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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1010)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 novembro 2023 in "Kanal Açor"

4. Entrevista a 9 março 2025 in "VITEC", por Célia Machado

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TOBIAS, o gato fiel

13.07.12 | Rosa Silva ("Azoriana")



Apego

 

Apegamo-nos às coisas, aos seres, aos animais, não propriamente por esta ordem, pese embora não termos nada de nosso, mas quando perdemos as coisas, os seres e os animais (sobretudo os que estimamos) é que damos pelo sentimento que estava adjacente a cada um deles.

 

As coisas deterioram-se ou são conduzidas por uma data de validade; os seres nascem, crescem, fazem por cumprir sua missão e partem; os animais ditos irracionais dão-nos, muitas vezes, lições de vida.

 

Este introito serve apenas para me situar na escrita e no objetivo a que me propus escrever: lição de vida. Tive-a há bem pouco tempo.

 

Lição de vida

 

Num passado recente não era fã de animais apelidados de estimação. Via-os e não me apetecia tratar-lhes do pelo ou trazê-los encostados a mim. Até chegava, muitas das vezes, a afastá-los com alguma veemência.

Foi mais propriamente depois de ser mãe de três filhos, legítimos de um casamento interrompido, que me dei conta do quanto pudemos estimar um animal de pelo, seja gato ou cão.

O motivo de ter uma cadela e um cão teve também a ver com a proteção do reduto doméstico. O(s) gato(s) que já povoaram os meus/nossos aposentos foram mimados e tratados como se de humanos se tratassem, fazendo com que vozes, miados e latidos conseguissem unânime entendimento.

De 10 para 11 de julho p.p. (de terça para quarta-feira) guardei a maior das lições: a fidelidade e o amor entre seres e animais.

 

A morte

 

No chão da morte, o meu gato Tobias, que foi vítima de atropelamento num ápice e sem que se soubesse quem fora a autoria de semelhante crueldade, olhava para mim, após ser transportado para a cozinha, e como que num ato solene de pedido de desculpas, despedia-se com um miar diferente. Coitadinho do meu gatinho… Coitadinho… As minhas lágrimas e pranto foram a resposta àquele último adeus… Jamais pensei ter de assistir, novamente, a uma despedida triste como esta: Ver partir finitamente o que me deu alegrias, provas de amizade e fidelidade ao ponto de conhecer todos os meus passos e corresponder aos meus apelos.

Tudo e qualquer coisa, ser ou animal que tenha a nossa estima ao partir deixa-nos envoltos em “esses” (leia-se é-sses): Saudade e Solidão. Só o Amor (= estima) permanece na lembrança do que de melhor se passou na convivência.

Só agora é que consegui desembrulhar as palavras que estavam necessitadas de sair do meu interior para a visão mundana, para vos confirmar que só o Amor sobrevive às tormentas repentinas.

Rosa Silva (“Azoriana”)