Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana).
Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1
Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos
Motivo para escrever: Rimas são o meu solar Com a bela estrela guia, Minha onda a navegar E parar eu não queria O dia que as deixar (Ninguém foge a esse dia) Farão pois o meu lugar Minha paz, minha alegria. Rosa Silva ("Azoriana") ********** Com os melhores agradecimentos pelas: 1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3" 2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze" 3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor" **********
O que lembro de Camões
São as "armas e os barões"
Da minha dificuldade;
A pequena da Serreta,
Que vinha de camioneta,
Decorava-o, noutra idade.
Hoje, tudo de mim voa,
Não sou a mesma pessoa,
Nada retenho na mente.
Vão à solta meus escritos
E se os acharem bonitos,
É porque neles sou crente.
Digo com toda a franqueza
Gosto de ser portuguesa,
Muito mais açoriana;
E se isto for pecado
Espero me seja perdoado...
A bandeira não engana!
E Nemésio bem nos fica,
Com poesia tão rica,
P'ra quem o soube estudar.
Ele é inconfundível,
E na rádio era audível:
"Se bem me lembro", no lar.
Rosa Silva ("Azoriana")
Post .Scriptum:
Cansam-me os dias cinzentos, sem rima. Alegra-me a toada do mar na lua cheia da vida. Uma imagem da lua também me encanta, apaziguando os silêncios de voz alta. Durmo em relâmpagos de sonhos, sem descanso. Acordo num mundo redondo e escorrego na linha do horizonte e caio. A rima é que me dá a mão e salva-me com os sorrisos frescos... Procuro-lhe o rosto, sem sucesso, porque o meu está cansado. Volto a adormecer, na tentativa de encontrar a claridade da lua cheia como a que vejo presa em fotografia.
Há uma paz breve porque a lua, se cheia, traz-me a identidade. Sou do luar e gosto de rimar, na redonda ilha que me sossegou no berço da terra alta, junto à pequena serra que avista o mar, de mãos postas... Vejo sempre a terra e o mar de mãos postas. São manias visuais que só uma ILHOA pode ter. Só agora me passou pela cabeça este feminino singular de ILHÉU depois do Mestre me ter chamado a atenção para o meu sentir ilhéu. Ele é que tem razão e faz-me feliz por me dar a educação das vírgulas. As vírgulas que raramente coloco no lugar certo... São pecados de uma ilhoa que gosta da lua cheia e escreve à toa.
Como aquela dupla fantástica (mais o lagartinho) do "Arnaldinho Pergunta...? ...!", que costuma vir no jornal "A União" e que eu adoro ver e ler, e se eu soubesse desenhar até que fazia um quadro com algo assim:
1ª:
- Já viste aquelas imagens que saíram no blog da Azoriana?!
- Ainda não... Podes adiantar o que se passa?!
O lagartinho pensa: "Eh, hôme!"
2ª
- Não vou adiantar nada para não ires a correr daqui para fora...
- Então, porquê?...
O lagartinho pensa: "Querem ver que..."
3ª
- Não digo, não digo e não digo!...
- Agora é que vou mesmo a correr...
O lagartinho pensa: "Hôme... também eu..."
Mas como não sou jeitosa para "plagiar" tais desenhadores e tais crónicas, fico-me por aqui à espera da chegada dos que vêm a correr... hehehehehe
Deves estar admirada de eu não escrever-te. Não é por mal mas porque hoje ainda não desci à terra, parece que ainda ando no céu das cantorias. Pois senta-te bem que eu vou tentar contar-te tudo como foi.
Saí do serviço por volta das 16 e tal. Fui a casa vestir-me melhor pois já previa que a cerimónia caseira fosse de requinte. Entretanto chegou o meu acompanhante e fomos de táxi até ao Pezinho da Casa de Luís Bretão. Foi fácil encontrar a casa que está até identificada com uma placa pequena no portão de entrada. Toquei a campainha e apareceu um moço, que vim logo a saber que é o filho do próprio. Muito simpaticamente disse-nos que entrássemos porque a porta estando aberta é sempre em frente e entra toda a gente. Assim foi. Entrámos devagarinho. Eu ia na frente e o meu olhar procurava o que já tenho por grande amigo - Luís Bretão… Avistei-o logo e alarguei o sorriso e o passo. Cumprimentei-o e ele retribuiu o cumprimento muito feliz. Estava nas suas quintas, como se costuma dizer. Presenteou-nos logo com uma fita alusiva ao evento e apresentou-nos o seu quase museu de cultura. Por todo o lado se viam lembranças e recordações do seu mundo fantástico de interesse pelo que é genuinamente regional e nosso. Que maravilha! O meu olhar perdeu-se de amores por aquele momento. Estava como que hipnotizada de encanto.
Já lá estavam algumas pessoas e, entretanto, foram chegando outras. Muitas caras conhecidas de um nível social bem diferente do meu mas, naquela casa, tudo parecia conhecer-se independentemente de ser A ou B. Alegremente se conversava e os sorrisos abriam-se de par em par.
À medida que se ia avançando na tarde eu sentia assim os tais nervos miudinhos, de vez em quando, mas eram atenuados pela palavra amiga de Luís Bretão que vinha saber como eu me sentia. Da mesa repleta de iguarias, queijos e doces, ia-se tirando uns nacos de confraternização. Aquele salão de amizade estava cheio à cunha. Até no exterior, o pátio transbordava de gente.
Mais tarde, já a noite avançava sem se dar por isso, chegaram os tocadores e os cantadores convidados e presentes no desfile do tradicional Pezinho de São Carlos. Aqui sim, eu senti como que um estrondo em mim.
- É agora! Meu Deus, chegaram todos. Que lindo! Pensava eu. A cena não podia escapar-me. Cumprimentos, sorrisos, abraços, euforia total de fotografias e gravações para ficarem cá e para irem para o estrangeiro pela mão do senhor Brum que vem sempre do Canadá na senda destes amores.
E lá estavam todas as caras que eu já conheço e que já parecem ser da família – os Cantadores da Terceira.
No meu canto, fui tomando atenção a todas as palavras que Luís Bretão ia, apressadamente, aplicando a cada homenagem que fazia e foram tantas que não consigo enumerar. O que interessa é que todas as áreas de educação, desporto, cultura, emigração, amizade, etc. foram contempladas na pessoa dos seus amigos que iam sendo chamados, um a um, para receberem uma lembrança feliz.
Depois, chegou um momento que me senti corar… Ouvi o meu nome e perante aquela gente toda, aventurei-me a dizer o que vou tentar lembrar e apercebi-me do carinho de quem me rodeava:
Eu até estou a tremer Com tão linda saudação Só lhe quero agradecer Do fundo do coração.
Sem violão e viola saiu-me esta quadra. Podia ter feito melhor mas foi o que me saiu naquele momento. Perante isto chamaram-me para junto dos cantadores. Tinha que botar cantiga, pelo menos uma, que era a decisão unânime dado o atraso para a cantoria que ia decorrer junto ao Império de São Carlos com os cantadores habituais.
As pernas tremiam mesmo. O coração batia forte. Mas, por incrível que pareça, estava tranquila. Afinal isto deve ser fácil, pensei eu. Estou ao pé de gente que já sabe deste meu gosto pelas cantorias, o resto seja o que Ela quiser.
O Mota foi dos primeiros a saber deste meu gosto. O Eliseu anda como que inquieto para me colocar uma das suas quadras que me farão tremer ainda mais. O João (Retornado) até me deu uns bons conselhos. O Paulo Lima só se for em eventos mais reservados pois nunca o vi cantar nos arraiais, mas canta muito bem. O João Ângelo é um caso excepcional e julgo que é um privilégio para quem cantar com ele (Ai se eu tremia, claro que ia tremer como varas verdes…) O José Fernando é o que se aproximou de mim e ficou contente por me ver ali disposta a cantar. Lembrarei sempre disso. Lembrarei também que o Eduíno do Raminho me reconheceu por ser filha do Carlos Picaroto, que vivia na freguesia vizinha da dele. Ele também esteve presente em Maio de 2004 na Briança da minha irmã, na Serreta. Deu-me muita força e coragem. Os nomes que não identifico agora e que lá estavam, não é por mal, é porque não os conheço bem. Nesses que não identifico há um que um dia, se cantar com ele, terei motivos para chorar em público. Ele canta de uma maneira que gosto muito. Não vou revelar porque o segredo é a alma da cantoria.
Quando acabaram de cantar lindas quadras de homenagem a Luís Bretão, este certamente estava com o coração em brasa porque o rosto transbordava de contentamento. Presenteou todos com 5 sacos de lembranças regionais, com a ajuda das pessoas que faziam parte da organização e da comissão das festas do Império de São Carlos. Um desses senhores conversou depois comigo e como é pai de um colega de serviço ainda me chamou mais a atenção. Se não me falha a memória o nome dele é Marcelino Gaspar e notei logo que é um amante de cantorias ao desafio e segue-as com dedicação.
Estava tudo impecável. Os agradecimentos foram tantos que julgo terem tirado o sono ao que eu chamo de Padrinho das Cantorias. A emoção era forte demais para se conseguir dormir sem que o sonho nos fizesse reviver os melhores momentos.
Quando já vinha na volta para casa, e depois de ver a belíssima Exposição de fotografia de André Pimentel, que até vim a descobrir que é filho de pessoas que eu conheço desde infância, e depois de ouvir os duetos de cantadores no palco da Cantoria e aplaudir entusiasticamente, o meu pensamento continuava lá e no meio dos cantadores.
Tentava não esquecer a minha primeira quadra cantada… Acho que foi assim:
Hoje agradeço o convite Que me fez Luís Bretão Aguçou-me o apetite Para a melhor ovação!
Não sei quando voltarei ou se voltarei a cantar ao vivo e enfrentando outros públicos…; não sei se vou conseguir fazer o que um senhor do folclore regional me recomendou para que eu saiba atinar e ir de encontro à música própria e tradicional do Pezinho ou Cantoria; não sei se a minha voz vai aguentar um serão inteiro a cantar; mas o que sei é que mesmo que não volte a tais desafios, dou-me por muito feliz por ter aceite este magnífico convite e por ter abraçado e beijado no rosto o homem que acredita que a nossa Região tem uma marca preciosa: o Amor pelas Cantorias e pelo que é genuinamente nosso, a nossa Cultura repleta de dons.
O Cantar ao desafio em improviso é o melhor dos dons que Deus pode dar a uma pessoa, seja ela homem ou mulher. As mulheres não se aventuram tanto a subir aos palcos mas houve uma que serviu de exemplo para todas: a D. Angelina Sousa Turlu. Não é senhora do meu tempo mas quando conheci as suas relíquias fiquei para sempre fã.
Talvez lá do Céu ela me tenha acenado… Vi isso no olhar de Luís Bretão. Agora estou a chorar, acredita amiga Joanina… A chorar porque ontem não consegui e estava como que hipnotizada. Este choro é daqueles que se chama saudade e nostalgia por não ter abraçado a D. Angelina. Ela iria entender-me na perfeição tal como me entende Luís Bretão…
Angra do Heroísmo, 29 de Setembro de 2008 A Cagarra da Terceira
Cantoria Melra Preta "Amaricana" e "Cagarra Azoriana"
O Improviso da Jo!
Ontem lá para a noitinha, Estava eu na casa minha Veio-me uma inspiração Dei logo um pulo da cama Fui a blog da Azoriana E fiz-lhe uma canção.
Agora cheguei a casa E trazia um grão na "iasa" E ânsias para rimar Já fiz quadras e sextilhas Tudo à conta das rosquilhas Onde é que isto vai parar?!
E as rimas a sair E eu finada de rir Com esta nova faceta Mas a culpa não é minha É toda de minha madrinha E dos ares da Serreta.
Eu fico admirada Até como arrepiada Com mais esta sintonia Estou até hesitante Isto é sorte de principiante Ou “torresmo d' agonia”?
Se eu cantar ao desafio Com minha voz por um fio A minha sorte é tirana Mas nome eu já escolhi Não arredo pé daqui É Melra Preta “Amaricana”!
Joanina, a "Amaricana" 20 de Maio de 2008
Ao primeiro improviso da Jo!
Melra Preta "Amaricana" A "Cagarra Azoriana" Perdeu agora o seu pio... Por momentos eu pensei: Querem ver que eu sonhei Com a Jo ao desafio?! :)
Já te peguei a veneta, Que se cria na Serreta Juntamente com a rosquilha. Tua rima é asseada E já vem abrilhantada Com a ave cá da ilha.
Teu desafio - o Primeiro, Faz-se assim neste terreiro Com foguetes a estalar. Cá p'ra mim eras artista Tinhas veia repentista E não querias revelar.
Já me estou a recompor E vim a todo o vapor Vigiar a tua arte; À história deste dia Faço a vénia em cortesia E Parabéns quero dar-te.
Essa melra é toda negra, E a minha foge à regra E à noite é que canta... Não te vou deixar dormir E quando parar de rir Vou afinar a garganta.
"Cagarra Azoriana" 20 de Maio de 2008
Ó Cagarra toma calma A rima a ti esta-te na "ialma" E a mim só vem por momentos Eu para te acompanhar Vou ter que me esforcar E já sinto afrotamentos
De tanto de ver rimar O jeito fui apanhar E entrei nestes compassos Mas ‘inda rimo devagar E estou-me a inquietar P’ra dar os primeiros passos
Eu aceito o desafio Espero não perder o pio E estar à tua altura Mas se tal me acontecer À bruxa hei-de ir ter Para levar benzedura
É que agora que já rimo E com os versos atino Gostava de assim ficar Cantar assim à maneira Contigo à minha beira E xipápum, foguetes p’r’o ar!
Só tenho uma pensão Que me assombra o coração E me faz ficar em brasa E se eu agora ficar Todo a dia a rimar E me esquecer da casa?
E se não faço o jantar Deixo de a roupa passar E entro nesse desleixo Ai que triste sina a minha Pobre de mim, coitadinha Mas que infeliz desfecho!
É que já estou a ver À Terceira eu ir ter Com as malas de cartão O husband vai-se fartar A net vai desligar E mete-me no avião!
Mas eu também não me importo E tudo eu sei que suporto Venha lá o que vier Agora que já sei rimar Ninguém mais me vai parar Melra Preta até morrer!!
Melra Preta "Amaricana" a cantar com a "Cagarra Azoriana" 20 de Maio de 2008
Segui a cantiga a eito E não encontro defeito Nessa tua nobre estreia. O pior são os maridos Com os olhos bem compridos A assistirem na plateia.
São eles a cozinhar Para nos ouvir cantar À tona destes artigos: O pior são os tomates Que vão "guindá" dos açafates Com ar de poucos amigos.
E se tu fores à bruxa Vê lá se ela te puxa Mais sextilhas nesta moda; Estás pronta para a dança Não percas a esperança Nem fique a cabeça à roda.
Enquanto a gente aqui canta Ninguém nesta casa janta À espera desta resposta: Já fizeste todos rir Como vai ser para dormir Se nossa gente até gosta?!
Agora fico eu feliz Porque não és aprendiz E cantas bem, sem demora; Deixa lá a casa da mão Pega na mala de cartão Com o husband vem embora.
Vens às nossas Sanjoaninas Vês meninos e meninas A desfilar na Rua da Sé. E trazes o teu bichano Que o povo açoriano Gosta de gatos ao pé.
Um "ice-cream" vamos comer Algodão-doce a verter Nas mãos pela rua acima. Na rica iluminação Dão-se "Vivó's" a São João Que a rima tanto estima.
"Melra Preta até morrer" Na rima que está a fazer Está pronta pró arraial... 'Inda te vão convidar P'ra no palco improvisar Nessa noite maioral.
"Cagarra Azoriana" a responder à Melra Preta "Amaricana" 20 de Maio de 2008
P’r’os maridos tenho cura Coisa de muita procura E de pouca ralação Cada um num tabuleiro A ver qual o que vai primeiro Faz-se uma arrematação!
E em cima do palanque Que há-de ser coisa bem estanque Para que a gente não cair Põe-se também os tomates Que estão nos açafates E o que mais está para vir.
No meio do desafio Quando eu estiver sem pio Tu bota de arrematar E estas bravas cantadeiras Já arranjaram maneiras De os tomates rifar!
Pois aqui está na mesma Eu estou como uma lesma E só penso em rimar Hoje vai ser daqueles dias Que está a ir pelas vias De o husband não jantar.
Pois há-de ter paciência Que isto tem sua ciência E eu nem sequer almocei Estou agarrada à rima Que não lhe saio de cima Olha que eu nunca pensei!
Tu não me dês a ideia Que então nem jantar, nem ceia De eu para as festas me botar É que eu nas malas agarro E mais veloz que um cagarro À Terceira vou parar!
E levo a cadeirinha Que eu já estou velhinha Para armar na Rua da Sé Tu já tens tudo “pansado” O husband fica ao lado E o gato fica ao pé
Agora fico a ferver E até estou toda a tremer Com a ideia primeira Quem sabe arranjo um contrato Faço como o Malato E vou rimar p’ra Terceira?
O husband está a chegar E vou ter de disfarçar Fingir que está tudo normal Se sonha que o quero rifar Ainda fica a espumar E vai parar ao hospital!
E embora o queira rifar Não me dá jeito ficar Com o "home" aleijado Por agora vou parar Embora com muito pesar Mas vou pregar p'r' outro lado
Adeus madrinha querida Que me mostraste esta vida A vida de cantadeira A ti devo a descoberta Que agora já é certa De rimar desta maneira
"Melra Preta Amaricana" a responder a "Cagarra Azoriana" 20 de Maio de 2008
Olha se arrematação Nos levanta o alçapão Vai-se o melro e o cagarro... Depois não temos saída Ambas de asa partida?! Não é desta que desgarro :)
E bem vista a ocasião Mais vale o pássaro na mão Que ver os dois a voar E no meio da cantoria Vão fazer-nos companhia Violas lhes vamos dar :)
E para dar o arranque Vamos p'ra cima do palanque Com os ditos arrematados: Levantamos bem a asa A cantiga extravasa Nestes ares abençoados.
A rima está no papo Arranjei um guardanapo Par'aguentar o meu riso. Olhem bem esta Melrinha Da Cagarra boa vizinha No que toca ao improviso.
Já veio outra rodada Sextilha em debandada Onde o humor transparece. E esta noite sonhei Que p'ró palco me botei... Ai Jesus se isto me aquece?!
No feriado desta terra O Corpo de Deus descerra E há em Angra cantoria: P'rós lados do Corpo Santo Celebram o Espírito Santo... Se viesses, a gente ia. :)
A Melra Preta "Amaricana" E a Cagarra Azoriana, Nem que seja em pensamento, Vão estar cá deste lado; Vens num voo bem picado P'ro Corpo Santo e São Bento.
Depois ficas mais uns dias Em São Pedro e outras vias P'ra cantar ao desafio. E de cá não abalavas Ficavas para as touradas Qu'este ano são a fio...
Prepara bem tuas malas E p'ra Terceira abalas Com toda essa euforia... Lembra-te que a rosquilha Abriu caminho p'ra ilha Com sorte p'ra cantoria.
Podes trazer cadeirinhas, Que eu também 'tou velhinha, E amarras à Rua da Sé: Em frente à Catedral Verás todo o arraial Com teus gatinhos ao pé :)
Fazes as vezes do Malato Com o teu negro fato E um belo dum sorriso: Vens rimar para a Terceira; És esperta cantadeira, Tens o dom do improviso.
Obrigada! E vou parar, Embora esteja a rebentar P'ra seguir com as cantigas: Viva a prima Vitorina Que fez rosquilha tão fina P'ro "bodo" destas amigas!
"Cagarra Azoriana" na 3ª resposta à "Melra Preta Amaricana" 21 de Maio de 2008
Hoje não atino a nada Estou como "espravoada" De tanta rima fazer De noite enquanto dormia Rimas, mais rimas fazia Isto assim não pode ser!
Toda a noite eu rimei E o husband espantei Co’ este meu novo talento Ele só abria a boca E não era coisa pouca: “Oh melher, tu toma tento!”
Venho o blog espreitar E nem quero acreditar No que eu estou a ler Cagarra num comentário Ja nos traçou o fadário Que uma página vamos ter!
Isto é coisa asseada Agora náo falta nada Já temos tudo no papo, A Cagarra a rimar Melra Preta acompanhar Tudo na página do SAPO!
"Melra Preta Amaricana" a responder a "Cagarra Azoriana" 21 de Maio de 2008
Também estou "espravoada" Agora não tarda nada 'Inda vai nascer teu fado; Tu que cantas muito bem Talvez conheças alguém Com guitarra p'ro teu lado.
Na cama não descansei Sonhei, sonhei e sonhei Que vinhas ao Corpo Santo. Já tinhas montes de fãs E bifanas nas certãs Para o povo qu'era tanto.
Melra Preta tem talento E não perde um momento Para "botar" sua rima. E de cada comentário Vou a correr ao fadário Que nossos selos encima.
Será que o SAPO já viu A obra que se abriu Numa dupla asseada? Vou chamar sua atenção Com padrinho em acção Fica a marca "rezistada".
A "Carraga Azoriana" responde ao "rezisto" da Melra Preta "Amaricana" 21 de Maio de 2008
P.S. Um dia, quando eu cá já não estiver, diz a meus filhos que os amo muito e também à pessoa que acompanhou este meu sonho porque apesar de não se atrair muito por cantoria, provou, mais uma vez, que o amor move montanhas e no dia 25 de Setembro de 2008 esteve sempre do meu lado. O que posso querer mais? Que Deus me perdoe os pecados de um passado menos bom.
Um grande abraço, amiga Paula Belnavis desta que se assina por Rosa Silva (“Azoriana”)
Resposta da amiga Joanina
Califórnia, 26 de Setembro de 2008
Querida Amiga,
Agora quem chora sou eu!!! Que carta linda esta que me escreveste...
Acho que até nem sou merecedora que alguém me escreva um coisa assim.
As tuas palavras fizeram-me viajar ate a casa do Luís Bretão, pois eu própria, quando fazia parte de um Grupo Folclórico, também tive o prazer e a honra de assistir a um desses Pezinhos. E é tal qual como tu descreves!!...
Fico feliz com a tua felicidade, e tenho a certeza que lá do céu, onde ela está, Trulu, também está feliz por tão bem teres representado a raça das mulheres da nossa terra.
Obrigada por teres partilhado comigo o que viveste, e obrigada por mais uma vez me "levares" contigo, e com as tuas palavras encurtares a distância, e a saudade, que me separa da minha Terceira e das suas tradições!
Se é pouco o que eu faço
Tenta fazê-lo melhor
Se falares do meu espaço
Não o sangres... porque há dor.
E se a tua fatia
For muito melhor que a minha,
Não desprezes o meu dia
Porque o teu p'ra lá caminha.
O humor quando é negro
E no branco vai cair
Fica logo alvinegro
E pode até denegrir.
Nunca leves tanto a peito
A espada que fuzila
Porque há sempre o direito
De contrapor quem refila.
Há quem diga que desprezo
É o melhor na má hora
Quando o corte nos é leso,
Nos fere e nos devora.
Mas desprezo não te tenho /Tudo é fruto do engenho
Garantido está o humor / Que cada alma até tem
E se lês algum desdenho / Há também quem tenha empenho
Tenta encontrar-lhe valor. / De querer sair-se bem!
Rosa Silva ("Azoriana")
P.S. A propósito de umas coisas que ando lendo. Há uma melodia que se adapta a estas quadras quase na perfeição mas não vou revelar pois podem não gostar.
Estou contente. Duas mensagens graciosas alegraram a manhã que se escurece pelas nuvens quase chorosas, convidando ao recolhimento silencioso que é desperto pelas toadas "Inter-Ilhas".
Uma das mensagens, relativa ao artigo que intitulei de O Sangue da Uva, é do próprio autor das excelentes fotografias que jamais esquecerei. Todas as imagens são lindas mas as da página 33 fizeram-me soltar quadras imediatas e tive o "feed-back" que me colocou um sorriso grande. Obrigada, caro Magina, pelas palavras tão gentis e agradáveis de se ler.
A outra mensagem é uma surpresa que será revelada o mais breve possível e que causará algum espanto (ou talvez não), depende do olhar de quem verá o que por aí vem... Espero ser o princípio de algo ou, então, o arrumar das botas, como se costuma dizer quando a coisa dá para o torto. Cada um é para o que nasce e eu parece que nasci para rimar. Bem ou mal isso é outra história mas que sou feliz assim lá isso sou.
E hoje é dia do Idoso. É o mesmo que dizer o dia do Sorriso. Há muitos idosos nas ilhas e além-mar e temos a obrigação de lhes sorrir porque se eles são idosos é porque já deram e continuam a dar um valioso contributo à humanidade. Nunca se despreze um idoso porque ele é o espelho do futuro de todos nós que ainda nos vemos numa fase pré-idosa...
Lembremo-nos que ser idoso é conseguir passar a barreira que muitos jovens não conseguem passar.
Ser idoso é abrir a porta da sabedoria e da experiência.
Quadras dedicadas a D. Clarisse Sanches Poetisa de Góis - Portugal
Quem faz bem neste mundano Recebe novo tesouro Que no coração humano Chega a valer mais que ouro.
Há uma quadra feliz Que se canta com verdade: Ajudando, há quem diz, Ganha-se a eternidade.
Quem se sente predestinado Para ajudar um irmão E aceita esse cajado É Pastor de coração.
Lembro agora os Pastorinhos Que seguiram sua Mãe E até pelos caminhos Rezavam o Terço também.
E há quem faz sua reza No Outono duma vida Toda a quadra embeleza Com o verso-flor garrida.
E nas Glosas coroadas De uma grandeza d'alma Serão pra sempre lembradas Nos ecos da maior palma.
Muito obrigada! Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: Os versos que fiz são o agradecimento público dos 2 livros que Clarisse Barata Sanches me enviou: "Góis e seus Poetas - 2ª edição" e "Hinos da Tarde".
E destaco uma quadra que me sensibilizou muito, deste derradeiro título acima escrito:
"Pode o filho estar na cela, Ser ladrão ou vagabundo, Mas será sempre p'ra ela O melhor filho do mundo!"
E esta:
"Coração de mãe, ardente, Deus fê-lo à prova de chama! E o facto é bem evidente: - Quanto mais sofre, mais ama."
O vinho é sangue da uva Que sai do lagar a rodos; Se acenta como uma luva É quando estamos nos Bodos.
Está vivo em curraletas E p'rós cestos se entrega; As uvas brancas e pretas Sob os pés levam esfrega.
Deste sangue em demasia E se fresco nos é dado Provoca tal maresia, No ventre canta apressado.
Mas Cristo o elegeu Para ser Sangue de Vida Todo aquele que o bebeu Provou da Santa bebida.
Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: Este surgiu-me a propósito das imagens lindíssimas da página 33, do livro "O Ciclo do Espírito Santo", Ilha Terceira, Açores, Portugal. Magina. Angra do Heroísmo, Fevereiro 2007.
Fico com a sensação que o Espírito Santo ilumina o seu Portal todo tal é o manancial de informação e dedicação que lhe dedica.
Agradeço, sempre, o que de meu publicou e tenho uma enorme felicidade por ver que a Serreta ocupa espaço de relevo, pese embora a freguesia seja pequena em população mas tem uma grande devoção em tudo o que se relaciona com o Divino Espírito Santo e com a padroeira Nossa Senhora dos Milagres.
Serve este artigo para informar que outras manifestações vão surgindo pela blogosfera, de que faço parte, relacionadas com o Espírito Santo e as Festas dos Impérios. Este ano tenho alguns artigos compilados dedicados a Luís Bretão, que reside em São Carlos, ilha Terceira, que foi a personalidade que me despertou outro sentimento e que prova que o Espírito Santo está em toda a parte.
O sentimento, comum a ambos, tem a ver com o gosto pelas nossas tradições culturais, sobretudo na parte que se refere ao improviso das cantigas ao desafio que, nesta altura, ainda fazem parte integrante de algumas Festas dos Impérios, nomeadamente do de São Carlos. Isso faz com que ele reúna pessoas à sua volta para lhes dar incentivo a continuarem plenos de encanto e devoção pelo Divino Espírito Santo, que em cada ilha se comemora de maneira diferente mas com o mesmo amor.
É de louvar todo o trabalho divulgado no “Portal da Festa do Divino Espírito Santo no Brasil e no mundo” pelo Prof. Sergio Manoel. Espero que, mais uma vez, possamos fazer parte desse fabuloso mundo. Obrigada.
Nota prévia: Uma oferta antecipada, escrita de improviso, em 2008/07/23 dedicada à Quinta-feira de S. Carlos, ilha Terceira, Açores, na residência de Luís Bretão, integrada nas Festas do Império de S. Carlos 2008.
As quadras que se seguem não foram cantadas. Foram entregues a Luís Bretão para que ele ficasse com a recordação da primeira vez que fui convidada a estar presente na confraternização que conta 10 anos tendo apenas tido 2 anos de interrupção por motivos de força maior.
Graças a Deus, fico muito feliz por vos puder mostrar o que escrevi e dei pois ambos estávamos vivos nesta data e podemos conhecer o gosto que ambos temos pelas nossas tradições de Pézinho e Cantoria. Então foi assim:
"O padrinho da cantoria"
Agradeço ao senhor Bretão Por estar em sua casa; Do fundo do coração A cantoria me abrasa.
A São Carlos, os cantadores Vêm fazer um brilharete: Esta é a ilha dos Açores Que merece este banquete.
Luís Bretão homem valente Com gosto pela cultura: Dou-lhe versos, mui contente, Numa ovação de ternura.
Este canto inicial É do Caminho do Meio, Num dia especial De alegria no recheio.
E a todos que aqui estão Nesta nobre convivência: Bendigo a ocasião Que tomo o gosto à ciência.
O «Pezinho» é uma arte C'roada p'lo Espírito Santo; Cantadores por toda a parte Vestem o seu rico manto.
A Turlu, mulher das rimas, Deixou-nos um bom legado, P'ra ela louvores e estimas Da "Cagarra" deste lado.
Mário Pereira da Costa, Um sobrinho de valor, Escreveu como se gosta E plantou no livro Amor!
E na quadra derradeira Me despeço, sem demora Sou «Cagarra da Terceira» Da Serreta fui outrora.