05.07.11 | Rosa Silva ("Azoriana")
Não vem isto a propósito Nem se trata de depósito De coisas que são d'outrora:Eu te peço um favor Com teu verso criador Canta o que já se foi embora. Na Rua Direita eu te vi Noutros tempos que por ti Passaram gentes da ilha As lojas que já fecharam E as outras que mudaram O cheiro que era maravilha. Lembro que havia um café Cujo cheiro levava ao pé Filas das nossas aldeias Se por acaso lembrares Divulga por estes lugares As lojas e tuas ideias. Havia lojas de fazendas Engraxadores para emendas Dos sapatos já velhotes Havia polícia sinaleiro Rabo Torto pioneiro E outros quantos caixotes. Lembro que bem nos servias Sorrindo com alegrias Cheguei a ir alguma vez Pena que te vejo agora Um pouco assim à nora Sem ver bem o fim do mês. E de barco também eu ia Fazendo alguma travessia Em que ias acompanhado Nessa altura não pensava Que nesta volta rimava Num regresso ao inesperado. E doutras coisas eu lembro Da linda festa em Setembro E de tantas romarias Subia as Doze Ribeiras Suando pelas ladeiras Das mais altas freguesias. Guarda esta recordação Porque a fiz com emoção Espero ser do teu agrado. E na Canada de Belém Trabalhaste muito bem No Império, tão animado. Espero que esta surpresa Que é longa, com certeza, Não te deixe emocionado... Nem sabia a tua graça Mas hoje teu nome passa A ser no peito guardado. Algum dia se rumares A São Carlos, com bons ares, Podes meu nome chamar. A casa tem campainha Tem sala e tem cozinha Os Folhadais podes visitar. Abraço a Jorge Morais e família Rosa Silva ("Azoriana")
05.07.11 | Rosa Silva ("Azoriana")
Foi através do Facebook, que tive conhecimento de umas quadras de uma prima de Gilberto Pereira, em homenagem póstuma. Rezam assim:
Não sei se todos se lembram do Gilberto Pereira que cantava cantoria na nossa ilha Terceira era afamado, na ilha um grande cantador como prima dele eu falo, com muito amor improvisava na hora cantigas de encantar linda pessoa que foi estava sempre a rimar A ele faço homenagem a esse grande cantador cheio de tanto talento eu homeneijo com amor. LÚCIA PIMENTEL
Não me contive e comentei assim:
Gilberto Pereira Lembro dele e não conheci Falam dele Bom Cantador E pelo que já dele liMerece o digno LOUVOR. Todo aquele que rima bem E pára a dada altura Ou no céu canta também Ou foi ícone de cultura. Se tiver as quadras dele Gravadas na sua mente Ou em papel feito por ele Dê ao povo e sua gente. O Charrua e o Gilberto Ambos das Cinco Ribeiras Mesmo longe estão perto E honram suas bandeiras. Bandeira de Portugal E também a dos Açores Da casa paroquial E dos bravos cantadores. Cara Lúcia Pimentel Creio que a não conheço Prima dele é fiel Meu abraço de apreço. Rosa Silva ("Azoriana")
Dali a pouco, continuei.
Ele tinha esta cantiga que cantou a José Fernandes que lhe perguntou por que é que ele gostava tanto da sua mãe:
É porque ela ainda me beija E porque ainda me quer bem. E por mais velhinha que seja Será sempre a minha mãe. Gilberto Pereira
E, Lúcia Pimentel, sabe o que me aconteceu após ler esta cantiga dele:
As lágrimas caíram em suma Pelo meu rosto de ilhoa E foram todas uma-a-uma Pela riqueza dessa pessoa. Estará no céu certamente A cantar hoje por nós Pela emoção que se sente Por não se ouvir sua voz. D. Lúcia Pimentel Isto são coisas tão sérias Gostava de ver o papel Onde "cantou" belas matérias Porque agora meu plantel É o gozo de umas férias.
E seguiram-se mais algumas quadras, aludindo à saudade e à partida que a todos toca:
Quando um dia eu partir Se a ninguém deixar saudade Fiquem ao menos a sorrir As rimas da amizade.Mas se alguém vir que o choro É consolo que acalma Pode chorar quase em coro Que de mim recebe a palma. Prefiram sempre sorrir Se um dia me visitarem Na terra que há-de cobrir A mim e aos que lá morarem. Canto isto não por fama Nem por reclamar triunfos Só canto porque quem ama Recebe de Deus os trunfos.
Isto surgiu a propósito de uma cantiga de Gilberto quando o Charrua que ao recordar a sua Turlu começou a chorar, aquele cantou:
Chora, chora, ó Charrua, Chora, chora, meu amigo: Que até as pedras da rua Estão a chorar contigo. Gilberto Pereira
E eu chorei ao ler isto... desalmadamente. É pena a morte, muita pena mesmo... :(