Texto morno
Empurrei o pano da tristeza e alegrei-me na ventura do copo matinal. O dia amanheceu coroado da vontade de continuar tingindo as linhas da novidade próxima. Sequei as lágrimas de odes antigas e continuei o trajecto das rimas coloridas da pr.oximidade natalícia. Vesti o traje que obriga à rotina de mais um sábado. É o meu dia de excelência para nada ou coisa alguma. É o dia de esperar que a noite caia de mansinho no timbre de uma viola que ao avistar o companheiro violão, se apruma no "trin-trin-trin" de mais um "vício" de desafiar o desafiado, afinado.
E canta a minha alma repousada no beira da tarde. Escorregam os dedos na caminho das teclas, num ritmo atinado e escorrega o suco de mais uma semana de enxaqueca da palavra.
Os ares ainda não me consolaram nem à pele franzida de sono. Deixei-me ficar na pousada quente. A porta entreaberta trouxe-me o rescaldo da frieza campestre.
As castanhas deixaram o rasto de outono. As folhas teimam em alourar o chão que agradece, tingindo-se. Eu insisto em ficar retida nas delícias de um texto morno. Abraço mais uma palavra. Componho o verso que te dou, impune. E sonho... Sonho na volta do canto do improviso, na noite fria aquecida por olhares esguios, voltados para a viola, o violão e o seio da canção vestida de rima. A rima que deixo que me beije qual companheiro de insónias.
Casa da Azoriana
13 de Novembro de 2010
14:24