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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1006)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"

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"Filme Um Ano Novo"

11.11.11 | Rosa Silva ("Azoriana")

 

da Burra de Milho

A minha foi assim:


Eu tinha 15 anos. Estava na casa dos meus pais na Serreta. Pouco antes de ocorrer o sismo, ouvi o ruído de um trator na canada e corri para a janela para confirmar se eram os meus padrinhos que nos vinham visitar. Era dia de Ano Novo e era costume a visita da praxe. Com tamanha alegria corri e saí porta fora. Ao virar a esquina da casa começou um tamanho barulho, a natureza parecia ondas de papel e vi a sineira do atual Santuário de Nossa Senhora dos Milagres como nunca vira antes nem nunca mais vi, pois ficava oculta no lugar onde eu estava. Com tal ondulação tudo se mexia. As paredes da casa das minhas velhinhas primas caiu, eu gritava, gritava... Ninguém me ouvia tal o barulho que acompanhava o meu medo. Aconteceu-me algo estranho e fiquei com um frio horrendo. Não havia roupa que me tirasse aquele frio, nem o casaco grande da minha mãe.

A sensação que tinha era de último dia. Que prolongamento temeroso. Nunca mais parava aquela tremura...
Quando finalmente parou o maior, sim, porque depois vieram tantos tremores mais pequenos, as réplicas, que eu sentia todas. Parecia que as adivinhava.

Nunca mais houve sossego na nossa casa nem na dos vizinhos. Tudo queria saber em que estado estavam as casas.
Sei que alguém que vinha da banda das Doze Ribeiras deu uma triste notícia... Que morrera uma rapariga... Quando soube quem era chorei... Era a minha amiga predilecta: Zita Meneses. Tal desgraça!
Depois, depois tanta coisa... Vi todos (ou quase todos) os camiões que passavam para a limpeza da via e das casas, com pessoal vindo de fora...
Jamais irei esquecer a primeira viagem à cidade de Angra... Tudo perdido! Tudo derrubado... Uma tristeza.
Minha mãe tinha que voltar ao Hospital pois estava apenas a passar o Ano Novo com a família (sofria de esclerose múltipla) mas não foi possível ficar no Hospital... Não havia lugar para pessoas que não tivessem em perigo de vida. Foi para o Liceu mas não tardou a chegar a casa de táxi.
Dormíamos de olhos abertos numa sala todos juntos. Ninguém ousava deitar-se no seu quarto.
Eu não ia à casa de banho sozinha. Não ia sozinha a lado nenhum nem permitia que apagassem a vela que iluminava a escuridão infinita.
Ainda hoje fico gelada ao pensar naquele dia de Ano da destruição, morte e memória colectiva.
Estou disponível para o que for necessário porque a única coisa que o Sismo de 80 me trouxe foi a razão para ter o 1º emprego. Trabalhei no GAR - Gabinete de Apoio e Reconstrução de Junho de 1982 até Fevereiro de 1985.
O sismo de 80 acompanhou-me uma vida. Os meus 3 filhos são sobrinhos de uma tia que faleceu ao fim de 5 dias devido a ter caído junto com pedras da janela onde estava debruçada...
A minha filha até fez, recentemente, junto com as colegas uma Exposição na Escola Secundária de Angra do Heroísmo alusiva ao tema e com a presença de um fotógrafo que faleceu após essa efeméride.
E tanta, tanta coisa mais que é comum a tantas pessoas que viveram a tragédia que já conta com trinta e um anos.
Pessoas, animais, casas, cerrados e portais... Nada ficava impune à revolta da natureza que ninguém tinha poder ou mão.
Rosa Silva

 

11-11-11 / Capicua de São Martinho!

11.11.11 | Rosa Silva ("Azoriana")
Imagem de hoje do SAPO

 

 
(Imagem de hoje 11-11-11 no www.sapo.pt)
 

Mas que dia interessante
Jamais se repetirá
Martinho é triunfante
E connosco brindará.

Com castanhas e bom vinho
Verdelho de preferência
Venha um gole de carinho
Cor lilás de excelência.

Bem mais que um agasalho
Agradeço a novidade
À Equipa de trabalho:

O SAPO hoje festeja
Capicua da amizade
Que São Martinho deseja.

Rosa Silva ("Azoriana")

 

Índice temático: Rosa e rimas do coração

 

Ver também: aqui e ali e acolá...