Azoriana (s)em livro...
MHelena:
Há gente que é bafejada
Pela sorte de boa lua
Por mim fico desencantada
Pela que em mim actua.
"AZORIANA EM LIVRO" era
E é sonho que acalento
Venha nalguma primavera
Ou numa estação de vento?!
Se cada pessoa desse
Um vintém antecipado
Logo uma quadra merece
Pelo bem que me foi dado.
Mas da forma que o mundo
Ando pobre, sem vintém,
Fica o livro vagabundo
Do papel que lhe quer bem.
Agradeço de coração
A sua boa vontade
E toda a dedicação
Que me trata de verdade.
A "Autores Editora"
Faz brilhar novas brochuras
É digna e merecedora
De gratidão das criaturas.
Traz sorrisos aos autores
E é feliz por produzir
Livros lindos p'ros leitores
Gostarem de descobrir.
Eu não vou bater às portas
De ninguém para pedir
Muitas delas estão mortas
E outras a sucumbir.
Tenho uma estrela no céu
Que zela p'lo meu viver:
Tem a alma de ilhéu
E foi quem me deu o ser.
Um pai de olhar anil
Também zelará por mim,
Sou sua filha de Abril
Que chorou pelo seu fim.
Amarrado numa cama,
Num delírio inconformado,
Plantou em mim o que se chama
Amor ao que foi deixado.
E da Ponta do Queimado
Ao Porto de Santo Amaro
Vai um abraço apertado
E que Deus lhes dê amparo.
Bom Pão-por-Deus!
Um abraço grande
Rosa Maria
Nota: Vem aí o "Pão-por-Deus"
Lágrimas vão nas saquinhas
De quem já não tem parentes;
Crianças são andorinhas
Em bando p'las nossas gentes.
O "Pão-por-Deus" é honrado
E segue uma tradição:
O valor de um rebuçado
É como um beijo de irmão.
E também se dão castanhas,
Milho, massa ou moedinhas,
E com trancas tu apanhas
Se as almas ficam sozinhas.
Um costume açoriano
Uma tradição antiga
É só uma vez por ano
Que o finado nos instiga
A dar um pouco do pano
Que a um finado abriga.
E a quantos já partiram
Para o reino dos céus
Por Novembro sempre viram
As saquinhas dos ilhéus
Nas crianças que pediram
Uma "esmolinha pa'mor Deus".
Rosa Silva ("Azoriana")