Lírio
Dizem não ser bom lembrar
Dos mortos, torto a direito,
Mas eu não posso calar
Este de[lírio] perfeito.
Glosa
(Aprendi com Clarisse Barata Sanches)
As promessas de um dia,
Estou agora a recordar.
Na conversa, a utopia,
Império de nostalgia,
Dizem não ser bom lembrar.
Mas que mal poderá ter,
Registo de bem que é feito?
Meus laços podeis saber;
Não me posso esconder,
Dos mortos, torto a direito.
Da morte há quem tenha medo,
E disso ousei lhe falar,
Que mesmo sendo segredo,
Pode levantar-me o dedo,
Mas eu não posso calar.
Que, das duas, a que se fosse,
Falasse de qualquer jeito
Se a morada era doce...
Um sinal?! Versos me trouxe:
Este de[lírio] perfeito.
Rosa Silva ("Azoriana")
(Enquanto foi viva tinha esta flor no seu jardim)
Em Maio de 2004, Manuel Simões, residente serretense, cantou esta cantiga na Briança (Bezerro enfeitado e Pezinho), que guardo como lembrança:
Este casal de amigos meus
Mas no céu hão-de ter um lírio
Que é uma dádiva de Deus.