Angra sem carros na rua principal (e com muitos nos arredores)
Há escritos que me embalam a recordação de um passado não muito distante. Outros há que me sacodem a memória de outras eras. Há, ainda, os que mantém viva a esperança adormecida.
Dou por mim a sonhar acordada e a dormir despertada por sonhos, quase a roçar os pesadelos. No entanto, "it's summer time" nos primórdios do fim. Sinto o "friozinho" misturado com as sombras e afastado pelos raios solares nas frinchas do dia. Porém, não há remédio para o solar das ideias, talvez porque prefira a declaração de rotura total para o mundo e o alvor de novo começo humano numa paz de anil.
Estarei acordada ou dormindo perfumada por querer permanecer no sonho das flores que fizeram as delícias de umas quantas narinas que passearam no odor do Jardim da Senhora, numa miscelânea de Perfumes de Amor Mariano?!
Dou por mim a prosear e a rimar num dia pausado de carros numa rua que merece descanso por um dia... E canto:
Flores com alma
Somos vidas peregrinas
Num ilhéu em alto-mar
Somos vales e colinas
Lava fria a incendiar.
Somos versos às camadas
Numa ilha tão taurina
Somos torres madrugadas
Odores de flor divina.
Somos o que quer que seja
Coroados de anil
Somos todo o mar que beija
A terra de bom perfil.
E somos a grande alma
Da nossa ilha Terceira
Somos o lírio e a palma
No Jardim da Padroeira.
Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: As vírgulas e demais pontuação não deu tempo... desculpem-me!
Gravado para a Rádio Portugal USA.