A respeito de culinária...
Tens um gosto p'la cozinha
Ao contrário desta "vizinha"
Que gosta mais de comer.
Eu prefiro é ajudar
A descascar ou a lavar
Os alimentos e a colher.
Tenho uma colher de pau
Para ir virando o lombo
Só não vira o carapau
Mas já fiz com ela bombo.
Toda a música a tocar
Eu na cozinha a preparar
Os torresmos na certã.
Um respingo para a vista
Desisti de ser artista
Num Domingo de manhã.
Foi-se assim a cantoria
E os torresmos p'ra diante,
Até que chegou o dia
De arranjar um ajudante.
Gosto de homem cozinheiro,
E que prove tudo primeiro,
P'ra não ficar com defeito.
Depois come o seu quinhão
E sorri mais ao serão
Com o seu amor perfeito.
E assim nesta harmonia
Ninguém tem razão de queixa
Não sobra nada por dia
Nem o "torresminho" se deixa.
Nesta forma de cantar
E com a moda a ajudar
A cozinha da Terceira.
Ninguém fica sem comida
Que muito bem dividida
Não nos dá muito canseira.
Um dia vou convidar-te
Quanto tu p'ra cá vieres
Para veres a obra d'arte
E comeres quanto quiseres.
Tem cheirinho a malagueta
(Que não trouxe da Serreta)
Mas dá toque especial.
Antes disso não gostava
Hoje não troco por nada
Mesmo que me faça mal.
Malagueta faz comichão
A quem muito dela abusa
Mas não dou o meu quinhão
Nem aqui ninguém recusa.
A minha não é picante
Mais parece um adoçante
Diferente de São Miguel.
Cá não há dessa semente
Que pica a boca à gente
Que fica parece fel.
Um dia por lá passei
E provei seu condimento
A noite toda fiquei
Sem sentir bem o assento.
Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: Experimenta cantar com a moda das "Velhas" da nossa Terceira.