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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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As rugas da estação

10.09.08 | Rosa Silva ("Azoriana")



Não olhem pra minha cara
Que de rugas já se veste...
A beleza é muito rara
Na cinza de um cipreste.

Dos ramos voam as folhas
Trazem Outonos à vida,
Restando poucas escolhas
À árvore, ora despida.

Só há beleza nas cores
Das nervuras do amor:
Nestas ilhas dos Açores
Cada rosto é uma flor.

Ergo, então, a viva taça
Às rugas da estação,
Que por cada alma passa
No adeus de cada Verão.

Rosa Silva ("Azoriana")

Hoje faço 7 anos

10.09.08 | Rosa Silva ("Azoriana")

1971. Quinta-feira. 13:00. Dia de Petas. Hoje faço 7 anos.

Uma azáfama percorre a cozinha. Eu estou na sala curiosa. Não querem que veja nada. Estou na Escola Primária. Não gosto da escola mas gosto da senhora professora e tenho de chegar a horas. Ela quer que eu comece a escrever com a caneta porque o giz e a pedra já estão fora de moda. Tivemos todos que nos benzer e rezar uma coisinha antes de começar a aula. Não me apetecia rezar muito porque já tinha rezado tudo na véspera de hoje, mas tive que mexer a boca para saberem que eu estava a rezar. Hoje é dia dos meus anos e não há tempo para rezar tudo. Rezo só uma coisinha mas não fui capaz de dizê-lo à senhora professora. Também queria dizer-lhe tanta coisa mas Hoje faço anos, e só quero ir para casa... mas não o disse. Nunca digo nada. Tenho vergonha e medo de levar com a régua. Fiz mal.

Finalmente chegou a hora de ir saber se tenho um jantar com um bolo. Estão todos muito calados e a olhar uns para os outros com um sorriso às escondidas... Será que não se lembraram dos meus anos?! Vou fazer os trabalhos da escola. Uma cópia, umas contas de contar pelos dedos, ler a lição outra vez...

Batem à porta. Minha mãe vai abrir e fica a falar baixinho. Não ouço nada. Levantei-me para também ir ver quem era mas a minha mãe não deixou ver. Fico triste e volto para o estrado junto da janela da frente. Subo para o estrado e olho o mar. Está lindo. As flores do jardim também estão lindas. Quem cuida delas é a minha avó. É bonito fazer anos Hoje. Está tudo bonito. O moinho trabalha para nos dar a farinha para o bolo (será que tenho bolo?!). As galinhas cacarejam contentes porque já nos deram os ovos (será que tenho bolo?!). As vaquinhas deliciam-se com as ervas frescas para nos dar o leite tão gostoso (será que tenho bolo?!)... Tenho de acabar de ler a lição para ir para a mesa que já está com os pratos... Mas hoje parece que exageraram. Para quê tantos pratos?! Será que tenho uma festa?!

A minha mãe manda-me lavar as mãos e arrumar tudo porque o pai está quase a chegar do trabalho. Ele vem na camioneta que deu quase a volta à ilha. Vai chegar muito cansado. Parece que dorme umas sonecas na primeira cadeira da frente. É o seu lugar preferido e todos os colegas sabem disso. Talvez seja para não passar mal de viagem ou então para ver tudo muito bem. Será que ele se lembra que faço 7 anos?! Tudo pronto. Livro e caderno arrumados. Mãos lavadas. De repente abre-se a porta e entram todos: meu padrinho, madrinha e primos e cantam: Parabéns! Nisto meu pai chega e fica que parece estar comovido.

Chega a hora do bolo. Não há bolo. Peta! Peta! Aí vem ele.

Rosa Silva ("Azoriana")

Um dia de luxo

10.09.08 | Rosa Silva ("Azoriana")

A rapidez da manhã
Levou-me por novos ares
De desejos singulares
Nesta ilha tão cristã.
Fui por ruas e escadas,
Abri as portas vidradas.

No silêncio abençoado,
Onde há santa virtude
E a fé dá mais saúde,
Encontrei o esperado:
Uma carta, um presente,
Dado com ar sorridente.

Um dia de luxo assim
Fez-me feliz de verdade,
Quando desci à cidade,
Via tudo num jardim...
Hoje é dia da Canção
Com letra da minha mão.

E a voz já lhe foi dada
Com vigor e alegria,
[É o luxo deste dia],
Falta pouco ou quase nada
Pra se ouvir à maneira
Moda brava da Terceira.

"Aqui vai a canção
feito à minha maneira
para a vossa apreciação
minha colega e companheira
Feita de alma e coração
por este amigo da Terceira.
"

Assina com um abraço
E um sorriso me conquista:
Victor Santos é Artista
Que prezo no meu espaço.
Fica assim aqui gravado
O momento tão esperado.

A letra eu já conheço
E a voz que a enfeitou
Muito melhor a cantou.
Desde já eu lhe agradeço;
O seu dom hoje merece
O aplauso que enaltece.

Diz ele que é um cheirinho
Do que depois vai fazer;
Ninguém pode desfazer
O que é feito com carinho.
O «Olé, Bravo Taurino»
Irá ter um bom destino.

Rosa Silva ("Azoriana")