Espera de Gado
Sob um sol apaixonante
Qu'a São Pedro mostrou agrado
Em cada firme mirante
Espera-se o bravo gado!
Os dons do Santo Espírito
Na partilha da amizade;
Num arraial longo e bonito
D'Alegria na cidade.
As colchas vestem varandas
As gentes são sempre novas
De cá e de outras bandas
Rumam ao Alto das Covas.
A rua está satisfeita
N'abundância de cores
À visão mais que perfeita
Junta-se gosto e sabores.
Nas casas as mesas postas
Dão-se «Vivas» aos petiscos
O «toiro» que sei que gostas
Investe rente aos mariscos.
Ó Angra, desta Terceira,
Cidade de coração,
Gado bravo na cimeira
No dia de São João.
Toiros em grupo e a solo
Desfilam em mil sentidos
Às tapadas eu me colo
Gosto deles assim unidos.
Alto das Covas, o centro,
Que deste posto não via,
Só resta gritar: - Vá dentro!
Dá-se o mote à «cantoria».
Marido da Chica e amigo,
Fazem sair gargalhadas
Viola que traz consigo
Enriquece as desgarradas.
Estes dois tão animados
Espantam qualquer tristeza
Com versos improvisados
Na garganta bem acesa.
Em todos provocam riso
Nesta ponta divertida
Mais tarde limpa-se o piso
Que me deixa distraída.
E nestes versos à toa,
Tingidos com emoção
Num abraço que apregoa:
É esta a nossa paixão!
Rosa Silva ("Azoriana")