O desafio
Antes de tudo foi a realidade da imagem que captei no sítio chamado alagoa, na ilha Terceira. Depois foi a minha leitura, no dia 23/07/2006, que veio à tona e publiquei-a nalguns sítios (no meu blog, no sítio de Bernardo Trancoso e nos Grupos MSN) dos quais faço parte. Esta a forma que a vi e que republico:
As rochas
Parecem corpos longos abraçados,
Erguidos das águas temperadas,
Quantas vezes de espuma salpicadas?!
Só os rostos não vejo desenhados.
Corpos à beira-mar enfileirados,
Imersos nas correntes mui salgadas,
Sentindo as vagas brancas sublimadas,
De beijos que são sempre renovados.
Se fecho os olhos, perco-me no som,
Sinto-me rocha que segrega o tom,
Que, muitas vezes, faz canção de mar...
De outras, faz lágrimas derramar.
De repente, os corpos harmoniosos,
Parecem corpos longos tenebrosos!
Rosa Silva ("Azoriana")
A seguir vem outra leitura (e/ou resposta) feita pela minha amiga Biazocas, cujo nome é Maria Custódia Pereira, autora do Grupo MSN - Poetas Sonhadores, em 24/07/2006. Ela também está presente nos «Sonetos.com.br».
ROCHAS |
Na noite de 16/08/2006, navegando no sítio da "Dama da Poesia", Efigênia Coutinho, deparei-me com outras "Rochas" da autoria de Erigutemberg Meneses, que também tem sonetos publicados no sítio de Bernardo Trancoso, o sítio por excelência destinado a Sonetos.
Escrevi-lhe, via e-mail, a referir precisamente esta descoberta, pura coincidência. Regozijo-me com a sua resposta:
"A intertextualidade (sobreposição de um texto em outro) caracteriza o que Michel Foucalt denomina de ausência de autoria, ou autoria coletiva etc. José Saramago escreveu algumas de suas obras, o mais das vezes, tocado pelo sentido de enredos explorados em obras que lhe permaneceram no subconsciente: Ensaio sobre a cegueira e A caverna, são os exemplos a que me refiro. No primeiro caso, os críticos perceberam a rede de intertextos; no outro, o próprio autor é quem revela ter-se inspirado na obra O Mito da Caverna de Platão que serve de intertexto a muitas obras modernas, inclusive na publicidade e propaganda. Erasmo de Rotherdan, ao escrever Elogio à Loucura, de uma forma invertida deu corpo à inspiração platônica.
Nós, leitores de muitas obras, somos, sim, banhados na mesma fonte de inspiração; é possível coincidências até de temas e versos completos, sem que haja plágio, imitação. No meu imaginário, rochas são corpos, pernas e assim, poeticamente, componho.
Se tivermos uma raiz comum, é possível que eu tenha feito a leitura de seu belíssimo poema e quiçá, nele me inspirado. Se não, no campo da poesia, temos algumas afinidades. Muitos beberam na nascente dos grandes poetas clássicos. É por demais sabido que os nossos românticos coloriam seus painéis poéticos sob os influxos da inspiração dos poetas e autores europeus. Em meu soneto pode ser que se identifiquem ainda muitas outras vozes autorais. Não seriam os trechos "formoso sítio" e "lapas cavernosas" puro Camões? Copiei-os? Vieram-me de modos indiretos, não dissimulados? Eu tenho ferrenha admiração a Fernando Pessoa, e assim minha obra está impregnada de Pessoa e tambem de Florbela Espanca, de igual admiração. Se aproximarmos bem a lupa do conhecimento, é de se supor que todo o poema é um caleidoscópio de inspirações anteriores. A mim, coube organizar as palavras e as frases, de acordo com a métrica, a rima, criando a memória de um momento lírico; não me importa se a criação da obra tenha ou não originalidade inalienável: registrei um momento. Outros que compartilharam da mesma emoção hão de achar vestígios seus (poetas mais habilidosos e capazes) em minha obra. E ficarei feliz com isso..."
- Erigutemberg Meneses (17/08/2006).
ROCHAS |
- Vasco de Sousa (27/05/2008) - in Paixão e Poesia.
As escarpas do teu Amor
Altas e escuras paredes impenetráveis, |
Nota: Atrevo-me, então, a desafiar-vos para a continuação do lema: «Rochas» e quem sabe ainda nasce uma abundância de inspirações.