Lava poética
Pelos dedos da penumbra salivam desejos da lava de palavras silenciosas. Na eira da vida, joeiramos os sentimentos e escolhemos o sorriso do encontro de olhares. Partilhamos as rugas do lençol da alma, vestimos as cores gastas da sabonária, comemos saboreando o paladar do verso crú, bebemos o corpo inteiro da madrugada e saímos para a sílaba do prazer almofadado.
E tudo permanece em lava poética, incandescente, até ao dobrar da pitada nocturna. Os desejos é que mudam, o tempo não...
Na encruzilhada do ser
Há desejos florescendo
Ansiosos por caber
Na lava que vai nascendo.
Rosa Silva ("Azoriana")