E anda a gente... e andamos todos, né!
Anda o padre escorraçado
Tem vazia a sacola
O povo anda esfomeado
Vai pedir-lhe uma esmola
Mas aquele pobre coitado
Para o lado chuta a bola.
Anda o euro enfeitiçado
Que até nem compra tudo
Meio do mês já é furado
E pensamos no escudo
Que servia em todo o lado
Agora é por um canudo.
Anda o pobre mais que o rico
Pedindo uma mesada
Com ele me identifico
Sobra muito pouco ou nada
Têm “um pote e um penico”
Alguns que é só fachada.
Anda a monte a pobreza
Com a crise e a loucura
E também tenho a certeza
Que anda fraca a cultura
E nem sequer a riqueza
Já consegue ter fartura.

Anda a gente a tentar
Ter pão em riba da mesa
Está tudo a aumentar
E a receita é uma fraqueza
Andam uns a trabalhar
E outros é uma tristeza.
Rosa Silva ("Azoriana")
