A leitura faz-nos bem...
Cansei-me da luz da tarde,
Do dia e da manhã,
E daquele fogo que arde
À boquinha da sertã.
É que a vida, meus senhores,
É uma luta até à morte
A pacatez dos Açores
Já não é mais o seu forte.
Que saudade da verdura
Que pingava matinal
Com a água da doçura
De um véu celestial.
Hoje tudo é martírio
E o mal torto e a direito
E raramente um lírio
Povoa o último leito.
A paixão que me domina
Talvez nunca vá morrer
Faz parte da minha sina
Ver nas rimas o prazer.
Li as "Crónicas Terceirenses" (1)
Do ilustre Victor Rui Dores,
Recorda os seus pertences
E dá-lhe melhores valores.
De que serve bater no peito
Persignar, rezar, orar,
Se raramente é perfeito
O que se faz sem pensar?!
Deus está em toda a gente,
No campo e na cidade,
E no coração ardente
Dos Homens de boa vontade.
Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: (1) Tribuna Portuguesa 11/15/09 in
http://tribuna.npgproductions.com/n
Terceirenses - "Recordação da túnica vermelha". Victor Rui Dores