Pagela da semana
Gostava de…
- Uma casa arrumada (sem pó, sem pêlos de gatos, sem detritos do mesmo bicho de pêlo, sem roupa por lavar e por enxugar, sem devaneios do quotidiano de “laissez faire, laissez passer”, isto é, do “faz-tu-lá-se-quiseres”.
- Uma conta bancária sem eminência de negatividade. Há quem diga que a crise está em acção mas eu sinto-a há mais tempo que muitos. É mau sinal. Agora já estou a braços com uma crise recheada de falências. Imagino quando disserem que até o Presidente está em crise, aí é que são elas…
- Uma plantação ao rego: rego disto, rego daquilo, rego daquel’outro, rego de batatas, ervilhas, cenouras, cebolas, alhos, etc. Mas qual quê… a terra tem de levar um tratamento prévio e onde está a ajuda financeira para um bom começo de agricultura caseira?! Precisa dinheiro para recolocar terra (sem pedregulho), pagar a cavadela, as sementes e a continuação do zeloso tratamento adicional.
- Ter mais vontade, pachorra e menos cansaço mental. Adoro o que faço para obter o “pão-nosso-de-cada-dia” mas é normal fazer mossa no estado mental. São muitos anos a contar/apurar/conferir daqui e dali números que são amostras necessárias de quem tem a seu cargo de administrar equipamentos, recursos e actividades relacionadas com um mundo à beira de uma cratera, dizem alguns com os sentidos virados para o desastre e que só sabem esgaravatar uma série de ideias bombásticas para virem rechear as linhas da prosa escrita através do papel diário ou das tecnologias ao alcance de outros olhares e outros sentidos.
- Saborear o resto do tempo que me falta viver. Não sei quanto falta ou quando termina mas sei que me faz falta abraçar a natureza que me viu nascer, crescer ao ponto de também precisar retalhar algum pedaço dos bocados que forram o esqueleto extra-large.
- Não deprimir ao ponto de querer o que tarda em aparecer e é lesto em desaparecer. Se pensarmos, toda a hora e todos os dias, que um euro (1€) corresponde a duzentos escudos e quarenta e dois centavos (200$42) e que tudo aumenta excepto os ordenados, acabamos por gritar bem alto: Já chega, não!
- Não ter saudade dos que foram sem o meu abraço ou o meu beijo…
- Não chorar quando me apetece rir e vice-versa…
- Não “fingir” que tudo vai bem se nem falar me apetece…
- Ter motivos para escrever dez pensamentos, em que um deles fosse apenas para dizer: «eu te amo» e ouvir o mesmo eco feliz… Nunca esquecer que amar é querer ver o outro bem como a nós mesmos.
Rosa Silva (“Azoriana”)