Agradecimento(s): jornal "O Açoriano" - Janeiro 2010
In jornal de 01-30-2010, vol 5, nº 4
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In jornal de 01-30-2010, vol 5, nº 4
Não é saudade isto que sinto
Por te ver fornalha ardente
Doutras eras que pressinto
Estarem dormindo somente.
Não é vontade de retorno
Do calor tão abrasivo
Que à boca desse forno
Mantinha meu ser activo.
Não é tristeza anilada
Por não mais ter o pão alvo
É simplesmente a toada
Que na mente ponho a salvo.
A lenha cantarolava
Sua queimada agonia
Mas ao povo ilhéu dava
O pão-nosso de cada dia.
Há o forno duma vida
Que arde por todo o ser
Em saudade adormecida
Por quem já não posso ver.
Suas mãos tão calejadas,
Junto à chama, tão quente,
Cozendo as escaldadas
Da Quaresma repetente.
Pela Páscoa: os folares,
Pela Festa: massa sovada;
Outros pães em alguidares,
P'lo tempo da desfolhada.
O milho vai rareando,
O trigo é importado;
O forno, de vez em quando,
Traz ao presente o passado.
Rosa Silva ("Azoriana")
In http://anoroeste.blogspot.com/2010/02/louvo-os-altares.html
Há males que vêm por bem
Mas coitado do tal vintém
Que anda tão procurado;
É ver as Seguradoras
Que dele são detentoras
E, no fim, não dão fiado.
A tragédia da Madeira
Que ouço à minha beira
É disso o testemunho:
Não cobrem a maioria
Dos desastres dum só dia
Nem abrem todo o seu punho.
Tantos meses a descontar
Para se amealhar
Um futuro prometido,
Mas, na hora da aflição,
Quebram as linhas, então,
Do "tesouro" adormecido.
São as linhas miudinhas
Do contrato, andorinhas,
Que só de lupa se lêem;
Depois é o que se vê,
É um tal "não sei o quê"
E desânimos a crescerem.
Rosa Silva ("Azoriana")
A propósito de:
http://economico.sapo.pt/noticias/seguradoras-nao-vao-cobrir-maioria-dos-prejuizos-na-madeira_82515.html