Desenho de chuva
Cabelos desgrenhados, lisos, molhados.
Passo apressado canta no asfalto.
O coração bate aos lábios contristados.
O olhar foge aos pingos que vêm do alto.
Subida veloz, pensamentos arcados…
- O cálice do céu rega vale e planalto -
Tropeçam na mente mais versos amados
Que vão a caminho do meu sobressalto.
A Rua é do Galo e de uma Rainha
D. Amélia, da fina e doce queijada,
Que do Forno sai pra gula que se adivinha.
Quando a chuva cai nessa rua se agrava,
Adocica o sal da rima, em caminhada,
E desenhou, em mim, os versos que entoava.
Rosa Silva (“Azoriana”)
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