'Bora para a Serreta...
É que amanhã, 25 de Abril, feriado, sábado ao serão, nada melhor do que ir à Sociedade Filarmónica Recreio Serretense, para comemorar com "Fala Quem Sabe". É isso mesmo, bora... bora!
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É que amanhã, 25 de Abril, feriado, sábado ao serão, nada melhor do que ir à Sociedade Filarmónica Recreio Serretense, para comemorar com "Fala Quem Sabe". É isso mesmo, bora... bora!
Há sempre feriado
Dado à liberdade;
Há sempre um ditado
Que em chama invade.
Há sempre o Abril
Das Forças Armadas;
Há sempre o perfil
Das armas caladas.
E louvam-se os cravos
Da rubra Nação,
E cantam os Bravos
Da terra a Canção.
De Zeca Afonso
«Grândola Vila Morena»
Poema / Responso
P'ró Dia em cena.
E arde minha alma
Por cantá-lo assim;
É voz que me acalma
Em doce alfenim.
Era eu criança,
Dez anos já tinha,
Nascia esperança,
Liberdade vinha.
À rádio local
Todos se colavam:
Grita Portugal!
E os gritos voavam!
E grito agora:
Que se foi embora?!
Rosa Silva ("Azoriana")
Esta coisa de
blogar... É um vício gostoso que, para quem vive rodeado de assuntos
apetecíveis, tem sempre mote para um novo artigo (post). São os postes
da escrita que nos levam a comunicar com os olhos do mundo (que tem
acesso a este cibermundo) ansiosos por ver o que nós vamos revelando.
E são as revelações do nosso - "eu" - decoradas com o ambiente que nos
rodeia que fazem com que os laços de amizade nasçam e se atem cada vez
mais.
Hoje, por exemplo, tenho tanta coisa para contar sobre as
emoções a partir das 18:30 - ou quase 19 horas - da quinta-feira (23
de Abril) , altura em que marquei presença na Biblioteca Pública e
Arquivo de Angra do Heroísmo, para ouvir e estar à conversa com
leitores/produtores de livros (doutores, autores, escritores, poetas e
cidadãos comuns e, ainda, outros que albergam tudo isso em cargos de
relevo).
Com o centro de atenções - Prof. Dr. Luiz Fagundes
Duarte - que é meu conterrâneo, e nos traz a sabedoria das letras (que
eu não tenho e nunca terei, aponte-se), senti-me num mundo tão bonito
a roçar a perfeição. Senti-me bem e atrevi-me a falar. Falei o que
sentia também. Depois ouvi, deliciada, o nosso Representante da
República. De todos os presentes (incluindo o poeta Álamo de Oliveira
que tem uma forma peculiar de me encantar com a sua realeza poética) o
que me fez perplexidade foi mesmo o Representante da República para a Região
Autónoma dos Açores que com a voz da alma triunfou no serão à
volta dos livros. Até me fez deslumbrar por Fernando Pessoa na
entoação que deu a um dos seus poemas (que sabia de cor e com o rigor
da beleza expressiva). Acho que ninguém ficou indiferente às suas
intervenções.
E parecia que eu estava com o Raminho, a Serreta,
as Doze Ribeiras e outras localidades concentradas em sorrisos e
aplausos. Em Angra do Heroísmo, a Serreta, sobretudo, povoou a
noite... Acabei na Feira Açores, na Vinha Brava,
ouvindo o concerto da Filarmónica da Sociedade Recreio
Serretense, que actuou pelas 22 horas... Percebi, então, que se
não fosse a internet e os blogues jamais eu teria sentido tudo isto em
força, num vibrar de emoções.
Alguém referiu que a internet é
má para os jovens, etc., mas é como tudo na vida: há bons e maus
caminhos o que precisamos é saber usá-los e optar pelos melhores. A
internet tem coisas más mas foi graças a ela que ontem tive a
oportunidade de assistir a um dos melhores serões, graças também ao
e-mail que a ilustre Katharine Baker (dos USA), autora de duas belas
páginas ("I no longer like chocolates" e
"My Californian Friends", a
informar-me do evento de 23 de Abril - Dia Mundial do Livro, com a presença
de Fagundes Duarte.
De resto, eu ainda vou morrer de amores por
toda esta gente que me desperta intensamente o gosto de blogar. Ai,
ai, estas coisas de blogar que um dia em livro se hão-de encontrar...
(com a pontuação certa). E encontra-se, por aí, nas mãos dos ilustres
fiéis da Língua Portuguesa.
Parabéns a Luiz Fagundes Duarte, o homem que reúne em si e dá aos outros o que herdou das raízes serretenses e dos talentos que foi adquirindo aqui e além-mar. Bravo! E oxalá que ele goste da "Desgarrada de Além-Mar" que a amiga de Góis - Clarisse Barata Sanches - conseguiu que saísse da internet para livro, que é o primeiro de que também faço parte integrante.
É assim... Esta coisa de blogar... E sinto, porque sim, o coração pulsar! Será que alguém dá por isso?!
É amor isto que sinto e juro que não vos minto!
Rosa Silva ("Azoriana")
P.S. A seguir o poema de Fernando Pessoa que me deslumbrou na voz de Sua Excelência o Representante da República:
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando
Pessoa