Encontro com a Terra (VII)
Registo para o dia 8 de Julho de 2006:
O Carnaval na minha mão!
Mesmo lavada em lágrimas
Por muita linha do teu Livro
Quando se cose de rimas
A chorar não me privo.
Sou louca, sim! Por gostar,
Tanto assim de um ideal
De pequena sempre amar
As Danças de Carnaval.
É assim que nelas decretas
Teu saber e entusiasmo
Neste livro são concretas
As delícias em que me pasmo.
(capa do livro)
(Postal do Museu do Carnaval da Ilha Terceira "Hélio Costa"
(Capa do Roteiro
Turístico, Cultural e Económico
da Vila das Lajes
Ilha Terceira - Açores)
Um dia talvez, em fim,
Quando eu daqui me for
Guardarás no teu Jardim
Tal qual pétala de flor.
Flor que teve muitos espinhos
Dores, alegrias e amores
Que celebra com carinhos
Ter nascido nos Açores!
Mesmo que tenha falhado
As métricas do meu viver
Deixo-lhe aqui talhado
Que tenho pena de morrer.
A morte dá-nos a Vida
Eleva-nos para outro norte
Mas porque me sinto perdida
Quando penso na Morte?!
Mas tu, Autor de mil Danças
Não morrerás certamente
Teu Nome nessas andanças
Gravado eternamente.
Com lágrimas eu comecei
A dedilhar a inspiração
Mas agora que acabei
O sorriso deita-me a mão.
Acabei a dedicatória
Ao homem mais que perfeito
Que lhe fique na memória
O fervor que trago no peito.
E se quiser falar de mim
Aos quatro cantos do mundo
Diga que no meu jardim
Sofro de desgosto profundo
Por nunca ter participado
Nas Danças de Carnaval
Nem de ter representado
Todo esse sonho ideal.
Agora sei que é tarde
Para entrar nessa folia
O coração já me arde
E teria o fim nesse dia.
Refrão:
Vou p'la Serreta a cantar
Junto ao Império e à Igreja
Em Angra talvez a chorar
Por quem ali não me veja.
Rosa Maria (“Azoriana”)
Como não estamos em época de Carnaval que é, por excelência, um tempo de risos e folguedos, eu posso chorar à vontade à mistura com saudade. É que, ao ler as primeiras páginas do Livro de “Hélio Costa Autor do Carnaval dos Bravos” é inevitável a emoção. Passam-me pela mente as lembranças que me trazem o grito, não muito distante, daquele que me deu o ser: Olh’á Dança, rapazes!
Ainda continua presente a imagem dessa corrida estrada abaixo, rumo à Sociedade Filarmónica da Serreta para apanhar lugar para ver desfilar indumentárias carnavalescas, músicas entusiastas, vozes asseadas, interpretando o que de melhor ocupa uma boa parte do ano de esferográfica em punho.
Antes que eu desapareça naquela dança da despedida terrena, deixo o meu desgosto registado: a pena de não ter, enquanto jovem, participado activamente neste festival pelos palcos terceirenses. Mas também, diga-se que, nunca fiz força para isso acontecer. Talvez porque ali para os meus lados e nessa tal idade, o à-vontade não era muito (a timidez era maior). Actualmente, contentava-me ver algum dos meus filhos nessas actuações mas tudo depende da vontade deles. Um dos meus filhos já faz tentativa de fazer música com uma caixa de sapatos e uns elásticos, numa distância que só ele sabe qual é, para tentar imitar talvez uma viola da terra. Será isto a tónica ideal para se começar?! Acho que tem tudo a ver.
Chego à conclusão que, e sei que estou certa, as Danças andam de braço dado com o improviso. Logo, se eu sou apaixonada por este improviso, é fácil acontecer o mesmo pelas Danças.
Até que enfim que já me chegou o sorriso. Eu tenho que escrever qual o motivo do sorriso alargado... Sou terceirense e já vi muita Dança e sinto-me picada por esse bichinho das quadras de improviso “caseiro”, porque portas para dentro muito improviso faço, até no viver do dia-a-dia.
”A rimar é que agente se entende” – Voilá! Um título que eu dava à minha dança, se eu soubesse escrevê-la... E sabem que mais: que eu não parta sem dar um grande abraço ao Exmº Senhor Hélio Costa. Tenho de avisá-lo de que sou fã desta nossa paixão terceirense: O Carnaval dos Bravos.
Não posso deixar de explicitar o meu contentamento por ver no seu Livro nomes que também respeito e aprecio imenso: Álamo de Oliveira (poeta terceirense), Armindo Moniz (colega e amigo do improviso), Daniel Arruda (poeta emigrante altarense). Os outros nomes referidos eu também reconheci e todos são dignos de elogios mas ainda não tive ocasião de dialogar com eles.
Apraz-me registar que a freguesia da Serreta já apresentou danças com a autoria de Hélio Costa, com início há 12 anos atrás, a saber:
1994 – “Uma Briga Num Salão”
1995 – “As Peripécias de Uma Filarmónica”
1996 – “Umas Bodas de Prata”
1999 – “A Nora da Tia Rosa”
Estes foram os títulos que encontrei neste maravilhoso Livro que é um rico tesouro que vai honrar a estante da minha biblioteca de valores sentimentais, sonhos e vidas reais.
Aquele abraço!
Rosa Maria