O que dizer da minha escrita?!
Caem-me letras esguias, quadradas, obtusas no parapeito da imaginação e deixo-me encantar por um punhado de estrofes que delineiam a minha escrita que, por vezes, me parece muda, cega e alheia a muitos e bons olhares.
A minha escrita retrata-se em embalagens de anti-qualquer-coisa que venha para amedrontar o percurso vivente. Não deixo crescer as unhas no sentido de evitar que os espaços, os riscos, os traços venham enfeitar a escrita que, por si só, já se enfeita de pensamentos imaginados e não praticados.
Há unhas que despedaçam a escrita de tal forma que o que devia ser tido como uno acaba por duplicar a existência de atos, medidas e contas. Há unhas que de tão belas e vistosas acabam por atrair olhares que se perdem ao fim do conhecimento intrínseco de quem as usa. Há unhas que são autênticos manequins ambulantes e que, ao serem confrontadas com a rudeza da vida, acabam por estalar o verniz.
Mas que falem as manicures, as pédicures e outras “cures” da escrita rasgada pelos timbales do desassossego. O que fazer da minha escrita desobrigada?! Talvez deixá-la voar por aí ao encontro de outras tantas linhas eruditas que, no meu fraco entender, pecam por oclusão, tal como alguns dos meus artigos prosaicos. A rima, quando me bateu à porta do cérebro, veio trazer-me o balsamo para a alma inquieta, sofrida e ressuscitada para o caderno das emoções.
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