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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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Cantoria virtual entre "Mintoco" e "Azoriana"

15.05.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Após vir à tona o meu artigo, intitulado – Ó Senhora da Boa Hora – Santo Amaro – Velas – São Jorge, de 10 de maio de 2012, e como já vem sendo habitual, António Oliveira “Mintoco”, não se conteve e abeirando-se da viola e do violão imaginários, começou o que se pode chamar de cantoria virtual, que é nem mais nem menos do que umas quadras e umas sextilhas pelas linhas tecnológicas com exposição aos olhares do mundo cibernauta. Confesso que de início não pensei que durasse tanto.

 

De 11 a 15 de maio, geraram-se uma mão cheia de cantigas estendidas pelo mural dos comentários do blog. Assim, resolvi copiá-las e guardá-las, ordenada e sequencialmente, em forma de artigo para me dosear o efeito.

 

Espero que gostem tanto quanto eu deste improviso quase que a roçar o despique, tão comum nas cantorias ao desafio que vão ganhando novos adeptos e novos cantadores nesta ilha (e noutras) do arquipélago dos Açores.

 

Açores são uma coroa de ilhas beijadas pelo lindo mar atlântico que tanto pode estar com ares amistosos como com algum alvoroço. Ultimamente até tem levado com outras tonalidades por via das intempéries que grassam e levam a terra toda à sua frente, volta abaixo, sem dó nem piedade. São tempestades a que estamos sujeitos porque contra a força da natureza não há grande coisa a fazer e só Deus nos pode valer.

 

A seguir, deixo-vos com os cantares de “MINTOCO” e “AZORIANA”.

 

O começo. 2012-05-11

MINTOCO:

1

Se perguntasses a Maria
Qual seria a sua opinião
Que maneira é que ela queria
Que se desse a Deus devoção
Sei muito bem que ela diria
Adora a Deus e a mim não

 

A imagem pode ser bonita
Mas a Deus ninguém conduz
Podes decorá-la com manto e fita
Não dá nem um raio de luz.

 

Quem tira muito proveito
São os fabricantes de imagens,
É um negócio que dá muito jeito
Enquanto houver festas e romagens.

 

Olhando para os seus pés
Posso ver três bonequinhos
Que dizem que lá nos céus
São chamados de anjinhos.

 

Eu sei que há um arcanjo
Querubins e Serafins
E que Deus formou um anjo
Que foi o pai dos nefilins.

 

Foi este anjo que um dia
Também quis ser adorado
Eu não acredito que Maria
Quisesse tomar o seu lado.

 

Maria era uma adoradora
Que adorava a Deus de coração
Por isso Deus a achou merecedora
De ter toda a sua aprovação.

 

Os dez mandamentos claros são
Quando se fala neste sentido
Que imagens na adoração
Por Deus não é permitido.

AZORIANA.

Caro cantador:

2

É livre de opinar
E não lhe tiro a razão:
Mas dá gosto em criar
Do fundo do coração.

 

Nossa Senhora é só uma
E foi a Mãe de Jesus
Não há mal em coisa alguma
Se Ela a todos seduz.

 

Porque a sua sedução
É feita de Amor puro
Nunca tem má intenção
E garante o futuro.

 

É Senhora feita Bela
Imagem pra contemplar,
Por isso gostamos dela
Ao ponto de lhe cantar.

 

Um canto feito na hora
Fruto da inspiração
Já vem dos tempos d'outrora
E reluz na afinação.

 

Deus a quis cheia de Graça
E a deu a conhecer
Tudo a que a gente Lhe faça
Para Ele também vai ser.

 

2ª VOLTA. 2012-05-12

 

MINTOCO: Para a Dona Rosa Silveira
Pela qual tenho admiração.

3

És uma grande cantadeira
Mas não entres em religião
Porque uma coisa verdadeira
Não mistura com a tradição.

 

Para se falar de religião
É preciso ter muito cuidado
É como não dar atenção
Andando num campo minado.

 

Não interessa a experiência
A cautela é sempre pouca
Mesmo com toda a inteligência
Há sempre quem diga que és louca.

 

Não te esqueças que no mundo
Não são todos da mesma fé
Há alguns que vão bem fundo
Para descobrir o que a verdade é.

 

Há quem não vai com palavras
Eles querem ver as provas
Aconselho-te que a boca não abras
Se não aceitas coisas novas.

 

Eu por mim tenho muito cuidado
Quando faço as minhas quadras
Por isso eu uso um livro inspirado
Que são as escrituras sagradas.

 

Este livro que nos foi dado
Por nosso pai que está no céu
Para o cristão ser guiado
E defender a sua fé.

 

Por isso quando falares de Deus
Ou de maria e dos anjos
Lembra-te que lá nos céus
É Deus quem faz os arranjos.

 

A última quadra que a Rosa fez
Na sua linda conclusão
Gostava que perguntasse a Deus
Se ele tem a mesma opinião.

 

Isaías quarenta e dois
Diz lá coisas engraçadas
Se leres o sete e oito depois
Falam de imagens entalhadas.

AZORIANA:

 

4

Se Deus escolheu Maria
P’ra ser a Mãe de Jesus
Com certeza não queria
Que lhe déssemos nova cruz.

 

Eu a cruz não lhe vou dar
Nem a si, caro Oliveira,
"Mintoco" está a cantar
Testando minha maneira.

 

Eu canto mesmo a escrever
E canto o que eu sinto
Mas se for para combater
Eu juro que lhe não minto.

 

Aprendi de pequenina
A amar Jesus e Maria
Todos com graça divina
E o mal ninguém queria.

 

Não cantemos opiniões,
Cada um toma a que quer
A respeito das religiões
Defenda como quiser.

 

Não se destrua a alegria
Porque alegria é vida
E com Deus por companhia
Feliz sou e mais divertida.

 

3ª VOLTA. 2012-05-13

 

MINTOCO. OLÁ DONA ROSA aí vai a resposta:

5

Deus escolheu a Maria
Para ser a mãe de Jesus
Porque ele muito bem sabia
Que o mundo precisava de luz.

 

Deus sabia muito bem
Que Jesus vinha para sofrer
Porque aqui não havia ninguém
Que por nós quisesse morrer.

 

E mesmo que houvesse alguém
Ele não se qualificava
Porque o valor que alguém tem
Nem a si mesmo comprava.

 

Por isso era necessário
Que uma criatura perfeita
Entrasse neste cenário
E pagasse a despesa feita.

 

Eu não te estou a testar
Porque isto são coisas sérias
Só que tu costumas cantar
Com quem tem as tuas ideias.

 

Isto é um campo diferente
Que não estás acostumada
Mas se andares sempre em frente
Vais achar a coisa engraçada.

 

Tu cantas mesmo a escrever
E eu a escrever também canto
Com cuidado para não te ofender
Mas não sou nenhum santo.

 

Amar Jesus e a Maria
Foi coisa que aprendeste
Mas não precisas usar idolatria
Se fazes isso já os ofendestes.

 

Numa coisa estou resolvido
É as coisas direitas por
E quando uma coisa faz sentido
Ninguém lhe tira o valor.

 

Um dos frutos do Espírito Santo
É o fruto chamado alegria
Que traz decoro e encanto
Quando usado na cantoria
Mas que muitos o usam tanto
Para exaltar a idolatria.

 

Eu tenho uma mensagem
Para vocês aí nos Acores
Mas ela será na linguagem
Que só conhecem os cantadores.

AZORIANA:

6

"Amar Jesus e a Maria
Foi coisa que aprendeste
Mas não precisas usar idolatria
Se fazes isso já os ofendestes"

 

Não quero ofender Jesus
Nem de propósito nem a brincar,
Cada um toma sua cruz
Para vir aqui cantar.

 

Pró "mintoco" me ofender
É se usar palavrões
Não fez nada pra eu morrer
Com as suas opiniões.

 

Se eu uso "idolatria"
Já muitos a mesma usaram
E se foi na cantoria
Foi porque então cantaram.

 

Se me atirar pedregulhos
Que eu não possa suportar
Atiçará meus barulhos
No teclado a cantar.

 

Mintoco não me faz mossa
Canta muito ao de leve
Talvez eu até nem possa
Ir contra ao que escreve
Se me quiser dar uma coça
A resposta não entra em greve.

 

Gosto destes desafios
Embora não os tenha usado
Assim vai-me dando fios
Para um canto engraçado
Se eu lhe causar arrepios
Pode vir a ficar calado.

 

Se eu o conseguir calar
Nesta cena de improviso
Sem resposta para me dar
Muito mais do que preciso
Fica então a encalhar
O que traz no seu juízo.

 

Se mandar aos cantadores
Uma mensagem serena
Irá encher os Açores
De lírios e uma açucena
Mas cuidado se são dissabores
Porque não valerá a pena.

 

4ª VOLTA. 2012-05-14

 

MINTOCO:

7

A dona Rosa é destemida
É uma mulher de coragem
Mesmo sabendo que esta perdida
Continua a sua viagem.

 

Costuma-se ouvir dizer
Que para a frente é o caminho
Mas sei que te vais perder
E eu vou ficar aqui sozinho.

 

Só uma coisa eu não sei
Porque respondes ao Mintoco
Uma profecia te mandei
E é a mim que tu dás o troco.

 

Eu não tenho culpa nenhuma
Daquilo que está escrito
A não ser que a responsabilidade assuma
E diga que é um mito.

 

Eu por mim não vou invalidar
A palavra do Criador
Só para acomodar
As ideias de um cantador.

 

Eu sei que pensas estar certa
Na tua resposta bem elaborada
Escreves de uma maneira que alerta
Mas ao mesmo tempo ficas calada.

 

Eu queria dar-te uma mensagem
Mas não quero ouvir o teu rogo
De joelhos diante de uma imagem
Para eu não arruinar o teu blogo.

 

Tu podes ficar descansada
Que isso eu não vou fazer
Mas a mensagem vai ser dada
Mas só no meu blogo a vais ver.

 

A resposta eu te estou a dar
E pela resposta à espera fico
Se tu me quiseres calar
É só dizer cala o bico
Mas se me deixares falar
O teu blogo fica mais rico.

 

Este blog da Dona Rosa
Tem muitas coisas diferentes
Porque muita pessoa famosa
Deixa aqui os seus presentes
E deste privilégio só goza
As pessoas que tu consentes.

AZORIANA:

8

Ah, Ah, Ah, deixa-me rir
Acha que estou perdida?!
Ó home inda está pra vir
Quem no canto me tire a vida.

 

Canta o velho e canta o novo
Todos têm o seu lugar
Se a cultura é do Povo
Venha o Povo aqui cantar.

 

Tem a lábia bem comprida
O Mintoco de outros ares,
Se me chama destemida
Continue nos seus pilares.

 

O pilar da Virgem Mãe
Não é mentira nenhuma
Porque todo o Altar tem
Bela Imagem em suma.

 

P’lo jeito que estou a ver
O Mintoco não se cala
Mas se for pra eu morrer
Só quando perder a fala.

 

E se de mim se fartar
Não fui eu que comecei
Há de ficar a suar
Pelo troco que aqui dei
Mas calar não vou calar
Nem que se faça uma lei.

 

Vaca mansa em erva brava
Resiste até ao fim
Até parece uma escrava
Pastando num bom jardim
Touro bravo na terra cava
Mas não resiste assim.

 

E as rosas, flores mimosas,
Parecem umas rainhas,
Com espinhos tenebrosas
Não lhe pousam andorinhas
No entanto são vistosas
E não se chamam daninhas.

 

Mintoco vou-lhe dizer
Com o respeito que merece
Se isto estiver a aquecer
Veja lá se arrefece
Pelo que estou a ver
Esta dupla não esmorece.

 

Se quiser dar o final
Estarei pronta também;
Se quiser um pedestal
No meu fica muito bem
Mas se for para fazer mal
Veja lá se se contém.

 

5ª VOLTA. 2012-05-15

 

FIM DESTA PRIMEIRA LADAINHA

O FINAL

MINTOCO:

9

O melhor está para vir
Tu sabes a música de cor
Mas olha que o último a rir
É aquele que ri melhor.

 

O teu blog é do povo
Mas estás a comandar
Porque quando há algo novo
Começas logo a atacar.

 

Há quem não veja o perigo
Gosta de se aventurar
E aqui a cantar contigo
Não sei onde isto vai parar.

 

Lá vens tu outra vez
Com a tua nossa senhora
Eu já te falei de Deus
Mas a resposta até agora.

 

Nós os dois aqui a cantar
A tua ideia não é a minha
Já vi que gostas de puxar
A brasa à tua sardinha.

 

Tu dizes que não me calo
Eu surpreso contigo fico
Se fico quieto e não falo
Tu dizes que não abro o bico.

 

Eu de ti não me farto
És uma excelente companheira
Mas tu foges como o lagarto
Para a abertura na pedreira
Mas quando eu te der o descarte
Vais chorar que nem uma carpideira.

 

Não nego que o teu cantar
Esta além do meu alcance
Mas se um de nós não parar
Isto vai dar um romance.

 

 

 continua

 

9 (continuação)

 

Vou falar com teu marido
Com esse homem afortunado
Vou-lhe fazer um pedido
Para estar do meu lado
Para ele ralhar contigo
E então vou ficar calado.

 

Tu pensas que eu não sei
Que me queres ver arranhado
Mas tantas vezes me arranhei
Que já fiquei muito calejado
Mas desta vez me piquei
E está a doer um bocado.

 

Mas para apanhar uma rosa
Não importa que rosa seja
Para a picada não ser dolorosa
Usa-se uma bandeja
E se ela é linda e formosa
Cuidado que ninguém a veja.

 

Para Dona Rosa vai um abraço
Para seu marido e filhos também
Desculpem as quadras que faço
Espero não ofender a ninguém
E desejo ver rosas no regaço
De todos por este mundo além.

 

FIM

AZORIANA:

10

Linda sextilha final
Deixaste no meu regaço
Cantar é intemporal
E melhor até nem faço
Vai pró Mintoco excecional
Um beijinho e um abraço.

 

Agradeço ter estado
Nesta humilde residência
Se melhor não foi cantado
Haja santa paciência
Nada disto foi calculado
Foi legado da Providência.

 

Adeus até novo dia
Com cantigas a preceito
E na sua companhia
Cantei a torto e direito
Com a sua ousadia
Picou-me e fez efeito.

 

O meu marido e filhos
Não se prendem com cantares
Nem leem estes sarilhos
Que içámos nestes ares
Cada qual segue os seus trilhos
Bem fora destes lugares.

 

Deus nos dê inspiração
P’ra cantarmos outra vez
Chamaremos a atenção
A qualquer um de vocês
Com rimas do coração
Por Maria neste mês.

 

Adeus povo em geral
Adeus Mintoco, bom amigo
Fizemos um festival
Não corremos nenhum perigo
Nosso escrito no mural
Passará para um artigo.

 

FIM