Amêndoas da Páscoa
Que cada amêndoa forrada pela doçura pascoal nos traga apetite para enfrentarmos a amargura dos dias coroados pelo FMI – Falta de Melhores Ideias, para nos arrumar a crise causada pela má conversão de escudos em euros. Se equilibrarem a despesa com a receita ficamos todos a lucrar. Enquanto a despesa for além da receita não há NADA que resolva.
E vai e tira o leite, e vai e tira o pão, e vai e tira a manteiga, e vai e tira os ovos… Tudo isto na prateleira à custa do artificial. Já não se muge uma vaca, não se amassa o pão no alguidar, não se vê o ovo no dito da galinha, não se cria um porco e nem se fica com calos da enxada que devia andar nas mãos da juventude que nem sabe se o leite é real e o vê chegar a casa da mimosa vaca de cartão, e tudo o mais que se pede por boca e tem-se (à custa de tanta desgraça que por aí há).
Enquanto que uns andam desequilibrados pelas ruas da metadona e dos frasquinhos seguidos com uma loirinha fresca, outros andam a esfalfar-se na labuta do horário laboral; enquanto que uns voam pelos ares da abundância, outros andam a condutar migalhas que caem do bico dos melros… Que mundo é este? Há um desequilíbrio fatal e agora não me venham cá puxar mais pela carteira que ela está murcha, murcha, murcha…
Enquanto as teclas forem produzindo, o resto vêm do supermercado… Até quando?!
BOA PÁSCOA porque Jesus não tem culpa de nada disto. Ele andou descalço e as poucas vestes que tinha serviram apenas para tapar as partes que não se podiam ver e mesmo humilhado, torturado, ensanguentado e morto por três dias, ressuscitou para que tenhamos ESPERANÇA de que o homem siga o seu exemplo de dar-se aos outros e não de matar-se aos poucos.
Isto tudo serve para eu ler “n” vezes até encaixar um novo método de saber viver comigo e com os outros. Ámen!
Nota: Saiu em prosa mas para me consolar é com a rima :)
Anda o homem a penar
Com a falta de ideias
Para a crise derrubar
E não ir por mãos alheias.
Anda a gente sem tafulho
Com falta de pão na mesa
Tentando que o barulho
Não levante mais pobreza.
E é bom não esquecer
De dar luz à produção
Porque quem sabe fazer
Não lhe falta a refeição.
Quem pede ajuda tem
Quem rouba pecado faz
Quem tem menos do que convém
Um dia na cova jaz.
Rosa Silva ("Azoriana")