A D. Clarisse B. Sanches
Boa
amiga,
Desse teatro que fala,
Por cá nunca ouvi tal
acto;
Esse quadro me regala
E é vosso, é um facto.
O
"enterro do Bacalhau"
Por aí tem muita fama;
E olhe que não é
mau
Se o preço não reclama.
Parabéns lhe quero dar,
Pela
peça que então fez;
Saiu bem seu rimar,
Li quase tudo, duma
vez.
Por cá temos procissões,
Com Jesus e sua Mãe,
"Dos
Passos", são opções
Que a nossa Igreja têm.
A Via Sacra se
faz,
Com o quadro na parede;
E se o clima não
desfaz
Seguem todos essa rede.
É uma rede cristã,
Que não
caiu em desuso;
Da tristeza não sou fã
Mas a ela me
acuso.
É que ver Jesus pregado,
Por causa de todos nós,
E
vê-lo assim amargurado
Embargo depressa a voz.
Se não sigo
na Procissão
De Passos ou Senhor Morto,
Peço logo a
permissão
Para olhar para o meu horto.
Mas não devo
permanecer
Numa "Sexta-feira Santa",
Porque Deus há-de
querer
Que a alegria seja tanta.
E mais alegres
seremos
Se soubermos aclamar
O Deus em que nós cremos
E que
melhor sabe Amar.
Adeus, amiga querida,
Que em Góis tens teu
encanto,
Louvar-te-ei toda a vida
E aos versos que adoro tanto.
E que
Deus nos humanize
E alivie qualquer dor,
Nos retire desta
crise
Aumente a paz e o amor.
Rosa Silva
("Azoriana")