3 de Janeiro: Ventania
Diz-se "adeus" aos feriados.
Em casa, estamos quietos;
Da rua ouvem-se grados
Zumbidos rasando os tetos.
A fúria da ventania
É um delírio constante
Pouco antes do mei-dia
Dançava a árvore gigante.
Rendidos à tempestade,
No lençóis agoniados,
Pla ventania que há-de
Trazer danos elevados?!
A rima se faz em reza,
E em terapia singela;
Ninguém hoje a menospreza
Nem o bater da janela.
A compasso, tudo bate,
Na casa deste lugar:
Oxalá que não desate
Nova lira a bom chorar.
Este ano vou pedir
Que Março seja mansinho
E no mês logo a seguir
Tenha festa de carinho.
Rosa Silva ("Azoriana")