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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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Publico na íntegra uma carta URGENTE (17:55)

10.08.06 | Rosa Silva ("Azoriana")

Querida Rosa Maria,

Sinto-me muito grata pelo teu empenho em levar-me até a Serreta em setembro. Acompanhei passo a passo os teus esforços. Com a net isto torna-se fácil.

Fiquei deveras contente quando o amigo Paulo Cunha sugeriu a minha ida à Serreta para cantar o humilde hino com que homenageio a Nossa Senhora dos Milagres da Serreta durante o festejo de setembro. Igualmente me alegrei quando a Comissão da Festa aprovou o projeto. Mais feliz fiquei ainda quando a mãe do José Gabriel ofertou a sua casa para acolher-me, e José Arlindo e o Hélio Costa dispuseram-se a passear comigo e a mostrar-me a ilha.

Eu sou descendente de portugueses e por um ramo familiar, de açorianos mesmo.

Sempre amei Portugal como minha segunda pátria. Talvez isto se deva a força do sangue ancestral que me corre nas veias.

Quando comecei as minhas pesquisas sobre a origem açoriana de grande parte dos habitantes da Baixada Maranhense e comparei os costumes, vi que Açores era uma presença bem viva em nosso dia a dia, afinal, temos aqui também os trabalhos de tear, as rendas, os queijos, os doces de espécie, as touradas a corda, a viola terceirense, as procissões, as festas do Espírito Santo, de São João, Bailes de São Gonçalo, e tantas outras marcas culturais tão próprias daí, mormente da Terceira e de São Jorge, como certos vocábulos que somente são usados aí e aqui... Mas, foi quando vi fotos dos prados de hortênsia que me apaixonei de vez.

Então, já vês que ir até aí para cantar na festa, mesmo a título gracioso, seria para mim a realização de um sonho. Mas, no momento não posso custear isso. E vejo que tudo está muito difícil e complicado. Por isso, quero te pedir uma coisa. Pares com a campanha pela minha ida, pois agora já acho que não há mais tempo para fazer-se nada a contento.

Por Nossa Senhora, para louvá-la com a minha voz, para agradecer-lhe e divulgar a graça por mim recebida, bem como para conhecer essa linda ilha de onde vieram alguns dos meus ancestrais, para estar com os terceirenses, eu estava disposta a cancelar meus compromissos e afazeres aqui, e até a faltar ao trabalho. Por Ela qualquer compromisso ficaria para depois.

Já havia até mesmo negociado dias de trabalho com outros colegas e providenciado quem me substituísse em algumas audiências marcadas para setembro, pois, como sabes, sou advogada e estou recomeçando a trabalhar em minha profissão.

Entretanto, a demora da resposta aos teus apelos, o silêncio dos agentes governamentais no que toca ao patrocínio da passagem, são como que a confirmação de que ainda não é a hora da minha ida à Serreta.

Se eu dispusesse de recursos neste momento, custearia a viagem e estadia do meu próprio bolso, sem pena, para honra e glória de Nossa Senhora e alegria minha.

Mas, agora não tenho condições para tal, pois que, por problemas de saúde, passei cinco longos anos sem poder trabalhar. E não quero causar sacrifícios para ninguém.

Entretanto, Rosa, não deves ficar triste, tudo acontece na hora certa, e um dia, estarei sim, ao teu lado na Serreta glorificando Nossa Senhora dos Milagres.

Agradeças por mim ao Mário, ao José Gabriel, ao José Arlindo. Agradeças à mãe do José Gabriel pela generosidade de oferecer-se a hospedar-me; ao membro da comissão das festas e ao Presidente da Junta de Freguesia pelos esforços empreendidos neste nosso projeto de melhor glorificarmos a Mãe do Céu. Agradeças ao Jorge Gonçalves, da Graciosa, que se mostrou muito empenhado em chamar a atenção das autoridades com suas publicações e comentários da importância para os devotos da Santa Mãe de Jesus em abrilhantar ainda mais o seu festejo, e também à Chica Ilhéu e o Luís Nunes por suas intenções em formarem uma "comissão" de boas vindas.

Senti-me acolhida pelos terceirenses através do carinho teu e destas pessoas tão gentis.

Que Deus vos abençoe pela generosidade!

Espero que muito brevemente Jesus e Nossa Senhora dos Milagres me concedam a bênção de poder ir até vós e ao santuário da nossa Mãe.

Um abraço a todos e um beijo no teu coração, desta tua amiga

Gracilene do Rosário Pinto

Fumegante

10.08.06 | Rosa Silva ("Azoriana")

Quando me beijavas
Fazias-me louca
Pela tua boca
E mais me abraçavas.

As mãos inclinavas
No rasgo da roupa
Que era tão pouca
Coberta de lavas.

Lavas de paixão
Fogo da tesão
Que ora explodia.

Corpos fumegantes
Em poucos instantes
O grito surgia.

Rosa Silva ("Azoriana")

Amiga Gracilene, perdoa-me!

10.08.06 | Rosa Silva ("Azoriana")

Honesta e o mais sinceramente possível, tudo começou quando eu escrevi esta verdade: (...) Agora estou de regresso ao meu outro lar mas na mente continuam os ecos da Mãe que me pediu: - Vai e fala de Mim... porque o mundo está a esquecer-se de Mim...

Angra do Heroísmo, 15 de Setembro de 2005

Azoriana


Nos comentários ao texto li isto: "Sou brasileira de São Luís do Maranhão, sou descendente de açorianos e amo o Açores de coração.
Por tudo isso, ficarei muito feliz se quiser ser minha nova amiga.
Um beijo
Gracilene"

Eu não a conhecia mas a partir daí trocamos correspondência e algumas conversas e percebi de imediato que era uma senhora digna de confiança.

Um dia recebi um apelo de São Luís do Maranhão - Brasil. Eu sugeri que as preces fossem para Nossa Senhora dos Milagres, e efectuadas pela própria. Assim foi.

Depois veio o sinal de felicidade, o sinal de que algo bom tinha acontecido. E veio uma oferta especial de acordo com as capacidades desta devota - um cântico imediato, produzido entre lágrimas e sorrisos.

Por coincidência, um grupo de Açorianos esteve no Brasil para um seminário de resgate da memória açoriana no estado, intitulado "Memória de Açores". A Drª. Gracilene foi convidada a participar e ganhou a participação e o convite para abrir o evento com a música especial para este efeito - AÇORES, de sua autoria.
Assim, foi fácil fazer-me chegar às mãos o seu livro, através do meu vizinho (Enuma Elish - http://enumaelish.net/band.htm), que eu só conhecia de vista, mas que a Drª. Gracilene me apresentou, indirectamente. Também ele ficou entusiasmado em ouvir a voz da Drª. Gracilene ecoar na ilha Terceira.


E mais entusiasmada fiquei eu, porque vi que tinha alguém para me ajudar na tarefa de tentar trazê-la à Terceira, para cantar este cântico e outros temas da sua própria autoria.

Como estes senhores e senhoras de cá a conheceram lá, julguei que não haveria entraves com a vinda da amiga Gracilene à Serreta.

Mas, depressa fiquei receosa de lhe transmitir o que ouvia sobre as dificuldades financeiras.

Tanto o Paulo como eu fizemos todos os possíveis e impossíveis para evitar que ela soubesse o pior.

Mas eu não desisti e fui mais longe. Enviei e publiquei uma Carta aberta ao Senhor Presidente do Governo Regional, que soube que se encontrava de férias, na resposta do seu assessor, que adiantou ainda que a carta seguira para os serviços competentes.

Fiquei a aguardar, mas ainda fiz mais diligências e fui ao encontro de pessoas que talvez me pudessem ajudar nesta missão difícil.

A Comissão das Festas da Serreta e o Presidente da Junta de Freguesia estavam ao par destas diligências e assinaram, e eu, um ofício para uma entidade local, a última tentativa de alertar para esta situação.

Mais uma vez senti que era época de vacas magras.

Eu já tinha marcado as passagens para o dia que encontrei disponível (24 de Agosto) para a vinda da Drª Gracilene, porque mais próximo da Festa só em lista de espera. Optei por deixar marcado naquele dia, a jogar pelo seguro.

À medida que os dias vão passando o tormento vai também aumentando. O silêncio na resposta à carta aberta fez-me prever a dificuldade na resposta, já que se trata de um assunto melindroso: ninguém nega seja o que for à Mãe - Nossa Senhora dos Milagres.

Acreditem que me sinto muito mal nisto tudo. Acreditem que vou ser eu a ter de resolver isto porque não quero ver ninguém a sofrer como eu.

Nossa Senhora que me perdoe. Sinto-me culpada por não conseguir eu mesma pagar a passagem a esta mulher que vinha com o coração feliz oferecer o seu dom da criação e a sua voz excelente, com confirmação de quem a ouviu cantar no Brasil.

Nossa Senhora dos Milagres me perdoe e a Gracilene também.

Amiga, eu não consigo pagar-te a passagem aérea e o tempo está a esgotar-se para todos. Perdoa-me! Perdoa-me!

Rosa Maria Silva