Em dia de finados, o roxo...
Ontem foi dos Santos Todos
Hoje só será de alguns:
As flores serão a rodos
Regadas por choros comuns.
Mas não se chorem às almas
Dos que partiram da terra:
Cantem as flores e palmas
Do perfume que as descerra.
Finados à luz da Vida
Num coro celestial;
Dou um beijo à mãe querida
Que é minha flor imortal.
Ao meu pai e meus avós,
Ao irmão que não vingou,
A tantos que foram sós
E ninguém por eles chorou.
E se agora uma tristeza
Me trespassa o coração
É porque a natureza
Nos traz sempre contrição.
Se meu amor é pecado,
E se peco, por bem-querer,
Peço a Deus, que foi Finado,
Que me possa entender.
No dia que eu partir
Sem dar tempo da Unção,
Desde já estou a pedir
Uma rosa em botão,
P'ra que ela possa florir
Com pétalas do meu perdão.
Se nenhuma pétala houver
Já e agora a desenho
Com a rima que lhe vier
E que nasce com empenho...
Com lágrimas a correr
Por dentro do meu engenho.
2009/11/02
Rosa Silva ("Azoriana")