À Vitorina
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Apascento o meu rebanho
Da forma que posso e der
Fazendo o meu desempenho
Faço de pai e sou mulher
Mesmo que o meu desenho
Não seja bem o que se quer.
Os filhos são para os pais
O tesouro de uma vida
Para nós, eles são iguais
Amamos de forma querida
Na Casa dos Folhadais
Fazem-me fortalecida.
Eu nunca os vou esquecer
Do passado ao presente
Farei por fortalecer
O futuro da nossa gente
Hei-de cantar pra comer
Porque a crise me faz frente.
É tão duro para a mãe
Pedir seja o que for
Mesmo se não tem vintém
Encobre esse temor
A pobreza de alguém
Enriquece com o Amor!
Este canto inspirado
Tido na alva madrugada
Pode não ser do agrado
Nem em tela pincelada
Ser vista por quem ao lado
Enfrenta tudo ou nada.
Há dores e há martírios
Que não se vêem por fora
Muitas vezes vão nos círios,
Com apelos à Senhora
Que os transforma em lírios
E a tristeza vá embora.
Uma mulher para viver
A sua vida airosa
Tem que ter para comer
E no vaso uma rosa
Que floresça até morrer
Pós viagem tenebrosa.
Ó gente da minha terra
Que me conheceis de vista
Sou filha de mar e serra
Não me força ser artista
Apenas não se encerra
O que a minha alma conquista.
Sou do monte, sou do mar,
Sou da ilha das cantigas
Sou sextilha a divulgar
Algumas das sãs espigas
Que continuo a cantar
Prás nossas gentes amigas.
«Serreta na intimidade»
Um livro da minha estima
Fique pra posteridade
A Serreta é que encima
A prosa que de mim há-de
Ter valor de Brava rima.
Minha rima nasce da brisa
Que me sopra tão veloz
A prosa também desliza
Pra chegar a todos vós
O meu canto sempre frisa
A Serreta, mãe e avós.
A rima é uma ternura,
A prosa é um encanto,
Seja a favor da cultura
Popular que gosto tanto
Pela mãe e pela ventura
Do Divino Espírito Santo.
Seja esta recordação
Duma criadora amiga
Uma terna ovação
Nos laços de uma cantiga
Feita de alma e coração
À Brava maneira antiga.
E não vou daqui embora
Sem deixar um forte abraço
Aos que me lêem lá fora
E aos que douram meu espaço
Seja tudo pela Senhora
Dos Milagres o que faço.
2011/04/15
Rosa Silva ("Azoriana")
Nota: Inspiração criada precisamente no dia que Vitorina Diniz está de aniversário. Desejo-lhe muitos parabéns com um abraço muito apertado. Ela é a minha prima direta, única que reside na freguesia da Serreta, concelho de Angra do Heroísmo, filha de António Gonçalves Cota, já falecido (tio materno), e de Maria das Neves Natalina da Costa, emigrante nos Estados Unidos da América com os restantes filhos.
Para todos um grande e saudoso abraço!