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Açoriana - Azoriana - terceirense das rimas

Os escritos são laços que nos unem, na simplicidade do sonho... São momentos! - Rosa Silva (Azoriana). Criado a 09/04/2004. Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. A curiosidade aliada à necessidade criou o 1

Criações de Rosa Silva e outrem; listagem de títulos

Em Criações de Rosa Silva e outrem
Histórico de listagem de títulos,
de sonetos/sonetilhos
(total de 1006)

Motivo para escrever:
Rimas são o meu solar
Com a bela estrela guia,
Minha onda a navegar
E parar eu não queria
O dia que as deixar
(Ninguém foge a esse dia)
Farão pois o meu lugar
Minha paz, minha alegria.
Rosa Silva ("Azoriana")
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Com os melhores agradecimentos pelas:
1. Entrevista a 2 de abril in "Kanal ilha 3"

2. Entrevista a 5 de dezembro in "Kanal das Doze"

3. Entrevista a 18 de novembro 2023 in "Kanal Açor"

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Com mil agradecimentos transcrevo o texto de José Fonseca de Sousa

31.08.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Na última vez (agosto de 2012) que me desloquei aos Açores, mais concretamente à Ilha Terceira, tive o prazer de conhecer pessoalmente, porque em boa verdade já as “conhecia” através de contatos telefónicos e comunicação eletrónica, 2 pessoas açorianas de quem tenho a obrigação moral de revelar as suas virtudes que as fazem credoras da minha mais profunda admiração.


* Comendador Luís Bretão, um Senhor no mais elevado patamar que esta palavra possa atingir, Homem de grande generosidade, solidário, e um embaixador incontestável da cultura popular açoriana. Recebeu a mim e à minha família em sua casa com uma lição de bem receber que ficará para sempre gravada na minha memória.

São seres como este senhor que engrandecem e dignificam os Açores.


* Rosa Maria Silva (Azoriana), uma poetisa de grande valor, uma lutadora que através dos seus poemas tem tido uma grande atividade no exercício da cidadania, de grande acuidade interventiva na vida social da sua Ilha (Terceira), na divulgação ao mundo das virtudes da sua terra natal a Serreta, basta ler o seu livro “ Serreta na intimidade” e consultar o seu Blogue Rosa Silva (Azoriana).

Recebeu-me igualmente com uma simpatia que é difícil esquecer e proporcionou a mim e à minha esposa uma noite de convívio no Ti Choa que ficará nos anais das minhas boas recordações.

Esta senhora tem todos os predicados para ser uma mais-valia para os Açores e particularmente para o povo terceirense, assim ela continue, sem desânimos, com a sua obra literária, porque a cultura popular açoriana o merece.


Lisboa, 31 de agosto de 2012

José Fonseca de Sousa

Lisboa

O stresse puxa a morte

31.08.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Em tempos idos, eu conseguia lidar com o stresse com uma paciência incrível. Nos dias que correm como lebres (ou outro bicho mais corredor ainda) [Ou será a gente que corre mais numa loucura que até mete dó?!] sinto que o stresse entra e poisa, atormenta-me e anda a querer puxar-me para a morte. É verdade! Ainda há pouco tempo senti como que um arranhar na zona peitoral e pus-me à espreita de sentir mais qualquer coisa mas o arranhão converteu-se ao silêncio.


Porque vejo por todo o lado uma correria, uma loucura, um querer e não puder, um combater o adversário com unhas, dentes e paleio quanto queira, uns lambendo o doce e outros comendo pão com bolor, uns de salto alto e outros de sabrinas, uns de gravata e outros descalços vão para a fonte que lhes dê água pela barba… Enfim, isto tudo anda a stressar-me q.b.

De uma coisa estou consciente: Se o tal de stresse me puxar para a morte ASSUMO que tudo fiz a bem da nossa Região Autónoma dos Açores no que concerne à dedicação, empenho e trabalho produzido com os recursos pessoais e profissionais que estão ao meu dispor.

Quanto à realização pessoal e privada tem ondas e marés mas a fé tem-me ajudado a ter a esperança que dias melhores podem vir se todos continuarmos a abusar do brio e do zelo.

Depois deste solarengo apontamento escrito lembrei-me que tenho que ir à farmácia e ao correio por motivos pessoais que vão sendo adiados por causa de outros que não devo adiar. É sempre assim, o meu fica sempre para a última :)

Finalizo com uma quadra com outro tipo de stresse, mas com esse posso bem:

Confesso que tenho uma pena
E juro que tal não é pequena;
Anda-me ao redor a sondar
Em outubro em quem votar?!

Rosa Silva (“Azoriana”)

Só com AMOR se conquista

30.08.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Bom dia!

Nem sei como começar a romaria das letras que particularmente hoje estão sentadas na valeta como que à espera de ganhar forças para continuar o percurso de uma folha feita circuito eletrónico, se é que assim se pode chamar a este rosário de escritos que até podem cativar alguns olhares assíduos. Pelo menos um ou dois já soube que cativam. Gosto e agradeço na expetativa de nunca os defraudar.

Mas continuo sem saber como continuar o que nem comecei. [Pausa pensante]

Talvez uma história daquelas que se contam para crianças surta efeito na falta de horas dormidas. Salto a parte do “Era uma vez”… Alguém que nasceu no seio de um casal que não disfrutou do termo tempo suficiente para se lhe pôr virgula no sítio certo. [Nunca aprendi bem a lição das virgulas. Quem quiser que anote o lugar delas]. Esta noite não dormi a pensar nas vidas de tanta gente inclusive da minha que agora acolhe de braços abertos alguém que já sinto pertencer ao meu círculo familiar.

As horas não dormidas fizeram-me fazer uma viagem pelas entranhas da terra até ao ponto de não conseguir escavar mais. Tudo à nossa volta é bruma, água salgada, terra com cheiro a relva acabada de cortar, perfume da carne temperada no alguidar de barro, o peixe fresco trazido pelo marinheiro que não prega olho para nos fornecer o diamante do mar… E tanta mas tanta coisa mais… Inclusive a saudação matinal dos animais que nos protegem o sono.

Todos os dias que saio à rua pela primeira vez a Leoa e o Patinhas [cadela e cão respetivamente] oferecem-me a saudação matinal. À tarde no retorno ao lar é o mesmo ritual. Nem sempre aprecio o cumprimento da tarde porque o cansaço mental toma conta de mim e corro para o traje leve da noite.

Hoje esse cansaço acordou também comigo porque pensei muito em horas impróprias. Outrora fiz uma quadra entre outras que continua e continuará válida no sentido que tem:

 

Nunca se sabe o futuro
Sem passar pelo presente
O passado é o apuro
Do que nos sobra p'la frente.

(…) In http://silvarosamaria.blogs.sapo.pt/543151.html

E digo mais:

Já passei pelo passado
A sonhar com o futuro;
Vejo-me agora num estado
Que está sempre em apuro.

Na caminhada da vida
Surge a cena imprevista
Encontrar uma saída
Só com AMOR se conquista.

30.agosto.2012

Rosa Silva (“Azoriana”)

Sobre as homenagens

29.08.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Transcrevo na íntegra o email recebido do amigo José Fonseca de Sousa, porque acho que deve chegar ao conhecimento público:

Tendo por causa próxima a homenagem póstuma feita ao poeta/cantador “Caneta”, no Raminho, por ocasião do lançamento do Livro “Caneta em tinta permanente na poesia popular” do autor Álamo Oliveira, levou-me a levantar uma questão que considero pertinente que é a altura em que as Homenagens são realizadas.

Quem realiza uma obra meritória, seja em que campo for, é legítimo que tenha o prazer de ser reconhecido por tal feito.

Assim quando as homenagens são póstumas elas são sempre dramáticas, pois o visado não “está”, não “vê”, não “ouve”, e por isso fica impossibilitado de se poder “sentir reconpensado”, porque essa ideia de que “esteja ele onde estiver nos está a escutar”, convenhamos que não é suficientemente crível.

Deste modo lembrei-me de uma possível e merecida homenagem que poetas/cantadores possam vir a fazer ao Comendador Luís Bretão, aliás já preconizada por José Eliseu, num Pézinho, pela obra que ele tem realizado em prol da cultura popular açoriana.

Deve ser feita em vida (embora ainda se tenham muitos anos de margem), para ele poder sentir in-loco, o sabor das suas vitórias na divulgação da cultura popular açoriana.

E assim peço aos possíveis promotores para me convidarem, pois de modo nenhum, se puder e “ainda cá estiver”, queria perder um tão solene ato de cultura.


Lisboa, 26 de agosto de 2012

José Fonseca de Sousa

____________________

A propósito deste bem notado lembrete aproveito para também afirmar que sou adepta desta ideia, que aliás já foi pensada e ainda não efetivada, e que gostaria de estar junto dos cantadores (e cantadeira) para soltar o improviso na hora da merecida homenagem. Temos vindo a cantar no dia do Pezinho na Casa de Luís Bretão mas temo que essa efeméride tenda a pertencer a um passado recente. Oxalá que não. Que o amigo Luís Bretão, bem como os familiares, entendam que parar é tirar um pedacinho da emoção que nos dá força para viver. A nossa cultura vive e viverá no que se partilha na ilha, que fervilha na alegria de cantares e melodias.

Rosa Silva (“Azoriana”)

Lágrimas do Céu

29.08.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

29 de agosto de 2012. Acorda-se com a maquiavelice de um gato novinho que pula e mordisca pernas e braços que estejam expostos às suas “carícias” madrugadoras. Depois abre-se a cortina para um céu de lágrimas frias que, quando nos toca os braços, parecem mais cortantes que os dentes finos do gato novinho. Aconchega-se a roupa à pele e entra-se no modo condutor. Ponho-me, então, a pensar durante os parcos minutos que intervalam uma moradia permanente e um local de produção numérica: Hoje até o céu devolve as lágrimas tristes (de quem está triste) para se construir, na terra, as Lágrimas do Céu

 

Lágrimas do Céu

 

Anda um pobre encharcado
Daquilo que já nem tem;
Anda o sonho derrubado
Pela falta do vintém.

 

Anda o clero e a nobreza,
Anda o povo lado-a-lado,
Todos abraçam a tristeza
De um céu acinzentado.

 

Há o adeus do Povo ilhéu
A um Bispo que foi emérito
De um sorriso circunscrito.

 

E as «Lágrimas do Céu»
Fustigam odes de preito
Com sinos tocando a eito.

 

Rosa Silva (“Azoriana”)

Pelos que passam na... Serreta dos meus encantos!

29.08.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

SERRETA DOS MEUS ENCANTOS

 

Um padre [x] de outra idade
Fez na Canada das Vinhas
Ninho da solenidade
Por entre as ervas daninhas.

Tricinquentenário fez
A subida a freguesia;
Logo no primeiro [*] mês
Do Curato então saía.

 

Mais antiga do torrão
É também a Filarmónica [f]
Que enfeita a Procissão
Numa alegria harmónica.

Santa Mãe de porta aberta,
Para o povo peregrino;
Sua Graça nos desperta,
O amor pelo Divino.

 

No sopé do Santuário
Há fé, encanto e luz;
Junto ao divino Sacrário [s]
Reina a Flor de Jesus.

Destinada para amar
Maria, a Mãe amada
Quando volta ao Altar
É, por todos, aclamada. [h]

 

Pelo caminho que passa
Abençoa todo o Povo
Quando dá a volta à Praça [+]
Seu rosto brilha de novo.

Vai nossa Banda tocando
Melodias de outrora…
A natureza vibrando
Com gente que vem de fora. [e]

 

Mata em brisa matinal
Num oásis de chilreios
É um dom celestial
Que alegra nossos passeios.

No mirante a Estalagem [++],
Lá no alto a Lagoinha
E p’ra quem vem de passagem
O Altar da Mãe Rainha.

 

Importa ainda louvar
O povo da freguesia
Quem foi e quem quis ficar
Nos retalhos de cada dia.

Àqueles que já partiram
Deixando eterna saudade, [p]
Certamente conseguiram
Ver a Mãe da eternidade.

 

 

2012/08/29
Rosa Silva (“Azoriana”)

Anotações:
[x] Isidro Fagundes Machado nasceu na freguesia de Santa Bárbara em 1651 e morreu em 1701 na Serreta, junto da imagem da virgem e da pequena capela que erigiu na sequência do seu eremitério
[*] 01/01/1862
[f] Fundada em 4 de dezembro de 1873. Conta nesta data com 138 anos.
[s] Há alguns anos a esta parte que se vê florir um autêntico Jardim da Senhora junto ao Altar-mor o que é de louvar e bendizer. As flores e os cantares dão alegria aos ares.
[+] Praça da tourada tradicional da segunda-feira da Serreta que é habitual ter tolerância de ponto para toda a ilha Terceira.
[h] Todas as vozes, letras e melodias são o melhor Hino à Virgem, com o novo Hino com letra de Álamo Oliveira e música de Antero Ávila.
[e] São os emigrantes que voltam num abraço apertado e um sorriso esbugalhado de emoção, são os residentes doutras freguesias mas com naturalidade legítima da Serreta e são todos os que podem ir da ilha ou fora dela.
[++] A linda Estalagem da Serreta está em completa ruína. Foi um monumento emblemático para a zona e uma atração turística ao longo de muitos anos. Hoje é propriedade privada à espera de uma obra renovadora total.
[p] Julgo que para a Festa da Senhora dos Milagres não há luto na parte religiosa. Eventualmente poderá haver alguma timidez na parte profana mas tudo isso depende do critério pessoal. Estamos a festejar aquela que intercede junto de Deus pela nossa salvação. As lágrimas também são uma oração quando não se consegue orar por palavras, canto ou silêncio meditativo.

A minha forma de orar é a rima abraçar por quem me quis doar.

Por quem os sinos dobram...

28.08.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Fiz uma pesquisa usando a expressão “Por quem os sinos dobram”, pois a mesma assomou à minha mente, sem saber se é título de livro, filme ou outro cenário qualquer. A resposta veio dizer-me que é um romance de 1940 do escritor norte-americano Ernest Hemingway, que narra a história de Robert Jordan, um jovem norte-americano das Brigadas Internacionais. Professor de espanhol que se tornou conhecedor do uso de explosivos, Jordan recebe a missão de explodir uma ponte por ocasião de um ataque simultâneo à cidade de Segóvia.

Quando me veio à mente aquela expressão não foi propriamente por conhecer este livro, mas porque ouvi dizer que amanhã, quarta-feira, os sinos todos dobrarão pelas 15 horas em uníssono por uma morte diferente na Região, tratando-se de alguém do clero e com um nível acima dos demais. Não vou fazer qualquer comentário a respeito do falecido mas sim a propósito dos sinos.

Um sino dobra sempre de duas maneiras principais: pela chegada e pela partida. A chegada é alegre... A partida causa dor no ser humano e uivos nos animais domésticos que parecem querer juntar-se à dor humana. Por outro lado, quando os sinos dobram em conjunto e assertivamente julgo ser o melhor Hino que se pode levar até à descida à campa fria… Acho que deviam declarar luto regional para todos pudermos acompanhar este funeral único.

Enquanto que hoje há um sino que vai dobrar a solo por alguém que muita gente (eu inclusive) estimava, tenho cá para mim que mesmo a solo vai causar mais consternação a filhos, viúvo, netos, amigos e conhecidos. Não vou citar nomes mas devia. É que esta senhora foi durante anos uma voz audível no grupo coral do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, foi uma mãe e educadora exemplar e tinha sempre uma amabilidade para quem dirigia ou recebia a sua palavra. Nestas horas queria eu que os sinos todos dobrassem e a acompanhassem ao Pai. Todos, afinal, merecem os hinos finais numa despedida custosa e que deixa marcas para o resto de tantas vidas que, um dia, na certa irão encontrar-se de novo…

Tal pena nunca acertarmos com as homenagens em vida para a maioria dos seres viventes. É pena. Mas, no meu íntimo, sei que esta senhora serretense receberá a homenagem devida no encontro com o Pai.

28 de agosto de 2012, num dia triste por dentro e por fora…

À madrinha Maria Clara Costa, cantadeira do Raminho

26.08.12 | Rosa Silva ("Azoriana")

Maria Clara, tem um bom dia,
Meu desejo nesta hora
Em que a tua freguesia
Tem a festa por agora.

Chama lá pela viola
Que cá chamo p'lo violão
E também chega a hora
De chamar a inspiração.

Digo-te, minha madrinha,
Quase há um ano te convidei,
E fico sempre sozinha
Contigo nunca mais cantei.

Sei que é preciso ética
Perante o nosso povo
Tu e eu juntas na América
Cantando para velho e novo.

Se não sabes eu te lembro
Se partilharem da ideia
2ª semana de setembro
Estou cativa à minha aldeia.

Tenho pena que este ano
Penso estares para fora
O peregrino açoriano
Todo quer vir sem demora.

«150 anos de História»
É motivo mais-que-perfeito
Para fixar na memória
Tudo o que por ela é feito.

É freguesia vizinha
Do teu lar de mais carinho
E onde mora a Rainha
Que é também mãe do Raminho.

Adeus ó minha querida,
Podias ser minha filha,
Deus te dê saúde e vida
No cantar que se partilha.

Mando um beijo e um abraço
Porque é assim que se gosta
A quem te teve no regaço
E a tua família Costa.

2012/08/26
Rosa Silva ("Azoriana")

P.S.
Enquanto faltou a luz
Na nossa ilha Terceira
A inspiração me reluz
Para a jovem cantadeira.

Maria tens nome belo
Nem sequer é cousa rara
Mas jamais será singelo
Ao lado dele tem a Clara.

Deu-te clara claridade
Nas cantigas ao feitio
Da nossa insularidade
De despique e desafio.

Quero contigo cantar
Seja lá aonde for
Nem que seja a brincar
Sem brincar com teu valor.

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