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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1006)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"

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O desafio

18.08.06 | Rosa Silva ("Azoriana")

Antes de tudo foi a realidade da imagem que captei no sítio chamado alagoa, na ilha Terceira. Depois foi a minha leitura, no dia 23/07/2006, que veio à tona e publiquei-a nalguns sítios (no meu blog, no sítio de Bernardo Trancoso e nos Grupos MSN) dos quais faço parte. Esta a forma que a vi e que republico:

 



As rochas

Parecem corpos longos abraçados,
Erguidos das águas temperadas,
Quantas vezes de espuma salpicadas?!
Só os rostos não vejo desenhados.

Corpos à beira-mar enfileirados,
Imersos nas correntes mui salgadas,
Sentindo as vagas brancas sublimadas,
De beijos que são sempre renovados.

Se fecho os olhos, perco-me no som,
Sinto-me rocha que segrega o tom,
Que, muitas vezes, faz canção de mar...

De outras, faz lágrimas derramar.
De repente, os corpos harmoniosos,
Parecem corpos longos tenebrosos!

Rosa Silva ("Azoriana
")

 

A seguir vem outra leitura (e/ou resposta) feita pela minha amiga Biazocas, cujo nome é Maria Custódia Pereira, autora do Grupo MSN - Poetas Sonhadores, em 24/07/2006. Ela também está presente nos «Sonetos.com.br».

 

ROCHAS

Grandes rochas que meus olhos alcançam
Frente a elas arrastam-se ondas do mar,
Envoltas em espuma pela areia avançam
E beijam essas paredes, voltando a recuar.

Vejo ao longe a linha do horizonte...
Vejo o sol, parece querer mergulhar,
E as gaivotas em terra aqui de fronte
Assustadas, parecem querer chorar.

Finda o dia, nada vejo. Tudo escurece
Oiço apenas lá no fundo suas batidas,
E enquanto o sol não volta e aquece.

As gaivotas ficam aqui escondidas.
Eu regresso a casa, também me apetece
Dormir, recuperar energias perdidas.

Mª Custódia Pereira
(Biazocas)

 

Na noite de 16/08/2006, navegando no sítio da "Dama da Poesia", Efigênia Coutinho, deparei-me com outras "Rochas" da autoria de Erigutemberg Meneses, que também tem sonetos publicados no sítio de Bernardo Trancoso, o sítio por excelência destinado a Sonetos.

Escrevi-lhe, via e-mail, a referir precisamente esta descoberta, pura coincidência. Regozijo-me com a sua resposta:


"A intertextualidade (sobreposição de um texto em outro) caracteriza o que Michel Foucalt denomina de ausência de autoria, ou autoria coletiva etc. José Saramago escreveu algumas de suas obras, o mais das vezes, tocado pelo sentido de enredos explorados em obras que lhe permaneceram no subconsciente: Ensaio sobre a cegueira e A caverna, são os exemplos a que me refiro. No primeiro caso, os críticos perceberam a rede de intertextos; no outro, o próprio autor é quem revela ter-se inspirado na obra O Mito da Caverna de Platão que serve de intertexto a muitas obras modernas, inclusive na publicidade e propaganda. Erasmo de Rotherdan, ao escrever Elogio à Loucura, de uma forma invertida deu corpo à inspiração platônica.
Nós, leitores de muitas obras, somos, sim, banhados na mesma fonte de inspiração; é possível coincidências até de temas e versos completos, sem que haja plágio, imitação. No meu imaginário, rochas são corpos, pernas e assim, poeticamente, componho.
Se tivermos uma raiz comum, é possível que eu tenha feito a leitura de seu belíssimo poema e quiçá, nele me inspirado. Se não, no campo da poesia, temos algumas afinidades. Muitos beberam na nascente dos grandes poetas clássicos. É por demais sabido que os nossos românticos coloriam seus painéis poéticos sob os influxos da inspiração dos poetas e autores europeus. Em meu soneto pode ser que se identifiquem ainda muitas outras vozes autorais. Não seriam os trechos "formoso sítio" e "lapas cavernosas" puro Camões? Copiei-os? Vieram-me de modos indiretos, não dissimulados? Eu tenho ferrenha admiração a Fernando Pessoa, e assim minha obra está impregnada de Pessoa e tambem de Florbela Espanca, de igual admiração. Se aproximarmos bem a lupa do conhecimento, é de se supor que todo o poema é um caleidoscópio de inspirações anteriores. A mim, coube organizar as palavras e as frases, de acordo com a métrica, a rima, criando a memória de um momento lírico; não me importa se a criação da obra tenha ou não originalidade inalienável: registrei um momento. Outros que compartilharam da mesma emoção hão de achar vestígios seus (poetas mais habilidosos e capazes) em minha obra. E ficarei feliz com isso...
"

- Erigutemberg Meneses (17/08/2006).


ROCHAS

Os nossos corpos nús bem enlaçados,
De lapas cavernosas salpicadas,
E fartos das delícias já provadas,
Ao mar, parecem picos sustentados.

São rochas esses corpos engastados,
E imersos em lascivas sublimadas
Nas vagas tão rubrosas e salgadas
De beijos dados, sempre renovados.

Desse formoso sítio se ouve um som
Que a segredar da vaga o mesmo tom,
Parece a canção que canta o mar...

Sim. Nossos corpos nus harmoniosos,
Entre lençóis de rendas, ondulosos,
São rochas onde o amor veio quebrar.

Erigutemberg Meneses

 

- Vasco de Sousa (27/05/2008) - in Paixão e Poesia.

 

 

As escarpas do teu Amor


Altas e escuras paredes impenetráveis,
Que por entre nós se erguem imponentes,
Na suas fendas, mistérios infindáveis,
Os seus contornos, sombrios e envolventes.

Essa barreira de rochas que nos afasta,
Com o bater das ondas será quebrada,
Pois só um verdadeiro amor de alma aberta,
Levará tão grande muro de vencida.

É meu desejo, de ti aproximar-me,
Na tua espuma docemente afogar-me,
Embala-me com a tua canção.

Salpica-me e envolve-me na tua magia,
Enfeitiça-me com a tua maresia,
Afasta as escarpas cinzentas, da paixão.

2008 Vasco de Sousa

 

Nota: Atrevo-me, então, a desafiar-vos para a continuação do lema: «Rochas» e quem sabe ainda nasce uma abundância de inspirações.