Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana).
Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1
Respiro fundo. Tenha ou não erros gramaticais, não liguem. São escritos da "Azoriana", digo, Rosa Silva, que nasceu na pacata e solene freguesia da Serreta e que, graças a ter uns pais que lhe deram tudo o que conseguiram dar, foi estudante no Liceu de Angra do Heroísmo, e vive na bonita cidade património mundial desde que a vida lhe pregou algumas partidas. Não tenho nenhum curso "pós-qualquer-coisa" mas tenho-me dedicado de corpo e alma aos meus blogues («Azoriana / Açoriana», é o que tem mais horas) e a páginas pessoais com o olhar fixo na minha terra natal que atrai multidões sobretudo na segunda semana de Setembro. Certamente saberão porquê pois para quem vive nesta ilha sabe de tudo ou quase tudo.
Adiante...
Estava eu no fim de mais um dia de trabalho e alguém me pergunta: - Já leste o jornal sobre "os maricas para São Miguel"?!
Movida por uma mola fui à mesa onde assentam os jornais. Nada. Não encontrei o jornal em ebulição na minha mente... - O que será que vem por aí abaixo, pensava com os meus botões, não me digam que vão levar tudo mesmo para São Miguel?!...
Eu gosto da ilha de São Miguel e já fui muito bem tratada lá e até, com a ajuda de um colega bloguista, convidámos três bloguistas micaelenses para virem à ilha Terceira confraternizar connosco e não tivemos razões de arrependimento.
Passou-se. Mais um dia com isto na ideia. Fui à internet fazer a pesquisa e nada. O dito jornal está em "banho-maria".
Eis que o novo dia trouxe o jornal para a dita mesa que os acarinha. Li a página 2, com data de 30 de Julho de 2008, cujo título salta à vista: "Não querem levar os maricas também?", da autoria de Jorge Silva - O Eterno Estudante (10). Li muito pausadamente e uma mola impeliu-me para querer ler mais escritos deste senhor que me encheu a alma de contentamento por vários motivos. Um deles foi querer ler mais do que ele escreve. Gostei. Sinceramente, gostei deste artigo que não têm papas na escrita.
Só me baila na cabeça a última parte do artigo: "Levem os políticos, levem os clubes de futebol, levem os tais que estão no título, levem a Via Rápida para adiantar a ligação ao Nordeste, levem o que resta da universidade, levem a diocese e o bispo, mas deixem ficar a Sé e os toiros, por favor! A Sé para nós rezarmos a pedir protecção contra a inveja e o mau-olhado, e os toiros para quando quiserem vir cá conquistar a Terceira nós podermos reeditar a Batalha da Salga... Aí vão levar com eles, ai vão, vão!" - Respirei fundo e balbuciei: - Boca santa! É assim mesmo que se "fala". O que um toiro nos faz e é isso que nos salva. É que nisto de toiros e touradas ninguém ouse roubá-los de nós porque vão levar sempre com marradas bastantes.
Deixo-vos o link para a página deste excelente escritor, professor que é um eterno estudante
Rosa Silva ("Azoriana")
P.S. Pressinto que este é o primeiro de uns quantos artigos assim o Prof. Jorge Silva (mesmo apelido que o meu mesmo sem sermos parentes ou conhecidos sequer) me vá picando com suas "aguilhadas" bem lustrosas. (Aguilhada é um pau com um espeto na ponta para orientar o gado no curral, cerrado ou outro sítio qualquer.)
Gostei imenso deste jornal e a D. Clarisse de Góis, também.
Esta amiga ofereceu-me umas sextilhas que me inspiraram um agradecimento triplo: para a minha amiga, para o autor do jornal e para o poeta que me deu conhecimento deste periódico. O jornal reúne biografias de vários escritores e poetas.
Ó que surpresa tão bela,
Vejo na minha janela
Aberta de par em par;
Mesmo sendo virtual
Trato-a de forma igual
Para mais rosas lhe dar. Muito obrigada, amiga,
P'la frescura da cantiga
Por rosas emoldurada;
A Jorge Vicente também
Estou grata, como convém,
E rima foi-lhe enviada.
Fri-luso é bom jornal
Com um toque especial
Que encanta seus leitores;
Foi graças a um poeta,
Nelson Fontes, lusa meta
Num convite p'ros Açores.
Foi ele que me indicou
O jornal que me levou
A passear pela Suíça.
Elogios p'ro seu autor
Que acolhe com amor
Todos em boa justiça.
A 19 km de Angra do Heroísmo, fica a freguesia da Serreta.
Hoje foi o dia da freguesia que foi comemorado na já conhecida...
Sob a beleza do arvoredo...
e das flores do altar para a Missa Campal...
houve lugar para comes e bebes, bebes e comes...
música da alegre Filarmónica Recreio Serretense, lembranças e sorteio. Um dos sorteios saiu a mim. Foi a maior surpresa!
houve danças e rodas e venceu a alegria de um povo que festeja com o coração. O mandamento do amor é o mote para quem festeja assim e foi a mensagem do Reitor do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres.
Foi uma comemoração que adorei e muito agradeço ao Presidente da Junta de Freguesia, que representa este povo, e nos proporcionou momentos inesquecíveis.
Abaixo, coloco a lista de alguns vídeos que disponibilizo para aqueles que tem saudades do seu torrão natal e conhecem este encanto e as tocatas que já sabem de cor, após um concerto da nossa Filarmónica Recreio Serretense.
Num sábado especial por um lado (numa visita que me fez bem à alma e que adorei), e, por outro, um sábado um tanto deprimente mais para o fim, porque dei por mim a pesquisar na net como quem anda à cata de algo que lhe tire os pensamentos de alguns assuntos que me atormentam...
Pois é, andei, andei, digo, naveguei, naveguei e eis que encontro o meu logótipo posicionado num sítio onde se pode apreciar uma colectânea de muitos outros sítios. Entreti-me com alguns cenas especiais mesmo na frente dos meus olhos.
Que esta imagem não seja interpretada como qualquer cena de publicidade, que isso não me compete, mas como forma de retribuir uma gentileza que foi feita a este meu blog alojado em terreno português e muito bem apoiado a todos os níveis.
Agradeço, publicamente, ao autor desta graciosidade, cujo selo eu editei conforme a imagem que lá encontrei. Se houver algum problema é favor avisarem-me que eu seguirei a observação. Também o coloquei junto dos blogs e outras páginas pessoais de diversos autores que costumo visitar.
Na cozinha, enquanto a máquina lavava a roupa e no tacho cheirava a sopa, meti-me a cantar na toada da moda do Pezinho, e fui rascunhando para passar para o blog. Diria que é uma simulação de cantoria ao vivo. Espero que gostem, sobretudo quem sabe desta tradição terceirense, que penso estar a fraquejar porque falta uma mulher com os cantadores a improvisar...
Fecho os olhos e imagino um arraial com algumas curiosas pessoas e lanço o desafio. Entre [...] será a deixa para quem quiser entrar neste desafio. Depois tirarei os [...] e colocarei a rima que, por ventura, aparecer em comentário.
Então, vamos lá:
Minha estreia foi sozinha (título sujeito a alteração)
Saúdo o povo amigo Com o meu primeiro canto: Qu'esteja a cantar comigo O Divino Espírito Santo!
[...]
Não há esperteza na voz Nasci dentro de nevoeiro, Mas a casa dos meus avós Era perto da do Barbeiro.
[...]
E lembrei-me agora dele, Porque o via amiúde, Levava a pasta com ele No tempo sorria saúde.
[...]
Acho que usava chapéu, Sua conversa era calma, E por ser nosso ilhéu Rezo, nesta, p'la sua alma.
[...]
Poucas falas então tinha Porque era uma pequena; Mas agora esta "vizinha" Canta-lhe a sua pena.
[...]
Se na altura eu lhe canto, Uma quadra ao Deus dará, Por volta do Espír'to Santo Teria ido ao Canadá.
[...]
O Barbeiro, pessoa recta, Tinha o nome do meu avô, Daquele não sendo neta, A rima p'ra mim voou.
[...]
Se dom trago de nascença, Já sei quem me deu a musa, Foi muito de uma crença Que nossa terra bem usa.
[...]
É do Culto do Divino, Que inspira qualquer um, Que O segue de pequenino E nesta ilha é comum.
[...]
Lembro que a minha mãe, Da Serreta, tão devota, Ao «Pezinho» queria bem, Agora, por mim, se nota.
[...]
Delegou-me o desafio, Quando a alma foi p'ro Céu, E até eu me arrepio Com a força que me deu.
[...]
Não pensem que improviso Sempre na hora que quero; Há dias que meu juízo, Se é mudo já desespero.
[...]
Uma mulher não se atreve A cantar com os demais, Dizem que a mulher não deve Ir além dos seus quintais.
[...]
Agora aqui apareci, Com o gosto mais profundo, À Virgem dos Milagres pedi, Que o verso fosse fecundo.
[...]
Ela é nossa Padroeira, Lá feliz no Santuário, É a Mãe da ilha inteira, E de quem ama seu Rosário.
[...]
Eu sou uma pessoa crente Mesmo qu'isso não se note, Cá dentro 'inda é fervente O que me deram de dote.
[...]
Não há amor verdadeiro Nem razão para viver, Se não tivermos primeiro, Um exemplo para crer.
[...]
O exemplo que recebi Lá no seio dos meus pais, Foi com ele que venci Muitas batalhas reais.
[...]
É na luz do firmamento, Que debruço o meu olhar, Se vejo que não aguento Algo que venha atacar.
[...]
A fé trago de um monte, Vestido de solidão, Na Serreta, ali defronte, Trouxe do mar a visão.
[...]
Esta foi a vez primeira, Que simulei cantoria, Se for esta a derradeira, Feliz fui por um só dia!
A Cagarra Azoriana Rosa Silva ("Azoriana") 2008/07/26
Nota: Dedico estas quadras à minha família e por alma do Sr. Manuel Gonçalves Correia de Melo Júnior e do meu avô que se chamava Manuel Gonçalves Correia, da freguesia da Serreta, concelho de Angra do Heroísmo, ilha Terceira - Açores.