Letras caídas
Vão caindo letras dos versos
Do azulejo desenhado
Nascem desgostos dispersos
Que flagelam o meu lado.
Vento e chuva me inspiram
A rimar pelas paredes
Mas, enfim, tudo retiram
Do painel das minhas redes.
As redes em que me teço
São palavras do meu canto
Desde a hora que adormeço
Até ao dia de pranto.
E em pranto lá vou eu
Por mais um sonho caído
No lugar que sendo meu
Não mantém o meu sentido.
Só um bom profissional
Pode rever o meu desenho
E livrar de maior mal
O verso do meu empenho.
Rosa Silva ("Azoriana")