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A minha porta de entrada
Por dentro está pintada
Para bem vos receber;
Aos poucos vai-se compondo
Tudo o que ali se foi pondo
P'ra melhor nos parecer.
O quintal tem outra cara
A limpeza não é rara
E vai-se levando a eito;
Falta só a sementeira,
Bem à moda da Terceira,
P'ra surtir algum efeito.
São os nabos e as couves
E "Oh, rapaz tu não ouves
Que já não podes brincar
Nessa parte que é de terra
E que a semente encerra
Para um dia germinar!"
Depressa há pouco quem
Possa tudo fazer bem
Ou mesmo duma só vez;
Agora o que interessa
É que a muda feita à pressa
Enfeitou melhor o mês.
Dia OITO de Novembro,
É dia que bem me lembro,
Do ano dois mil e oito:
A família mais chegada,
Reuniu e fez-se à estrada
Com um amigo afoito.
Dez dias conto agora
Desde a muda, sem demora,
P'ra casa do S. Mamede (*),
Que no cimo da fachada
Faz saber que na morada
O sorriso já se mede.
Da Serreta p'rós Altares,
Mais tarde mudei de ares,
Rumei p'ra Santa Luzia
De Angra do Heroísmo...
[Em Corpo Santo, o lirismo,
Outro rumo me trazia].
'Stou de volta aos Folhadais,
Para o verde dos quintais
Que beijam o tom do vento:
Agradeço à minha mãe
E ao ido pai também
Pela vida do momento.
Rosa Silva ("Azoriana")
(*) São Mamede: É
orago da freguesia S. Mamede. Um indício mais, afinal, da antiguidade
do seu povoamento, já que o seu culto foi introduzido na Península
Ibérica durante o século X, tendo chegado logo de seguida a Portugal e
a esta região. Apesar de os documentos ainda não permitirem distinguir
todas as igrejas paroquiais da época, presume-se que S. Mamede já o
seria.
Festejado a 17 de Agosto, S. Mamede foi um glorioso mártir, com data
exacta do seu nascimento desconhecida. Sabe-se no entanto que morreu
em 275, em Cesareia da Capadócia. Era pastor e movido pela Fé, fez um
altar no deserto, onde pregava a palavra de Deus aos animais
selvagens. Fazia queijos com o leite das fêmeas desses animais, que
depois dava aos pobres. Preso, foi lançado às feras, que
inexplicavelmente não lhe tocaram. De seguida escapou milagrosamente
dum forno a que o condenaram. Finalmente, foi estripado com um
tridente. Os seus atributos são o tridente, um leão, corças leiteiras
e outros animais. As entranhas escapam-lhe do ventre. É um santo
lendário. É o padroeiro dos bombeiros (porque apagou um incêndio com
as suas lágrimas) e também dos queijeiros e fabricantes de
lacticínios. (in Freguesia de Ventosa - http://www.serroalto.com/genealogia/pafn09.htm
e "Jornal de Trofa" freguesia de S. Mamede do Coronado -
http://www.jornaldatrofa.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=1949&Itemid=140)
São Mamede é o padroeiro da Vila de Perafita, em Portugal (ver http://www.jf-perafita.pt/padroeiro.php com a HISTÓRIA) e uma freguesia de Lisboa (ver http://www.f-saomamede.pt/), entre outras (ver http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Mamede). O leão é um símbolo comum em alguns dos
Brasões.