A magia da Cantoria (ao desafio)
A propósito da leitura que estou fazendo, apaixonadamente, ao livro "Aurora e Sol Nascente", nascem-me quadras de improviso escrito. O cantado penso que não é tão fácil, daí que a Turlu foi (e é) a Rainha da Cantoria ao Desafio e isso ninguém ousa negar.
A magia da Cantoria (ao desafio)
A Turlu, eu abracei
No retrato duma folha;
E no livro procurei,
Do autor, nobre recolha.
Na hora que aconteceu
Esta honra especial,
Alguém ligou e convenceu
Acordo de um ideal.
Mais um sinal dos céus,
Onde a Turlu estará,
Olhando p'los seus ilhéus
Que 'stão na banda de cá.
A surpresa num baú
Guardei. Soube a Lua Nova;
Hei-de cantar por Turlu
Qualquer dia uma trova.
Ó Querida Angelina,
Flor da terra e do mar;
Cumpriste a tua sina:
Bela Aurora a brilhar!
A paixão pela cantoria
Tive sem te conhecer,
'Inda bem chegou o dia
De ti tudo, enfim, saber.
"Aurora e Sol Nascente"
Da Turlu e do Charrua
É aro resplandecente
Que nos corações actua.
Bem-haja o seu autor,
Sobrinho da Cantadeira,
Com seu estro de valor
Fez-me lágrima certeira.
"A mãe 'stá a chorar por dentro,
E agora chora por fora";
- As lágrimas vêm do centro
E de mim não vão embora.
À cento e setenta e três,
Página que estava a ler,
Ouvi p'la primeira vez,
O "Pipoca" (*) a tecer...
Uma cantiga, talvez,
Pelo bem de bem-querer.
Rosa Silva ("Azoriana")
(*) "Pipoca" é a alcunha do meu filho mais novo (11 anos) que segue, a par e passo, toda a minha inspiração e colabora, muitas vezes, quando lhe peço: "Vem depressa... traz a caneta e papel...", ao que ele responde: A mãe teve outra ideia?
Ultimamente, até quer antecipar-me a dar-me alguma ideia. Isso deixa-me muito feliz. As ideias vão passando de geração em geração. É por isso que na ilha Terceira talvez nunca acabe o gosto pelo improviso popular. Será que mais alguém faz ideia do quanto amo essa arte popular?