Após as Cinzas, a volta é necessária...
O que me aflige bastante é já não se ter um cêntimo para matar a fome das bocas, fora as bocas dos irracionais; é ver os filhos aflitos que ainda não veem forma de auto-sustento; e contra isto não há conversão possível, a não ser esperar pelo dia de São Vapor, que também julgo não faltar muito para aportar no meu porto. Até lá havemos de sobreviver à conta da negatividade. Enquanto "a parede" tiver retorno em notas, após se meter o cartão na ranhura, os impostos devidos hão-de surgir para se pagar. Ninguém quer perder e muito menos os donos da tal caixa em "boa parede". Só mesmo a morte é que acaba com tudo... Será que acaba mesmo? E os que ficam por cá e dependem de nós? Para eles a morte do progenitor será, à partida, uma tragédia... Ou tudo se resolve?!
O que me anima neste tempo quaresmal é que a freguesia da Serreta e o seu Bailinho foi um sucesso, pelo que me contaram. Este ano não a vi. Tive pena e muito mais quando o sucesso foi evidente. "Uma briga no salão" fez os aplausos ecoarem e os risos aumentarem. O que nos faz falta mesmo é rir. Rir espanta qualquer mal por uns momentos e encobre o muro das lamentações.
Hoje é dia de aniversário de uma prima muito querida. Oxalá que ela passasse os olhos por aqui e lesse que lhe desejo muitos parabéns e se não lhe ligo é porque não tenho possibilidades. O que importa é que os nossos familiares estão sempre no coração, quer estejam perto ou longe. Há datas que são importantes e o aniversário é uma delas.
Outra coisa que me ocorre, quando reflito, é que os nossos Bailinhos e Danças de Pandeiro trouxeram algumas verdades na sua crítica social e política. Este ano esteve na moda as sepulturas, os ladrões, o casamento "gay", etc. E a religião também não precisa nenhuma chamada de atenção? Apregoam a humildade, a simplicidade, o amor ao próximo, e no entanto não se mudam "os trajes" e a riqueza que apresentam em certos utensílios... Jesus foi tão simples, tão humilde, tão sofredor e tudo para que fossemos como Ele... Eu também não sou como Ele mas penso mais nos outros que me rodeiam para que nada lhes falte mesmo que "a parede" esteja lisa e tesa.
Com muita pena minha não participei no "Carnaval Solidário" e até ouvi que haviam roubado uma das caixas existentes para esse efeito. Isto só prova que há muita pobreza a alastrar no nosso meio. Como travar isso? Bastava pensar, por exemplo, que se uma queijada custa 90 cêntimos, que convertidos aos antigos escudos correspondem a 180 escudos... Onde é que vamos parar e onde é que já se viu uma coisa destas? Fizeram umas contas mal feitas em que a conversão foi para o dobro. Na minha opinião, uma queijada devia custar metade porque 1 euro corresponde a 200 escudos e não a 100. Quando resolverem acertar melhor as contas das despesas, a receita terá mais vida porque, da forma que está, desaparece num ápice.
Afinal até que refleti nas Cinzas que abundam pelo mundo... Por mim, acho bem que congelem os vencimentos mas mexam nas tabelas de preços dos bens essenciais para todos sobreviverem. As cruzes estão difíceis de suportar e estamos a cair muita vez. O Calvário deste mundo está a atingir muita gente. Deus ensinou os Homens a suportar a cruz mas só Ele é que morreu na Cruz para dar o exemplo e libertar os pecadores do mal.
Oração, Penitência e Caridade - uma trempe desnivelada e uma acção que bem poucos levam com rigor.