Salvé, Senhora dos Milagres!
Introdução:
Quem conviveu e conheceu a minha mãe podia tecer várias opiniões: uns que era muito devota; outros que bairrista; e outros que era doente e doente de crença na Senhora dos Milagres. Na verdade, era tudo isto e mais: queria que soubessem e visitassem a Serreta.
Se ela fosse viva voltaria a pedir para levá-la na cadeira de rodas, ao Santuário de N. S. dos Milagres, junto à porta lateral esquerda da sacristia, se vista de frente ao altar. Era ali o seu ponto de encontro com a Missa de Festa da Mãe, Padroeira. Já poucos se lembram disso mas eu lembro porque inúmeras lágrimas derramei e vi derramar.
Infelizmente (ou felizmente porque a Matilde deixou de sofrer em Outubro de 2003) já cá não está para assistir, ao vivo, à festividade actual, em Setembro próximo. Eu também já não resido lá mas é como se residisse, está-me no sangue.
Enquanto eu cá estiver farei tudo por lembrar sua memória, a sua fervorosa crença e o eco que ela constantemente me dá: - "Vamos trabalhar por Nossa Senhora!". Por isso e muito mais, hoje escrevo o que ela me ditou e percebi ser o último adeus. Te digo apenas, minha mãe, descansa em paz e:
Salvé, Nossa Senhora dos Milagres da Serreta!
Salvé, Salvé!
Flor de Humildade.
Salvé, Salvé!
Rosário de Vida.
Salvé, Salvé!
Mãe da Humanidade,
Na Serreta serás sempre querida!
Dos Milagres é reconhecida
Mãe da Igreja e Mãe do Amor
Hei-de amá-La sempre toda a vida
E ao Seu Filho, o Deus Redentor.
Tem o mundo inteiro a seus pés
E num Véu tem Seu Manto de Estrelas
É a fé que reluz através
Das Continhas de quem pode vê-las.
Dos Milagres é a Flor bondosa,
Vespertina Aurora boreal,
Virgem Santa de Amor tão ditosa,
Mãe querida, seio divinal.
Rogai por nós, Mãe do Bom Pastor,
Livrai-nos dos males iminentes;
Salva o mundo do peso da dor,
Os gentios e os que são crentes.
Rosa Silva ("Azoriana")