelho de Sousa
A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo fez 50 anos (1956-2006). Hoje, resolvi fazer-lhe uma visita por esse e outro motivo (ainda é cedo para o revelar). Na entrada, deparei-me com uma exposição que é digna de se ver. Adorei!
Chamou-me a atenção um poema de Coelho de Sousa que se encontra num dos expositores e que foi publicado no jornal "A União", página 11, no dia 27 de Julho de 1957. Uma relíquia com 50 anos.
Gostei tanto dele que ouso publicá-lo. No caso de não ser permitida a publicação peço que me avisem e retirarei.
Lagoas da minha Terra
Lagoas são o rosário
Das gotas que a chuva reza:
Os Pai-Nossos são Luar;
Salvé Rainha, a beleza!
E as estrelas fazem côro
Numa oração reflectida.
Eu conto à beira da água
Mistérios da minha vida.
As lagoas são do pranto
Que a Terceira já chorou.
Não são muitas nem são grandes
Só porque o Sol as queimou!
Na Lagoa do Gingal
Sente-se o mar a gemer,
Diz a lenda. Mas quem sabe
Se é o coração a bater...
Dentro do peito da Ilha
Num susto de noite dia
Trazendo preso o arfar
Num vulcão de agonia?
Lagoinhas entre o mato,
E a Negra bem recortada!...
Silêncio! Ninguém acorde
A Alma da água deitada!
Vamos calados à beira
Destes sonhos feitos de água.
São espelhos. Cada qual
Neles veja a sua mágua!
Lagoas da minha Terra,
Céu e Ilha num abraço,
Estes versos são as pétalas
Das quadras-rosas que faço...
Coelho de Sousa
Relembro a todos que a página de Coelho de Sousa também merece a nossa visita. Deixo-vos o caminho para lá chegarem sobretudo para os que ainda não a conhecem.